Kenya · 15 novembro 2021 · 5 Min
Amreen Valli, da Turma de 2015 da Academia Aga Khan de Mombaça, no Quénia, é a diretora para as redes sociais e a interação com os ex-alunos da Rede de Ex-Alunos das Academias Aga Khan. Amreen ingressou na Academia quando esta foi inaugurada em 2003 e fez parte do primeiro grupo de alunos que completou os estudos desde o 1.º Ano ao Programa de Diploma 2. Após a licenciatura, estudou no King's College de Londres, no Reino Unido, onde obteve um Bacharelato em Gestão de Empresas, com Honras de Primeira Classe. Em Março de 2022, irá entrar para a Linklaters, em Londres, um prestigiosa firma de advogados multinacional. Antes disso, Amreen passou algum tempo numa startup de tecnologia apoiada pelo Twitter com sede no Campus para Startups da Google em Londres.
Amreen adora fazer voluntariado e contribuir para a sociedade civil. O seu objetivo passa por ganhar experiência e regressar à África Oriental no futuro para desenvolver instituições na região, com o apoio da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento ou de outra forma.
Amreen Valli, Class of 2015 from AKA Mombasa, is the social media and alumni engagement lead for AKA Alumni Network.
AKDN
Enquanto ex-aluna da Academia Aga Khan (AKA) de Mombaça, em que medida é que o pluralismo foi relevante na tua experiência na Academia?
Eu nasci e cresci em Mombaça, no Quénia. É uma cidade muito pequena e, à medida que fui crescendo, percebi que a vida que vivia em Mombaça era muito resguardada. Durante muito tempo, não pensei em olhar e interagir com as pessoas à minha volta. Tudo isso mudou quando entrei para a AKA Mombaça em 2003 e, em particular, após o início do programa residencial, numa altura em que estava no 6.º ano. O programa acolheu pessoas de diferentes partes de África e da Ásia e ofereceu bolsas de estudo a alunos de excelência de contextos socioeconómicos variados. Isso fez-me abrir os horizontes e deu-me a conhecer amigos para toda a vida que nunca teria conhecido de outra forma. Depois de ter conhecido pessoas de diferentes partes do Quénia, do Paquistão e do Tajiquistão, comecei a dar valor às diferentes culturas e aprendi que cada pessoa tem o seu valor.
Uma lição fundamental que aprendi durante o meu período na Academia é que ser diferente é uma força, e não uma fraqueza, e tenho levado essa lição comigo ao longo da minha educação superior e da minha carreira. Os alunos, professores e dirigentes promoveram uma cultura de pluralismo de uma forma que me ajudou a valorizar o impacto que podemos ter nas nossas comunidades, por pequeno que seja, através de uma simples troca de ideias, pontos de vista e opiniões diferentes.
Porque consideras ser importante estudar num ambiente que promove o pluralismo?
Acredito que existem três coisas importantes que podemos conseguir ao estudar num ambiente pluralista. Em primeiro lugar, ensina-nos a ter a mente aberta. Há uma diferença entre escolas que simplesmente promovem a diversidade e escolas que celebram o pluralismo e a inclusão. Na AKA Mombaça, senti um sentimento de pertença e de comunidade que é difícil de reproduzir. Isto tornou a aprendizagem divertida e senti-me entusiasmada por aprender não só o currículo do International Baccalaureate que nos estava a ser ensinado, como ficar também a conhecer as culturas peculiares de cada um.
Em segundo lugar, tornamo-nos mais confiantes. Quando era mais jovem, era muito tímida. Tinha medo de partilhar as minhas ideias ou de me exprimir porque nem sempre acreditava que poderia acrescentar valor. Porém, na Academia, sentimo-nos confortáveis, seguros e confiantes para partilharmos as nossas ideias com toda a gente, sem medo de ser julgado ou gozado. Enquanto estudantes, isso ajuda-nos a apreciar e valorizar as ideias das outras pessoas e também nos incentiva a contribuir. É este tipo de ambiente que estimula os alunos das Academias a serem agentes de mudança e a desafiar as normas.
Por fim, estudar num ambiente pluralista torna-nos humildes. Às vezes, especialmente numa idade tão jovem, é fácil ficarmos obcecados por coisas materialistas. Mas na Academia somos ensinados que o valor de um indivíduo não tem nada que ver com seu contexto socioeconómico nem com o seu estatuto na sociedade. O que importa são as ideias, emoções, sentimentos e outras coisas que cada um tem para oferecer. Aprendi a ser humilde e corajosa e esforço-me para manter essa postura em tudo que faço.
De que modo é que a Rede de Ex-Alunos das Academias incorpora o pluralismo na sua atividade?
Temos um grupo de ex-alunos talentosos que estão a seguir as suas carreiras numa variedade de formas tradicionais e não-tradicionais. Alguns estão a desenvolver fin-techs e outros ambicionam ser cineastas. A abrangência total é surpreendente. A Rede de Ex-Alunos das AKA procura criar um espaço onde todos os nossos ex-alunos se possam juntar para partilharem as suas ideias e aprenderem uns com os outros com vista a causarem impacto no mundo de hoje. Enquanto estudei na Academia, aprendi muito com os meus colegas. Imagine o que podemos aprender uns com os outros agora que já viajámos pelo mundo e adquirimos experiência.
A intendência [também] é uma parte importante da nossa educação nas Academias. Foi-nos ensinado a importância de irmos para a universidade, seguirmos a nossa carreira, e depois trazermos esse conhecimento de volta para as nossas comunidades e contribuirmos para a melhoria da qualidade de vida de todos. A minha esperança é que possamos fomentar este tipo de filosofia através da Rede de Ex-Alunos das AKA.
Como é que promoves o pluralismo no exercício do teu cargo de diretora para as redes sociais e a interação com os ex-alunos da Rede de Ex-Alunos das Academias?
Concentro-me em partilhar notícias, histórias e os talentos dos nossos ex-alunos nas nossas plataformas nas redes sociais. A minha ambição é construir uma rede onde os ex-alunos se sintam orgulhosos daquilo que são e do que conseguiram alcançar e se sintam suficientemente seguros e confiantes para partilharem os seus sucessos com toda a gente. O objetivo é garantir que toda a gente possa fazer parte da Rede de Ex-Alunos das AKA, independentemente da dimensão daquilo que estejam a fazer e de quem sejam.
Para além disso, concentro-me em voltar a pôr em contacto os ex-alunos de cada escola e criar novos vínculos entre as academias. Para mim, isto é algo essencial porque é uma continuação do sentido de comunidade inclusiva que foi uma parte fundamental da nossa experiência na Academia. Quando conhecemos ex-alunos, seja pessoalmente ou virtualmente, sentimos imediatamente uma sintonia. Tive esta experiência quando conheci outros ex-alunos, e apesar de eles serem da Academia Aga Khan de Hiderabad, na Índia, não deixei de sentir uma sensação de familiaridade.
Ao interagirem entre si, os nossos ex-alunos aprendem uns com os outros, aconselham-se mutuamente e pensam em novas ideias para melhorar a vida uns dos outros e em formas de contribuir para as Academias e para as nossas comunidades. À medida que a nossa Rede de Ex-Alunos das AKA continua a crescer, com a Academia Aga Khan de Maputo, Moçambique e a Academia Aga Khan de Daca, Bangladesh, a formarem em breve os seus primeiros alunos, nós, enquanto equipa, estamos entusiasmados com aquilo que o futuro nos reserva.
O Dia Internacional para a Tolerância é comemorado em 16 de Novembro de cada ano para promover a compreensão mútua entre as diversas culturas e povos.
Veja este vídeo promocional de 40 segundos da Academia Aga Khan de Maputo