Apesar de os progressos contínuos do Tajiquistão em matéria de redução da pobreza e do crescimento da sua economia, persistem ainda disparidades a nível regional e focos de extrema pobreza. Por ser um país pequeno e sem acesso ao mar e uma das nações do mundo mais dependentes do envio de remessas, o Tajiquistão está altamente vulnerável a choques externos. O recurso mais valioso do país - o seu capital humano - é subutilizado, com taxas de criação de empregos nacionais que não acompanham o ritmo de crescimento da população. A maioria das oportunidades está em atividades de baixa produtividade, geralmente no sector informal.
O Fundo Aga Khan para o Desenvolvimento Económico (AKFED) tem feito investimentos de longo prazo no Tajiquistão, como parte de uma campanha de estímulo ao investimento estrangeiro e de fortalecimento do papel do sector privado no país, construindo também infraestruturas fundamentais. A abordagem destaca o desenvolvimento de recursos humanos locais ao longo do tempo, incluindo as competências técnicas, de gestão, de marketing e financeiras.
Os investimentos atuais do AKFED no Tajiquistão são nos sectores da energia, telecomunicações e turismo. As empresas do projeto incluem a PamirEnergy, a Tcell e os Hotéis Serena.
A Fundação Aga Khan (AKF) trabalha com empreendedores, jovens e empregadores e pequenas empresas, oferecendo oportunidades de formação de competências, investimento, serviços e infraestruturas, e apoiando grupos comunitários de poupança.
96%
A Pamir Energy fornece energia a cerca de 96% da população de Gorno-Badakhshan, com subsídios para os mais pobres.
A Pamir Energy implementou mais de 30 projetos, incluindo a reabilitação integral de 11 centrais hidroelétricas, com um total de pouco mais de 44 MW em capacidade de produção. O seu sucesso demonstra que as centrais hidroelétricas de pequena escala podem fornecer eletricidade fiável, limpa e acessível, 24 horas por dia e a longo prazo.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
Em conjunto com os nossos parceiros, lançámos a Indigo Tajikistan (atualmente Tcell) em 2002. Hoje em dia, a Tcell é a maior operadora móvel no Tajiquistão, com 38% do mercado total. A Tcell fornece cobertura a mais de 90% da população do país e tem estabelecido padrões elevados para as empresas de telecomunicações tajiques nas práticas de atendimento ao cliente e negócios corporativos.
Gerimos um Serena Inn em Khorog e o Dushanbe Serena Hotel, um hotel de cinco estrelas com mais de 100 quartos, que abriu as portas em 2011. Estes ajudam o Tajiquistão a tornar-se um destino mais viável, acabando, em última análise, por contribuir para o desenvolvimento económico e para a melhoria dos meios de subsistência.
A central hidroelétrica da Pamir Energy em Murghab - uma nova central que entrou em funcionamento em 2018 para servir as comunidades remotas que vivem em Murghab e nas áreas circundantes.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
Após o colapso da União Soviética em 1991 e uma guerra civil de cinco anos, as infraestruturas elétricas do Tajiquistão precisavam de um forte investimento. Entre as áreas mais afetadas estava Gorno-Badakhshan. O desenvolvimento económico e humano ficava congelado durante os meses frios de inverno, como resultado da falta de eletricidade para o aquecimento e o consequente encerramento de escolas, centros de saúde e empresas.
Boa parte dos 227 mil habitantes da região recorreu à madeira como combustível para aquecer as casas e cozinhar durante o inverno, resultando na perda de 70% das florestas da região numa década e a um aumento acentuado de problemas respiratórios devido à inalação de fumos. Em parceria com a Corporação Financeira Internacional, o AKFED formou a empresa Pamir Energy em 2002 para procurar solucionar a situação.
Ao abrigo de um acordo de parceria público-privada assinado com o Governo do Tajiquistão, a empresa gere o funcionamento de todas as instalações de produção, transmissão e distribuição na região por um período de concessão de 25 anos. A Pamir Energy investiu mais de 200 milhões de dólares desde 2002 na recuperação das infraestruturas elétricas, na expansão da capacidade hidroelétrica e solar e na criação de um sistema de medição na região.
A energia renovável produzida pelas centrais da Pamir Energy diminuiu a necessidade de queimar árvores ou usar geradores a gasóleo altamente poluentes. Cerca de 96% da população de Gorno-Badakhshan passou a ter acesso à eletricidade. Os descontos nas tarifas concedidos às famílias mais pobres permitem-lhes ter acesso à energia durante o inverno.
A Pamir Energy transmite o excedente de energia do leste do Tajiquistão para o norte do Afeganistão, permitindo que cinco por cento da província de Badakhshan do Afeganistão (cerca de 50 000 pessoas e mais de 200 entidades governamentais e comerciais) tenham acesso a eletricidade pela primeira vez.
Também continua a ser uma fonte de subsistência e de desenvolvimento de competências, oferecendo oportunidades de emprego a mais de 750 moradores locais e 300-400 contratos de duração anual. Em 2017, a Pamir Energy foi distinguida com o Prémio Ashden, um prestigiado prémio internacional, pela excelência ao nível da energia sustentável, particularmente na área da eletrificação rural.
A empresa Tcell cobre hoje mais de 90% da população do país, o que permitiu ao país ter um impulso económico e social, especialmente nas áreas rurais.
Tcell
No final da década de 1990, o serviço de telecomunicações móveis no Tajiquistão foi concedido a uma única empresa. O serviço estava limitado às principais áreas urbanas, os aparelhos e os serviços eram caros (mil dólares por um telemóvel). O sistema nacional de telefones fixos oferecia serviços de voz de baixa qualidade e chamadas de longa distância limitadas.
Em 2001, o AKFED estabeleceu uma parceria com a MCT para lançar a empresa de telecomunicações móveis Indigo Tajikistan. A empresa é hoje designada Tcell e tem mais de três milhões de assinantes. A participação da MCT na Indigo e na Somoncom foi adquirida pela Telia, uma das maiores operadoras de telecomunicações móveis na Europa e na Ásia Central.
Através de investimentos como a Tcell, o AKFED visa criar mais oportunidades de emprego em segmentos mais qualificados da economia do Tajiquistão e desenvolver as competências locais ao nível da gestão. Todos os funcionários da Tcell - mais de 500 - são moradores locais. Em linha com a filosofia do AKFED, a Tcell também procura acolher, em vez de desencorajar, empresas concorrentes no mercado dos serviços móveis no país e expandir a cobertura de telecomunicações até às áreas rurais do Tajiquistão, mesmo que essa expansão não seja lucrativa no curto prazo.
A Tcell foi a primeira operadora de telecomunicações móveis no Tajiquistão a oferecer cobertura nas regiões montanhosas remotas do país e a primeira na Ásia Central a lançar as redes 3G, 4G e, posteriormente, 5G. A empresa cobre atualmente mais de 90% da população do Tajiquistão, dando um impulso económico especialmente nas áreas rurais.
A Tcell também foi pioneira no lançamento da sua aplicação, permitindo aos seus utilizadores comunicarem gratuitamente com assinantes na Rússia, onde existe uma grande comunidade migrante de trabalhadores. A sua nova plataforma de comunicação irá permitir que outros programadores de serviços tirem proveito das novas oportunidades.
A Tcell está a trabalhar ativamente para desenvolver a economia digital, com projetos que incluem:
A Tcell possui as certificações ISO 9001-2015, ISO 45001 -2018 e ISO 14001 -2015. A empresa foi reconhecida pelo governo como o melhor contribuinte durante três anos consecutivos e está comprometida em melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os seus projetos sociais desenvolvem a educação, estilos de vida saudáveis e o empreendedorismo social, e ajudam as populações em situações difíceis.
Paisagem de Bulunkul.
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Os Serviços de Promoção Turística (SPT) são uma filial do AKFED que procuram desenvolver o potencial turístico de áreas carenciadas como o Tajiquistão. Os SPT apoiam o ambiente natural e a cultura da população local. Gerem um hotel em Dushanbe e uma pousada em Khorog.
A AKF contribui para a construção do ecossistema turístico do Tajiquistão, apoiando a Associação de Turismo Ecocultural das Pamir (PECTA) na capacitação dos prestadores de serviços com o intuito de oferecer serviços de qualidade aos turistas e promover o Tajiquistão como destino de escolha nos mercados estrangeiros. A promoção da PECTA ao nível do Conselho Consultivo para a Melhoria do Clima de Investimento da Presidência do Tajiquistão contribuiu para a aprovação de vistos turísticos de entradas múltiplas após longas negociações e consultas com o governo nacional.
Com a mediação da PECTA, as Montanhas Pamir foram reconhecidas como Destinos Verdes na cerimónia anual do Prémio 100 Melhores Destinos Sustentáveis. Como reconhecimento pelos seus esforços no sentido de um turismo responsável e de um apelo diferenciador, as Montanhas Pamir ficaram em terceiro lugar na categoria de “Melhor da Ásia-Pacífico” entre os principais destinos. As Montanhas Pamir foram incluídas quatro vezes na lista dos 100 Destinos de Turismo Verde e duas vezes na lista do “Melhor da Ásia-Pacífico”. Os esforços e contribuições da PECTA para o desenvolvimento e promoção do turismo deram uma grande contribuição para a conquista de um prémio tão ilustre e para a expansão do turismo sustentável na região.
Em Khorog, no Tajiquistão, Nigina Vatanbekova (terceira a contar da esquerda) é dona de uma farmácia, que vende mais de 20 tipos de ervas medicinais produzidas pela sua empresa. Nigina usou o investimento da Accelerate Prosperity para comprar o equipamento necessário para o seu negócio - o que já lhe permitiu empregar 16 pessoas.
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As intervenções no desenvolvimento da cadeia de valor da AKF diversificam a atividade económica e aumentam a produtividade e a integração no mercado de milhares de pequenos produtores e empresas. A Fundação inclui a iniciativa da AKDN Accelerate Prosperity para oferecer conhecimentos técnicos, soluções criativas de financiamento e ligações ao mercado. Isso promove o empreendedorismo, principalmente entre as mulheres e os jovens, e o crescimento de empresas emergentes e numa fase inicial.
As oportunidades para os futuros empreendedores são expandidas através de vínculos com o programa de empreendedorismo da Escola de Educação Profissional e Continuada da Universidade da Ásia Central (SPCE). Esta faz a ponte entre os licenciados e os mentores e promove o acesso a capital de investimento. Ao mesmo tempo, a construção de infraestruturas transfronteiriças, como pontes, estradas e mercados, tem fornecido uma base para o intercâmbio e a cooperação transfronteiriça de longo prazo com o Afeganistão, desbloqueando o potencial económico das zonas fronteiriças entre o Afeganistão e o Tajiquistão.
As intervenções educacionais junto dos jovens entre os 15 e os 18 anos são realizadas através das escolas. O desenvolvimento de competências de empreendedorismo incentiva o trabalho por conta própria e cria novas oportunidades de emprego. Foram criados mais de 13 000 empregos sazonais e permanentes através de um reforço ao nível das oportunidades económicas e dos investimentos no mercado de trabalho no Tajiquistão.
A AKF também desenvolve alianças entre empregadores com vista à promoção do recrutamento de jovens, à formação liderada pelos empregadores, estágios, e estratégias de retenção e avanço na carreira.
A agência de Murghab do The First Microfinance Bank do Tajiquistão (FMFB-T).
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Fundado em 2003, o FMFB-T foi o primeiro banco comercial do Tajiquistão focado principalmente em empréstimos de microcrédito. Partindo da sua base sólida no sector do microfinanciamento, o banco tem expandido os seus serviços para melhor responder às diversas necessidades financeiras das populações e das empresas. Possui uma rede com mais de 40 agências.
O banco foi originalmente criado para consolidar as operações de todas as instituições de microfinanciamento anteriores geridas por outras agências da AKDN no país, como a Instituição de Apoio às Empresas e o programa de crédito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento das Sociedades de Montanha.
Um Grupo Comunitário de Poupança apoiado pela AKF através do programa de Financiamento para o Desenvolvimento de Área com Múltiplas Contribuições do Tajiquistão (ESCoMIAD), com financiamento da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
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A AKF reforça as capacidades das comunidades através de grupos comunitários de poupança. Estes têm uma enorme procura, principalmente por parte das mulheres e dos jovens, enquanto plataformas seguras e convenientes para poupar de forma regular para situações de emergência e de investimento.
Estes são complementados pelo apoio da Rushdi Kuhiston, uma organização de microempréstimos de propriedade comunitária. A Rushdi Kuhiston disponibiliza financiamento para investimentos em agricultura, empresas não-agrícolas, consumo e empresas startup aos mutuários de zonas rurais e remotas do Oblast Autónomo de Gorno-Badakhshan (GBAO), na região de Khatlon e no Vale do Rasht, onde o capital de empréstimos comerciais não está disponível e onde os investimentos são demasiado altos para os grupos de poupança. Desde 2016, já foram concedidos mais de 46 milhões de somones tajiques (3,8 milhões de euros) através de empréstimos de microfinanciamento a mais de 7000 clientes, incluindo mais de 2000 mulheres e 2500 jovens.
Ponte transfronteiriça de Shurabad, Tajiquistão.
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As melhorias nos indicadores sociais e económicos na área do Programa de Apoio ao Desenvolvimento das Sociedades de Montanha (MSDSP) da AKF estão muitas vezes dependentes das infraestruturas. As comunidades isoladas podem beneficiar consideravelmente de um melhor acesso aos mercados e a serviços sociais.
Desde 2017, a AKF tem construído infraestruturas identificadas pelas comunidades, incluindo pequenas pontes, estradas locais, escolas e clínicas em aldeias e sistemas de abastecimento de água potável, com financiamento da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação, da Agência de Cooperação Internacional do Japão, da Comissão Europeia e da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit. Estas já beneficiaram 108 000 pessoas (17 000 no GBAO). O MSDSP também tem estado ativo em projetos de estabilização das margens dos rios, o que levou a um aumento da área arável protegida em 2500 hectares desde 2012.
Foi aprovado o financiamento para alargar benefícios semelhantes a mais 142 000 pessoas entre 2021 e 2023.