Os vales montanhosos de Gilguite-Baltistão, que em tempos fizeram parte da antiga Rota da Seda da Ásia Central, estavam inacessíveis a veículos até à construção da Estrada de Caracórum em 1978. O aumento da acessibilidade, em conjunto com o impacto do turismo, transformou rapidamente os hábitos e os padrões económicos locais. Isto exigiu novas perspetivas e procedimentos de desenvolvimento estratégico.
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O AKTC venceu 15 Prémios UNESCO Ásia-Pacífico para a Conservação do Património Cultural no Paquistão
Centro Musical Leif Larsen, Altit, Paquistão.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
A conservação do Forte de Baltit, com mais de 700 anos, e a reabilitação do centro histórico da aldeia de Karimabad, no Vale de Hunza, foram as primeiras grandes intervenções do Programa Aga Khan das Cidades Históricas (AKHCP). Os projetos ficaram concluídos em 1996.
Ficou claro que as obras significativas de restauro tinham de ser acompanhadas pela reabilitação dos povoados tradicionais e pela promoção de técnicas de construção apropriadas. Em Hunza e Baltistão, restaurámos vários outros fortes históricos e antigos palácios, assim como outros edifícios de referência culturalmente relevantes:
As aldeias e bairros em redor dos fortes estavam em perigo de serem abandonados em favor de construções modernas dispersas pelos campos. Agora continuam a ser reabilitados através dos esforços ativos dos moradores. Isto aumenta o orgulho cultural e ajuda a reduzir os custos na construção de estradas e na implantação de infraestruturas, poupando os terrenos agrícolas da construção descontrolada.
Preservar os valores locais e, ao mesmo tempo, introduzir padrões de vida contemporâneos, incluindo o saneamento, tem sido um ponto fulcral no processo de desenvolvimento cultural em curso. Todos os projetos são realizados com o envolvimento ativo das comunidades locais.
Ajudamos as empresas sociais a chamar a atenção para o uso de práticas tradicionais de construção e para promoção do uso de madeiras verdes, como o álamo, na construção. Avançámos com uma iniciativa-piloto para proporcionar às mulheres de famílias carenciadas o acesso a oportunidades de criação de rendimentos, através da participação nos projetos de restauro em curso. A CIQAM- uma empresa social feminina, tem vindo a evoluir para se tornar um veículo eficaz para o envolvimento das mulheres em competências não-tradicionais, como levantamentos topográficos e de construção, carpintaria, hotelaria e turismo.
Criámos um plano abrangente de gestão turística e reforçámos parcerias com o Governo de Gilguite-Baltistão, agências de segurança pública, cadeias hoteleiras, câmaras municipais, organizações comunitárias e outras agências da AKDN para mitigar de forma coletiva e holística os efeitos negativos do turismo.
Estes projetos venceram vários prémios prestigiantes, incluindo os Prémios do Património da UNESCO Ásia-Pacífico para a Conservação do Património Cultural (todos os anos entre 2002 e 2013, com dois prémios em 2007); um prémio "O Melhor da Ásia" da revista Time; e um prémio "Turismo de Amanhã" da British Airways pelo restauro do Forte de Baltit, e um Prémio de Turismo Responsável pelos fortes de Shigar e Khaplu.
A conservação do Forte de Baltit e a estabilização do núcleo histórico da aldeia de Karimabad, no Vale do Hunza, foram as primeiras grandes intervenções do Fundo no Paquistão.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
Os projetos de conservação no Vale do Hunza começaram com o Forte de Baltit, cujos telhados em decomposição estavam repletos de buracos e cujas paredes rachadas estavam inclinadas de forma precária para lá da sua base de sustentação. No entanto, era, sem dúvida, uma obra-prima de perícia e completamente adaptada ao clima e à função.
As obras de restauro ficaram concluídas em 1996. Desde então, é um museu de história local e um centro cultural. As aldeias e bairros à volta do Forte, que estavam em risco de ficarem desertificadas em favor de novas construções modernas, foram reabilitadas através da participação ativa dos residentes. Na maioria dos casos, as casas tradicionais foram já reocupadas.
Foram introduzidos padrões de vida contemporâneos, incluindo água canalizada e sistemas de saneamento. Terrenos aráveis valiosos, outrora destinados à construção, continuam a ser cultivados. Para planear futuras estratégias para o crescimento e desenvolvimento da cidade, foi criada uma Sociedade de Gestão Urbana com o apoio do Fundo.
As obras de restauro venceram vários prémios, incluindo um Prémio de Excelência da UNESCO Ásia-Pacífico para a Conservação do Património, em 2004, um prémio "Melhor da Ásia" da revista Time, um Globo de Ouro da Pacific Asia Travel Association (PATA) e um prémio "Turismo de Amanhã" da British Airways.
O Forte de Altit, com 900 anos, após o restauro, em Hunza, Paquistão.
AKDN / Naeem Safi
Altit, uma aldeia localizada no sopé do Forte de Altit, com 900 anos, tinha sido parcialmente abandonada pelos seus moradores. Quase um terço das casas tinham sido abandonadas e as novas construções estavam a utilizar valiosos terrenos aráveis. Para abordar esta situação e antecipar as consequências socioeconómicas de uma explosão no turismo, procedemos à reabilitação da aldeia antes do Forte. A introdução de instalações de água e saneamento provou ser vital para a revitalização do povoado tradicional.
Mantivemos o Forte como um invólucro vazio. Este exibe as técnicas tradicionais de engenharia resiliente que permitiram que estruturas como essa pudessem suportar abalos numa zona sísmica bastante ativa. A maior parte dos trabalhos de conservação diz respeito à reparação de falhas estruturais, à estabilização e reparação das paredes existentes, à substituição de alguns telhados, ao tratamento da deterioração da madeira e ao fornecimento de iluminação adequada.
O Forte de Altit está aberto aos visitantes, com o seu esplêndido jardim ondulante a revelar-se um acolhedor refúgio de tranquilidade e natureza. O Café KhaBasi, situado no jardim, reutiliza a residência de inverno do Mir (governador) da era colonial e serve pratos tradicionais locais. São cobradas taxas de entrada tanto para o Forte como para a aldeia histórica reabilitada. Uma parcela destina-se à Sociedade de Gestão Urbana de Altit, que também cobra taxas pelos serviços de saneamento e água à comunidade, para o funcionamento e manutenção destes serviços.
Após a sua conclusão em 2010, o Forte de Altit foi agraciado com o Prémio de Distinção da UNESCO Ásia-Pacífico em 2011.
Restauro em Ganish, Paquistão.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
A conservação em Ganish centrou-se nos espaços historicamente relevantes como o jataq, (um espaço comum tradicional) usado para reuniões públicas, cerimónias e festivais. Este espaço esteve abandonado durante muito tempo e as quatro fantásticas mesquitas à volta do jataq estavam praticamente a colapsar. Procedemos ao restauro das mesquitas e do espaço público usando os métodos desenvolvidos na conservação do Forte de Baltit e Karimabad.
As obras de restauro também abrangeram as torres remanescentes e as portas das fortificações originais. O pharee (lago comunitário) também foi reconstruído e a hospedaria da aldeia foi restaurada.
Ganish recebeu dois Prémios UNESCO Ásia-Pacífico para a Conservação do Património Cultural: um em 2002, pelo restauro de quatro mesquitas, e o outro em 2009, pela conservação e reutilização da histórica casa de Ali Gohar.
Este antigo forte do século XVII do Rajá de Shigar foi transformado num hotel histórico com 20 quartos, o Forte Serena de Shigar.
AKDN / courtesy of Serena Hotels Pakistan
O restauro do Forte de Shigar e a sua conversão para se tornar o que é hoje o Forte Serena de Shigar representa uma abordagem pioneira que destaca uma reutilização adaptativa mais ativa.
O Forte de Shigar é gerido pelos Serviços de Promoção Turística (TPS) da AKDN desde 2008 como uma hospedaria de património. Reúne objetivos culturais e económicos para sustentar as operações e a manutenção do Forte, ao mesmo tempo que estimula o crescimento da economia da região. O projeto de desenvolvimento mais abrangente em Shigar inclui o restauro das mesquitas e a reabilitação dos povoados de Chinpa, Halpapa e Khlingrong, incluindo a modernização dos sistemas de água e saneamento.
A Mesquita de Amburiq do século XV foi restaurada de modo a demonstrar a viabilidade da conservação de monumentos gravemente danificados. Amburiq, a primeira mesquita construída no Baltistão, recebeu o Prémio de Mérito UNESCO Ásia-Pacífico para a Conservação do Património Cultural em 2005. O projeto foi elogiado pelo seu "programa de conservação sensível levado a cabo pelos Serviços Aga Khan para a Cultura do Paquistão. O edifício e o seu pátio voltaram a ter uma utilização moderna enquanto museu comunitário, dando uma nova vida a uma das estruturas histórica e socialmente mais significativas da região".
Construída há quatro séculos, a Mesquita de Khilingrong estava em avançado estado de degradação. As obras de conservação recuperaram a função religiosa do edifício e revitalizaram um espaço público importante para iniciativas sociais. Este projeto ganhou o Prémio da UNESCO para a Conservação do Património Cultural em 2012.
O impacto da recuperação do Forte de Shigar tem vindo a fomentar uma consciencialização acerca das técnicas de construção tradicionais e do uso sustentável de madeiras verdes. Revitalizou as artes tradicionais como a carpintaria e a escultura em madeira. Em 2009, o AKCSP ajudou a comunidade a projetar e construir a Escola de Shigar Abruzzi, a primeira estrutura construída especialmente com materiais tradicionais de madeira e pedra, e a primeira escola privada mista no vale. Um projeto semelhante construído pela comunidade foi o novo Jamia Masjid Shigar, também construído num estilo tradicional, em vez da estrutura de betão originalmente proposta.
O Forte de Shigar venceu vários prémios, incluindo o Prémio de Excelência UNESCO Ásia-Pacífico de 2006 na área do Património, o Prémio de Ouro da Pacific Asia Travel Association (PATA) em 2008, e o Prémio Virgin de "Turismo Responsável de Amanhã" para a Melhor Conservação de Património Cultural.
Forte de Khaplu, Paquistão.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
Construído em 1840, o Palácio de Khaplu é o melhor exemplo sobrevivente de uma residência real no Baltistão. Em 2005, quando as obras de restauro começaram, o palácio estava num estado de degradação considerável. Em Julho de 2011, o restaurado Palácio e Residência de Khaplu foi inaugurado pelos TPS como uma residência de luxo com 21 quartos.
O Fundo já tinha levado a cabo o restauro do histórico astana (santuário e túmulo) de Syed Mir Muhammad, no povoado de Khanqah, assim como vários projetos de desenvolvimento comunitário em Hunduli, Banpi e Doqsa, em parceria com a Sociedade de Gestão e Desenvolvimento da Cidade de Khaplu.
Escolhemos a aldeia de Hunduli para exibir melhorias de baixo custo, incluindo serviços sociais, em residências individuais e espaços públicos. Estes melhoramentos foram realizados com mão-de-obra e materiais locais (com assistência técnica adequada). O objetivo era mostrar que as casas antigas poderiam ser readaptadas a novas exigências - preservando assim o património da região - e que os espaços públicos poderiam ser revitalizados de forma económica. O projeto também revitalizou as técnicas tradicionais de carpintaria e construção e desenvolveu usos inovadores de materiais tradicionais.
O astana de Syed Mir Muhammad no povoado de Khanqah também recebeu um Prémio de Conservação do Património da UNESCO Ásia-Pacífico pelo "notável restauro do mausoléu com 300 anos [...] que devolve a um importante marco arquitetónico e comunitário a sua antiga relevância no povoado de Khaplu nas montanhas do norte do Paquistão. A pátina envelhecida e o caráter histórico do edifício foram cuidadosamente preservados através de técnicas de conservação competentes e sensíveis."
O Palácio de Khaplu recebeu o Prémio de Conservação do Património da UNESCO Ásia-Pacífico em 2013 e um Prémio de Turismo Responsável da Virgin Airways em 2012.
Vista do Forte de Altit, em Hunza, na região Norte do Paquistão.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
Nós idealizamos o desenvolvimento de projetos interligados nos quais se juntem o Paquistão, Afeganistão, Tajiquistão e China. Para além da reabilitação e conservação de monumentos, esta visão abrange itinerários ao longo de diferentes troços da antiga Rota da Seda que permitirão aos visitantes desfrutar de um ambiente histórico, experimentar a excecional beleza natural da região e aprender acerca das culturas vivas da região.
A iniciativa da Rota da Seda ajudará as pessoas de toda a região a unirem-se na celebração das tradições e valores culturais locais. Ao preservar o ambiente físico e natural e ao valorizar a autenticidade, o Fundo visa atrair visitantes em número controlável. O papel destes visitantes não será apenas o de ajudar a fortalecer e apoiar a economia local, mas também ajudar a salvaguardar as culturas únicas da região.
Um grupo de jovens mulheres de famílias carenciadas e marginalizadas receberam formação num curso de carpintaria em Gilguite, organizado pelos Serviços Aga Khan para a Cultura.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
A maioria dos projetos em Gilguite-Baltistão tem beneficiado de um generoso financiamento por parte do governo da Noruega.
Os governos de França, Itália, Suíça, Japão e Alemanha, e de Gilguite-Baltistão, também têm apoiado iniciativas na região. O governo de Gilguite-Baltistão tem facilitado estas atividades, com conhecimentos especializados a serem prestados pelo AKTC.