Ciclo do Prémio: Ciclo 2017-2019
Estado: Vencedor do prémio
País de origem: Federação Russa
Localização: Vários locais no Tartaristão, Federação Russa
Cliente: República do Tartaristão, Federação Russa - Natalia Fishman-Bekmambetova, curadora
Projeto: 2015-2022
Concluído: 2017-ongoing
O período soviético do Tartaristão, que começou na década de 1920, deu origem a muitas construções modernistas e a um planeamento hierárquico centralizado, com diversos locais urbanos parecidos. Muitas mesquitas e igrejas foram destruídas, deixando sem qualquer funcionalidade os seus espaços públicos associados. A era pós-soviética, desde a fundação da República do Tartaristão em 1992, trouxe uma liberdade de movimento e um êxodo das zonas rurais. Para além disso, o regresso à propriedade privada de bens de imobiliário permitiu a indivíduos e empresas ricas adquirem grandes extensões de terra, particularmente em zonas paisagísticas à beira de lagos e florestas, limitando assim as opções de lazer para a população da maioria dos países pós-soviéticos.
O ambicioso Programa de Desenvolvimento de Espaços Públicos procura combater esta tendência e oferecer uma qualidade de ambiente igual a todos os cidadãos tártaros, independentemente do tamanho dos povoados - para além de restabelecer a sensação de lugar único em cada um deles. Desde a sua criação, por parte do Presidente do Tartaristão, em 2015 e até ao final de 2018, este projeto já transformou 328 espaços em cada um dos 45 distritos municipais da República, incluindo 33 aldeias, 42 vilas e duas grandes cidades, abrangendo tanto cenários da era soviética como outros históricos mais antigos.
Existem dez tipos diferentes de projetos: corpos de água; lagos; barragens; praias; parques; jardins públicos; avenidas; praças; ruas; e passadiços. A maioria inclui infraestruturas para atividades culturais. A sinalização informativa, o mobiliário e as características ornamentais uniformizadas refletem os aspetos da cultura ou da história de cada local e são produzidos localmente segundo um alto padrão, incentivando as pequenas empresas. Os espaços são concebidos para serem aproveitados durante todo o ano, incluindo durante invernos escuros e fortes nevões, através de iluminação atraente e, por vezes, instalações para desportos de inverno. A queda de neve ofereceu um desafio adicional, tendo limitado a construção no período entre Maio e Novembro.
Alguns projetos são iniciados por membros da comunidade, outros pelo Estado. Em todos os casos, o processo de design e implementação é altamente participativo, baseado num forte envolvimento com os cidadãos locais e numa ampla consulta junto de economistas, antropólogos, dendrologistas e outros. Um gabinete de arquitetura iniciado pela curadora do Programa tornou-se um fator de atração para jovens talentos locais e nacionais, com muitos dos seus recrutados a criarem os seus próprios gabinetes para supervisionar um dos projetos maiores. As mudanças positivas observadas são de índole social, económica, cultural e ecológica, para além de física. O sucesso desta iniciativa levou à introdução em 2017 de um programa semelhante a nível federal.