Onno Rühl, Diretor Geral da Agência Aga Khan para o Habitat
Apesar da topografia plana do seu país de origem, os Países Baixos, Onno Rühl desde muito novo que se sentiu atraído pelas montanhas, fazendo caminhadas na Áustria com seis anos e passando temporadas na Suíça com os pais. Entrou para o Serviço de Relações Externas do seu país, apesar de, segundo o próprio, “não ser geralmente conhecido como um grande diplomata”, e mais tarde para o Banco Mundial, trabalhando no desenvolvimento da Europa de Leste após a queda do Muro de Berlim. Passou algum tempo na antiga União Soviética, nos Balcãs do pós-guerra e na África Oriental e Austral. Por fim, um caça-talentos da AKDN perguntou-lhe se estaria interessado em liderar uma agência centrada na qualidade de vida das pessoas que vivem em ambientes de montanha. Dezasseis entrevistas mais tarde, Onno tornou-se Diretor Geral da Agência Aga Khan para o Habitat (AKAH).
Embora a AKAH tenha sido criada há relativamente pouco tempo, em 2016, dá continuidade ao trabalho de outras instituições, incluindo a FOCUS Assistência Humanitária, que ajudou as comunidades a prepararem-se e a darem resposta a situações de desastre, e o programa dos Serviços Aga Khan de Planeamento e Construção, que trabalhou para assegurar a integridade estrutural e, consequentemente, a segurança do ambiente construído. “A propósito, AKAH é um excelente acrónimo, já que na língua local das montanhas significa 'irmão mais velho', então ninguém faz confusão”, diz Onno.
Sua Alteza o Aga Khan notou desde cedo num aumento dos riscos decorrentes de uma combinação entre as alterações climáticas e a pressão humana sobre recursos escassos. A AKDN teria de se revelar mais ambiciosa e mais ativa na criação de sinergias nas suas atividades para permitir que as pessoas não só pudessem sobreviver, como também ter uma boa qualidade de vida, apesar dos riscos.
“Não havia uma agência principal com capacidade intelectual para apoiar estes esforços. Foi por isso que ele criou a AKAH”, explica Onno. “É algo bonito e visionário, permitir que as pessoas vivam uma vida melhor, apesar da potente ameaça das alterações climáticas.
Estou a trabalhar para criar um ambiente que permita que as crianças nascidas nas altas montanhas do Paquistão, Tajiquistão, Afeganistão, nas zonas costeiras da Índia, na Síria, tenham as mesmas oportunidades que as crianças nascidas no Reino Unido ou na Suíça.”
A AKAH trabalha em estreita colaboração com outras agências da AKDN para receber fundos, partilhar conhecimentos, tal como as suas diretrizes de construção ecológica, e responder a emergências. A AKAH também trabalha com instituições como o MIT, Harvard, o Instituto de Gestão de Emergências da Califórnia, a Universidade Johns Hopkins e a Universidade Internacional do Caracórum.
Mas Onno está particularmente entusiasmado com o parceiro mais recente. Tradicionalmente, a AKAH tem feito avaliações em locais para determinar riscos imediatos, como avalanches, deslizamentos de terra e inundações localizadas, e tem adicionado serviços de monitorização para riscos remotos, como glaciares. Atualmente, está a colaborar com a NASA para avaliar os riscos para daqui a 30 e 50 anos, para obter indícios sobre a viabilidade a longo prazo dos habitats.
Os parceiros valorizam as ligações da AKAH com as comunidades, os voluntários no terreno e os funcionários locais em cada região. “É basicamente um gigantesco laboratório de campo para a inovação”, diz Onno. “Por isso, é bastante fácil para nós fazer com que os investigadores se interessem, e com isso melhorar a nossa aprendizagem e fazer avançar a ciência. Porque a AKDN não aprende sozinha, aprende a partilhar com os outros.”