21 janeiro 2021 · 3 Min
Ao longo dos últimos meses, fomos percebendo que a COVID-19 é mais do que uma crise sanitária. A pandemia desestabilizou o nosso estilo de vida normal e está a modificar a forma como interagimos uns com os outros. Para muitas crianças, a pandemia criou obstáculos significativos no acesso à educação.
Para Sweta Shah, Diretora Global para o Desenvolvimento na Primeira Infância (DPI) da Fundação Aga Khan (AKF), existem motivos para nos preocuparmos. Durante o evento digital da AKF, “Mind the Gap”, Sweta referiu que o encerramento das escolas e os programas improvisados de ensino a distância não são ideais, especialmente para as crianças mais jovens.
“Sabemos que em vários países as crianças provavelmente não terão acesso a qualquer tipo de educação durante um ano letivo inteiro”, diz Sweta. “A nossa abordagem na Fundação Aga Khan passa por uma aprendizagem interativa e baseada em atividades lúdicas. O facto de as escolas estarem encerradas, ou com um ensino virtual em alguns sítios, é algo que nos preocupa bastante.”
Mas no meio de uma crise, também houve alguma inovação. “Tomámos uma série de medidas para abordar seriamente estas questões, e apoiar o governo e as nossas comunidades”, disse Sweta.
No Quénia, a AKF, com o apoio do Governo do Canadá e da Fundação LEGO, estabeleceu uma parceria com o Nation Media Group para o lançamento a nível nacional de um programa de televisão para crianças chamado Night-time Tales [Histórias para Adormecer]. Foi divertido para as famílias reunirem-se à volta da televisão, mas também mostrou aos pais como contar histórias pode ajudar as crianças a desenvolver muitas competências para o século XIX - dando aos pais uma nova forma de participarem na educação dos seus filhos.
Na Tanzânia, foi lançado um programa de rádio semelhante, no âmbito do Programa de Primeira Infância para Madraças, o qual difundiu pequenos episódios de alfabetização e numeracia com 10 a 15 minutos de duração. Existiram ainda inovações ao nível de envio de mensagens via SMS e WhatsApp com o objetivo de manter os professores e os pais em contacto e permitir um apoio mútuo.
“Estas são inovações promissoras, à medida que continuamos com o nosso apoio à educação nas geografias mais remotas”, diz Sweta.
“Algumas destas medidas adotadas devido à COVID serão para manter, até certo ponto, mesmo após a abertura das escolas”, diz.
Outro ponto positivo para Sweta é o envolvimento dos pais na educação dos filhos.
“Enquanto comunidade de DPI, nós encorajamos os pais e cuidadores a serem os primeiros e os mais importantes professores dos seus filhos”, diz Sweta. “Creio que outro ponto positivo é a forma como os pais estão a compreender o seu papel através deste processo.”
O trabalho em estreita colaboração com os pais e cuidadores criou igualmente uma oportunidade para transmitir mensagens às famílias sobre a igualdade de género e a importância da educação das raparigas. Por exemplo, os materiais de aprendizagem usam exemplos e imagens que desafiam as normas tradicionais de género, como a noção de que as raparigas devem assumir uma parte maior das tarefas domésticas em relação aos rapazes.
As investigações acerca da primeira infância revelam-nos a importância dos primeiros anos de vida na capacidade de uma pessoa de crescer, aprender e ter sucesso ao longo da vida. À medida que a pandemia continua a mudar a forma como vivemos, a Fundação Aga Khan mantém-se empenhada em melhorar a qualidade de vida das comunidades onde trabalha. Isto inclui assegurar que as crianças sejam capazes de crescer nos próximos anos, mesmo perante circunstâncias difíceis.
Veja a entrevista completa com Sweta Shah.
Saiba mais sobre as iniciativas da AKDN de apoio à educação durante a pandemia:
Este artigo foi adaptado de uma entrada de blogue publicada no site da Fundação Aga Khan Canadá.