Luis Monreal, Diretor-Geral do Fundo Aga Khan para a Cultura
O Fundo Aga Khan para a Cultura (AKTC) conserva o património construído, apoia músicos, incentiva a excelência na arquitetura, dirige um museu e oferece educação em todas as suas disciplinas. Oferece prémios nas áreas da música e da arquitetura, tendo já recebido 20 prémios pelo restauro de cidades históricas em todo o mundo. Mas o que une estas áreas - e qual a relação da cultura com o desenvolvimento?
Luis Monreal, Diretor Geral do AKTC, explica. “A cultura é a alma do nosso corpo. É o software que nos torna racionais, que nos dá uma identidade, que nos faz ter sentimentos. Na área do desenvolvimento, a cultura é um ingrediente essencial que permite que as pessoas sintam a pertença a uma comunidade e compreendam que existem outras comunidades que devem ser respeitadas.”
O percurso de Luis vai desde a arqueologia egípcia à curadoria de arte medieval. Fundou o Instituto Getty de Conservação e foi membro do Grande Júri do Prémio Aga Khan para a Arquitetura antes de assumir o seu cargo atual em 2001. No AKTC, o seu trabalho incorpora tanto a cultura imaterial, como a música, como aspetos tangíveis:
“O ambiente construído [é] a estrutura mais importante para as nossas vidas. Se destruirmos este ambiente construído, se o renovarmos completamente a cada geração, perderemos a nossa identidade. Quando restauramos ou reabilitamos cidades históricas, estamos a preservar recursos que têm um potencial económico para as gerações atuais e futuras. Em muitos casos, como Sua Alteza disse, o património cultural é o único recurso viável que a comunidade possui.”
Luis considera o AKTC uma organização única, com o seu leque de disciplinas que abrangem a arquitetura, a música, a educação, o património e muito mais. “As agências da AKDN são tão diversas nas áreas de influência que abrem mais possibilidades para o cofinanciamento por parte de terceiros.”
A singularidade do AKTC reside também nos vínculos que cria entre o património cultural e o desenvolvimento social e económico. Quando os investimentos em espaços públicos em cidades como Cairo, Cabul e Deli são combinados com programas de microfinanciamento e saúde, os resultados saltam à vista. “Medimos o impacto, por exemplo, no rendimento das famílias ao longo do tempo, o seu progresso numa determinada zona da cidade onde trabalhamos, comparando-o com outras partes da cidade ou outras cidades do mesmo país.”
Luis observa que a cultura é um processo evolutivo, com as novas gerações a inventarem novas linguagens e interesses. “Planear os próximos 10 anos exige antecipar aquilo que pode acontecer. E a avalanche de informações através da comunicação social torna mais difícil perceber quais as tendências que são mais significativas. Mas o que me parece óbvio é que, com um grande segmento da humanidade a dar resposta às suas necessidades materiais, a cultura está a ganhar importância.”