Paquistão · 21 janeiro 2021 · 3 Min
FMIC / Oriane Zerah
“Entre os princípios fundadores estabelecidos pelo Chanceler figurava a determinação de a AKU ser capaz de servir as populações com as quais trabalha de forma continuada... E este contributo só poderá ter significado se o impacto que produzirmos for suficiente para resolver os problemas que estas comunidades enfrentam ou com os quais estão a lidar. E para resolver estes problemas, se pudermos mobilizar o conhecimento e as melhores práticas locais que tantas vezes ouvimos serem mencionados, então estaremos a prestar um grande serviço a estas populações.”
- Firoz Rasul, Presidente da Universidade Aga Khan
A Universidade Aga Khan, enquanto uma instituição criada para oferecer uma educação de qualidade, uma investigação inovadora e cuidados de saúde de nível mundial em contextos em desenvolvimento, estava bem posicionada para dar resposta às complexidades da pandemia da COVID-19. Firoz Rasul, Presidente da AKU, discursou durante o evento digital da Fundação Aga Khan, intitulado “Mind the Gap”, sobre o papel que a universidade tem desempenhado durante esta crise, e como este é um momento fundamental para a universidade, não só no apoio à compreensão mas também na resolução dos problemas que esta pandemia tem causado.
Aquando da sua fundação, um dos princípios essenciais da AKU era o de oferecer cuidados de saúde de nível internacional, independentemente das dificuldades de cada contexto.
“Somos uma universidade privada sem fins lucrativos que gere hospitais, mas somos uma pequena parte do sistema público de saúde”, disse Firoz. “Estamos presentes no mundo em desenvolvimento, onde os sistemas públicos de saúde são frágeis, desadequados em vários aspetos e incapazes de dar resposta às populações dos países com os quais trabalhamos”.
Para enfrentar esta pandemia, a AKU concentrou-se em ajudar, capacitar e apoiar os sistemas públicos de saúde nos países onde opera e potenciou as suas relações com outras universidades e hospitais no sentido de compreender a doença e mobilizar recursos.
Em ambientes com poucos recursos, foi muitas vezes necessário recorrer a inovações para adaptar e improvisar soluções criativas para a falta de material médico. No Paquistão, por exemplo, foi criada uma rede de tele-UCI em colaboração com a Fundação Gates, para que qualquer médico com um paciente em estado crítico nas zonas mais remotas do Paquistão possa estar ligado a especialistas e peritos sempre que necessário.
Uma das oportunidades que a pandemia criou, segundo Firoz, foi na área da investigação.
“Uma das coisas que percebemos muito rapidamente foi que a crise da COVID colocava toda a gente em condições de igualdade”, disse. “Existe uma igualdade de oportunidades, se quisermos, não importa onde estejamos no mundo, de conseguir desvendar ou descobrir algo sobre a doença, tanto como em qualquer outro lugar.”
O compromisso de longo prazo da AKU com os países onde opera tem promovido um entendimento profundo das populações que serve. Ao combinar altos padrões de investigação e testagem, a universidade foi selecionada para participar em ensaios clínicos de vacinas, com vista a partilhar e contribuir para a perceção global do impacto das vacinas nos diferentes grupos etários, etnias, comunidades e geografias.
Esta pandemia também trouxe à tona uma crise de género oculta, já que as suas consequências negativas têm recaído de forma desproporcional sobre os ombros das mulheres. As Nações Unidas estimam que as mulheres representam atualmente cerca de 70 por cento da força de trabalho global, ainda que as oportunidades para as mulheres chegarem a profissões de alto nível na saúde sejam frequentemente limitadas. Outra das missões centrais da AKU passa por ajudar a desenvolver, capacitar e incentivar as mulheres a seguir carreiras na área da saúde, permitindo que estudem na universidade e implementando flexibilidade nos regulamentos operacionais no sentido de reconhecer os múltiplos papéis que as mulheres desempenham a nível pessoal e profissional.
A resposta da AKU à COVID-19 tem sido dada com mulheres em importantes funções de liderança, e Firoz acredita que, com o tempo, a representação feminina continuará a crescer, em parte devido a uma geração mais jovem que aceita mais facilmente as mulheres.
“Com o tempo, iremos ver muito mais mulheres a chegar a cargos de gestão sénior na organização e à liderança da AKU”.
Veja a entrevista completa com o Presidente Rasul.
Este artigo foi adaptado de uma entrada de blogue publicada no site da Fundação Aga Khan Canadá.