Apesar do rápido crescimento económico dos últimos anos, a província de Cabo Delgado tem ficado aquém do resto de Moçambique e continua a ser a província mais carenciada do país, muito dependente da agricultura e extremamente vulnerável a choques climáticos e flutuações no preço dos alimentos.
A Fundação Aga Khan (AKF) iniciou as suas operações em Cabo Delgado em 2001, como resposta a um pedido do Governo de Moçambique para ajudar as populações marginalizadas desta região. Procuramos garantir uma segurança alimentar e uma boa nutrição efetivas, meios de subsistência resilientes com origem na agricultura e na pecuária, e uma gestão regenerativa dos recursos naturais.
7000
A Fundação Aga Khan (AKF) está a trabalhar com quase 7000 agricultores
Os projetos integrados de desenvolvimento rural da AKF chegam atualmente a mais de 25 000 pessoas em oito distritos e fornecem apoio indireto a outros nove distritos de Cabo Delgado.
Os pequenos agricultores em Cabo Delgado carecem muitas vezes do conhecimento, informação e recursos que poderiam ajudá-los a melhorar a sua segurança alimentar e a aumentar os seus rendimentos com a agricultura. Em resposta a isto, a AKF desenvolve atividades que ajudem os agricultores a aumentar a produção de culturas como sésamo, milho e horticultura, e a relacionarem-se com mais sucesso com os agentes do mercado.
Produtor de moringa apoiado pela AKF em Moçambique.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
A AKF continua a fortalecer o sector agrícola em Cabo Delgado através da formação profissional orientada para o mercado. Esta medida cria técnicos agrícolas bem treinados e empresários do sector do agronegócio preparados para os impactos das alterações climáticas.
Ao nível das comunidades, a AKF mobiliza pequenos agricultores nas Escolas de Formação Agrícola. Este modelo de formação dá destaque à aprendizagem prática, envolvendo a comunidade, e promovendo iniciativas sustentáveis ao nível dos recursos naturais e da gestão da terra. Os produtores locais são incentivados a adotar técnicas de agricultura de conservação para garantir a segurança alimentar. Fazem-no através da experimentação de formas mais eficazes de trabalhar a terra e de novas técnicas de colheita e armazenamento. O apoio adicional ajuda a desenvolver os vínculos aos mercados com vista a gerar rendimentos.
Em 2014, o Governo de Moçambique e a AKDN assinaram um acordo para a AKF fazer a gestão do Instituto Agrário de Bilibiza (IABil).
De lá para cá, a AKF tem vindo a realizar um curso de formação em pedagogias de aprendizagem baseadas em competências para todos os 45 professores do IABil. Foram introduzidas no currículo novas técnicas agrícolas baseadas na conservação, incluindo sistemas rápidos de multiplicação de sementes, Intensificação Sustentável do Arroz, criação de gado e produção de fruta. O calendário das aulas tem sido revisto para permitir que os estudantes passem mais tempo a participar em atividades de desenvolvimento comunitário e produção agrícola, proporcionando assim aos professores tempo de trabalho com a administração do IABil com o intuito de fortalecer o currículo e as práticas de ensino. Os projetos de desenvolvimento de infraestruturas proporcionaram aos estudantes e funcionários acesso a água potável, estando o sistema de irrigação já completo e a construção dos serviços de saneamento e a atualização do sistema elétrico em andamento.
Devido à insegurança em Cabo Delgado e aos dois ataques sofridos pelo IABil, os alunos foram transferidos para uma escola agrária no Distrito de Chiure, Cabo Delgado, agora rebatizada como o Polo de Ocua do IABil.
A AKF continua a apoiar a formação de técnicos e empresários agrícolas que possam contribuir para o fortalecimento do sector agrícola em Cabo Delgado. A Fundação Cargill, o Instituto Camões da Cooperação e da Língua, I.P. e a Embaixada Real da Noruega continuam a fornecer financiamento.
Com o apoio financeiro do USDA, a AKF tem procurado ligar os produtores de caju de Cabo Delgado, Nampula e Zambézia às instalações de processamento e exportação, e ajudar a criar o reconhecimento da marca do caju moçambicano junto de revendedores globais de renome, como a Whole Foods.
AKDN / Lucas Cuervo Moura
Com o intuito de ligar os produtores locais aos mercados nacionais e internacionais, a AKF tem apoiado mais de 100 associações de produtores na aquisição de recursos por atacado e na venda de produtos por atacado, tendo viabilizado vários contratos com compradores internacionais. Estas intervenções ajudam os agricultores a garantir bons preços para produtos de melhor qualidade.
Com o apoio financeiro do USDA, a AKF tem procurado ligar os produtores de caju de Cabo Delgado, Nampula e Zambézia às instalações de processamento e exportação, e ajudar a criar o reconhecimento da marca do caju moçambicano junto de revendedores globais de renome, como a Whole Foods.
Com o apoio financeiro do Liechtensteinischer Entwicklungsdienst, um consórcio constituído pela Helvetas Swiss Intercooperation, a PAKKA e a AKF, estamos a apoiar as cadeias de valor do caju e do amendoim no norte de Moçambique. O nosso objetivo passa por aumentar a sustentabilidade dos sistemas de produção, aumentar os rendimentos dos pequenos agricultores e pequenos empresários e tornar os alimentos nutritivos e de boa qualidade mais disponíveis e acessíveis aos consumidores locais através da comercialização de caju e amendoim com base em princípios orgânicos e de comércio justo. Tendo em conta as condições agroecológicas locais, estas são duas culturas relevantes pela sua resiliência e adaptação às alterações climáticas. Esta iniciativa beneficiou diretamente 3000 produtores.