Em África, durante a época de escassez entre colheitas, a comida é escassa e as pessoas veem-se perante situações de fome crónica e pobreza extrema. Os efeitos, incluindo o baixo peso dos recém-nascidos, uma certa debilitação cognitiva, desnutrição e atraso no crescimento podem levar a um risco maior de doenças infeciosas e, em alguns casos, à morte.
Desde 2005, mais de 80 000 pequenos produtores de arroz apoiados pela Fundação Aga Khan (AKF) em Madagáscar aumentaram em três vezes os seus rendimentos, ajudando as suas famílias a eliminar a temporada de fome.
Os nossos esforços em Madagáscar estão concentrados em três objetivos centrais: melhorar a segurança alimentar; ligar os mais carenciados aos mercados; e a proteção ambiental.
80 000
Mais de 80 000 pequenos agricultores de arroz aumentaram a sua produção desde 2005
Oferecemos apoio técnico e formação para melhorar a produção de arroz, ajudamos os produtores a relacionarem-se com os mercados e facilitamos o acesso das famílias a serviços financeiros básicos.
Nós apoiamos os grupos de poupança comunitária (GPC) que permitem às famílias de agricultores carenciados ter acesso rápido a mecanismos de poupança ou crédito, seja para pagar propinas escolares ou mão-de-obra para a plantação, seja para poder adiar a venda de colheitas para uma altura em que os preços estejam mais altos. Até ao momento, já formámos mais de 1760 grupos de poupança com mais de 34 280 membros (60% dos quais são mulheres).
Trabalhamos com mais de 1500 grupos comunitários, incluindo os GPC, para promover a igualdade de género e a inclusão económica. Os grupos permitem a transferência de conhecimentos, inclusive ao nível da água e saneamento, nutrição, desenvolvimento da primeira infância, gestão de recursos naturais e microsseguros de saúde.
Um programa-piloto que introduz o biogás como combustível alternativo para cozinhar. O biogás protege o ambiente por contornar a desflorestação e reduz o risco de doenças respiratórias nas famílias associadas à inalação de fumos. A Sra. Martinique foi escolhida para o programa-piloto por possuir cabeças de gado. Alimentá-los com bano grasse faz com que produzam muitos dejetos, que são depois transferidos para um biodigestor e aí fermentados, gerando biogás que vai pelos canos até à cozinha, abastecendo a panela de cozer arroz e o forno a gás fornecidos pelo programa-piloto. A Sra. Martinique disponibilizou os materiais (cimento, etc.) para construir o biodigestor, e a AKF ensinou-a a construí-lo.
AKDN / Lucas Cuervo Moura
Ainda que uma maior produtividade de arroz tenha ajudado as comunidades rurais a serem mais autossuficientes em relação à alimentação, a maioria das famílias de agricultores não possui nenhuma atividade geradora de rendimentos durante quase metade do ano, uma vez que a época do arroz vai apenas de Novembro a Abril. Uma dieta composta principalmente de arroz não fornece uma nutrição convenientes para um crescimento e saúde adequados. Nesse sentido, promovemos a diversificação das culturas e da pecuária para melhorar os rendimentos, a segurança alimentar e a nutrição.
Tendo começado na região noroeste de Sofia, as nossas atividades alargaram-se entretanto às regiões de Diana, Sava, Itasy e Analamanga. Por exemplo, apoiamos os produtores de cacau em Diana a melhorarem a qualidade das suas culturas e ajudamo-los a ter acesso aos mercados. Para além do cacau, estão a ser introduzidas outras culturas rentáveis, como a artemísia (usada em medicamentos contra a malária), de forma a aumentar os rendimentos dos agricultores.
Entre as novas culturas e pecuária estão incluídos os lacticínios, gado de pequeno porte, baunilha, cacau, café, especiarias, plantas medicinais e perfumes.
A nutrição também se tem vindo a tornar um tema importante, com a introdução da batata-doce e das chamadas “florestas comestíveis” (com bananeiras, jaqueiras e árvores-do-pão). Estas não só adicionam frutas e legumes nutritivos à base de arroz, como também melhoram a diversidade das colheitas e a qualidade do solo.
Os esforços para as melhorias a nível ambiental são complementados pela introdução de técnicas de agricultura de conservação destinadas a proteger o capital natural e a mitigar alguns dos efeitos de um clima em mudança, com Verões mais quentes e Invernos mais húmidos. Apoiamos a adoção de sistemas inovadores de cultivo de arroz (incluindo agroecologia, agrofloresta e integração de pecuária) que sejam holísticos, inclusivos em matéria de género, amigos do ambiente e inteligentes a nível climático, e que melhorem a situação nutricional, a diversidade alimentar e a inclusão económica.