Michael Kocher, Diretor-Geral da Fundação Aga Khan (AKF), fala acerca das questões complexas e multigeracionais de pobreza e falta de inclusão. Ele partilha exemplos do trabalho que a AKF está a levar a cabo em 18 países para melhorar a qualidade de vida de forma equitativa e sustentável.
A AKF é uma organização multissectorial, orientada para a comunidade, criada por Sua Alteza o Aga Khan em 1967. Trabalha com populações desfavorecidas de regiões remotas em sectores como a saúde, nutrição, educação, oportunidades económicas, sociedade civil, segurança alimentar e agricultura.
“A esmagadora maioria dos nossos funcionários são naturais dos países onde trabalhamos”, diz Michael. “As nossas prioridades são aquelas que as comunidades estabelecem como prioridades. Fazemos o melhor que podemos para ajudá-las a concretizar essas medidas e a adicionar valor onde pudermos. O nosso trabalho passa por dar contributos técnicos sempre que isso for relevante, ajudar a captar recursos para estas iniciativas e colaborar com elas. Para que estas se tornem verdadeiramente sustentáveis.”
No Afeganistão, por exemplo, a AKF trabalha através de estruturas comunitárias estabelecidas ou convoca grupos que incluem mulheres, estudantes, idosos, agricultores, empresários e outras partes interessadas. Em Madagáscar, a AKF ajudou a aumentar o rendimento das culturas de arroz e, quando os agricultores quiseram discutir que produtos de maior valor comercial poderiam cultivar, a AKF começou a trabalhar com eles para cultivarem cacau, pimenta e a planta medicinal artemísia, e para considerarem aspetos como o controlo de qualidade, o acesso aos mercados e a utilização de tecnologia para se manterem atualizados face aos valores de mercado vigentes. No norte do Paquistão, as comunidades identificaram as suas necessidades e a AKF ajudou-as a construir microcentrais hidroelétricas geradoras de energia, com a sua gestão a ficar a cabo dos utilizadores.
“Há anos que Sua Alteza já falava da sociedade civil, numa altura em que muito pouca gente o fazia, assim como da importância do pluralismo, no qual abraçamos o outro e nos sentimos enriquecido pelas diferenças.” Ao trabalhar em áreas onde as diferentes etnias e religiões vivem em conjunto ou em aldeias vizinhas, Michael observa constantemente o pluralismo na prática. “Envolvemos toda agente de forma estruturada”, explica. “Quais as necessidades desta comunidade e como podemos concretizá-las de forma justa, equitativa e transparente. As pessoas têm de perceber o que estamos a fazer, porque estamos a fazê-lo, os recursos que temos, e quem é responsável. E temos de tornar os nossos processos inclusivos. Também estamos muito conscientes da importância de construir uma força de trabalho que tenha por base as diferentes dimensões de uma comunidade, algo que é essencial.”
A igualdade de género é outra prioridade. “Temos muito cuidado em garantir que as raparigas são incluídas nos nossos esforços de melhoria a nível escolar, e que as jovens empreendedoras são apoiadas através do nosso trabalho. Temos iniciativas designadas como programas de poupança e empréstimo a nível das aldeias, que são medidas muito modestas e simples, mas eficazes, onde as mulheres se juntam e reúnem o seu dinheiro. E investimos muito em ter mulheres em cargos de liderança dentro da AKF.”
Assista à entrevista para saber mais.