Portugal · 24 maio 2023 · 7 Min
O segundo Fórum Global Escolas2030 terá lugar este ano no Porto, Portugal, de 5 a 7 de Junho. Na qualidade do principal programa de educação da Fundação Aga Khan (AKF), o Escolas2030 irá receber mais de 250 delegados do sector da educação provenientes de todo o mundo – professores, estudantes, decisores políticos e doadores – para explorar a diversidade, a inclusão e o pluralismo nas escolas e nos sistemas educativos em todo o mundo.
Falámos com Bronwen Magrath, Gestor Global da AKF para o Programa Escolas2030, para saber mais sobre o Fórum, o que esperar do evento deste ano e como todos podem participar.
Bronwen, qual é o seu papel na AKF e no Escolas2030, e o que mais aprecia no seu trabalho?
Enquanto Gestora Global para o Programa Escolas2030, faço a supervisão do programa nos 10 países, assim como os fluxos de trabalho técnico e as equipas a nível global e nacional. Isso é o que mais aprecio no trabalho – eu adoro pessoas. É um trabalho fantástico porque trabalho com equipas incrivelmente apaixonadas e empenhadas compostas por funcionários e parceiros da AKF em todos os 10 países e a nível global.
Para quem não sabe, poderia explicar o que é o Escolas2030, como surgiu e qual a sua ligação à AKF?
O Escolas2030 é um programa participativo de melhoria da aprendizagem com a duração de 10 anos. Estamos a trabalhar em 1000 escolas e centros comunitários de aprendizagem públicos em 10 países, sendo que em nove desses 10 países a AKF já está a implementar vários programas de melhoria da educação.
A AKF é a principal organização de implementação do Escolas2030, mas também é um dos seus financiadores. O objetivo do Escolas2030 – tal como toda a intervenção da AKF em educação – passa por aumentar os resultados da aprendizagem holística. Na prática, isso significa apetrechar os jovens com os conhecimentos, competências, atitudes e valores de que precisam para ter sucesso e contribuir para a sua comunidade.
Umas das particularidades do Escolas2030 é o foco que colocamos na autonomia dos professores. Reconhecemos e trabalhamos para fortalecer os professores enquanto líderes, inovadores e agentes ativos de educação. Ao longo dos últimos dois anos, desenvolvemos um conjunto de diferentes ferramentas, recursos e módulos de formação com e para professores que possam ajudá-los a desenvolver, direcionar e contextualizar inovações educacionais ao nível da sala de aulas com vista a melhorar a aprendizagem.
O Fórum Global Escolas2030 começa em 5 de Junho – Pode falar-nos mais acerca do Fórum e porque é que se realiza?
O Fórum deste ano será realizado no Porto, em Portugal, entre 5 e 7 de Junho, numa coorganização da AKF e da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, e também do Governo de Portugal e da Câmara Municipal do Porto. Vai reunir um grupo diversificado de pessoas. É diferente de muitos outros eventos do sector da educação internacional porque temos professores, decisores políticos, governos, investigadores e doadores, todos reunidos para discutir como podemos trabalhar melhor para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS4), que compromete a comunidade global a providenciar uma educação gratuita, equitativa e de qualidade a todas as crianças e jovens.
O tema deste ano parte da pergunta: Como podemos promover escolas mais inclusivas e sociedades de aprendizagem mais pluralistas até 2030?Esta ênfase na inclusão e na igualdade é fundamental para o trabalho da AKF na educação e não só, e é também muito importante no contexto português e noutros contextos em que estamos a trabalhar.
Quais as principais aprendizagens que você e a sua equipa retiraram do Fórum Global do ano passado em Dar es Salaam? Este ano os delegados podem esperar algo de novo?
Os delegados que estiveram em Dar es Salaam no ano passado irão reconhecer muitas características familiares. Por exemplo, o foco do Fórum Global assenta muito no debate e no diálogo, pelo que a maior parte dos dias é passada em debates e seminários aprofundados. Embora passemos menos tempo em painéis de conferência tradicionais, começamos todos os dias com um painel heterogéneo de oradores de modo a dar o mote para os debates ao longo desse dia. A este segue-se um painel com professores de vários países do Escolas2030 que partilham algumas das inovações que têm desenvolvido para melhorar a igualdade e a inclusão.
Este ano haverá um elemento novo com o qual estou muito entusiasmada, que é o facto das ideias para os seminários surgirem de um processo colaborativo. Quando convidámos os delegados a virem ao Fórum, pedimos a todos que propusessem seminários acerca de temas desafiantes que eles gostassem de conduzir. Por exemplo, existe algum tema desafiante relacionado com a igualdade na programação, investigação ou financiamento deles que eles gostariam de trazer para o Fórum? Isto permite que um grupo diversificado de delegados realize um debate com vista à resolução conjunta de problemas.
Tivemos muitas ideias excelentes e também conseguimos organizar os delegados em grupos. Teremos pessoas a trabalhar em problemas semelhantes, que não têm necessariamente de se conhecer ou trabalhar juntas. Espero que todos estejam realmente envolvidos – em primeiro lugar porque são problemas reais que os delegados estão a procurar resolver e, em segundo lugar, porque é uma excelente oportunidade para colaborar de uma forma que muitos poderão não ter conseguido antes.
Por falar em colaboração, qual é a importância de reunir o sector em eventos como este?
Os eventos como este são oportunidades essenciais para nos reunirmos enquanto sector e levar por diante os nossos objetivos. O ODS4 enquadra aquilo em que quase toda a gente no sector da educação a nível global está a trabalhar, e os eventos como este oferecem um momento para podermos avaliar o nosso progresso e definir desafios coletivos e caminhos comuns a seguir. Todas as nossas vozes individualmente não conseguem resolver a crise da educação, mas se nos unirmos, seremos mais fortes. Como dissemos no último Fórum Global, “sozinhos vamos rápido, juntos vamos longe”.
A AKF e o Escolas2030 participam em muitos outros eventos no sector, incluindo a Sociedade de Educação Comparativa & Internacional (CIES), a Cimeira de Educação Transformadora e a Assembleia Geral das Nações Unidas. Estes oferecem oportunidades para o debate, a apresentação de novas descobertas e a partilha de novas abordagens.
A única coisa que o Escolas2030 oferece que é um pouco diferente de outros grandes eventos globais de educação é a diversidade de opiniões que reunimos. Organizamos de forma deliberada sessões que incluam um agente da sociedade civil, um Ministro da Educação, um académico de renome, filantropos e professores do ensino primário, todos sentados à mesma mesa.
A propósito, quem estará presente no Fórum deste ano?
É um evento apenas para convidados e tentamos que mantenha uma dimensão que permita ouvir várias opiniões, mas que também não seja tão grande que se perca o sentimento de comunidade. Convidamos uma vasta gama de pessoas de muitos países, sectores e partes interessadas diferentes porque acreditamos que um diálogo sectorial inclusivo e diversificado é fundamental para enfrentar a crise da educação.
Este ano, temos várias pessoas ilustres presentes, incluindo os Ministros da Educação de Portugal e do Quirguistão (o Quirguistão acolherá o Fórum no próximo ano), o Presidente da Câmara do Porto e vários outros dignitários de alto nível. Mas estamos igualmente honrados em receber professores de infantários, escolas primárias e escolas secundárias de todos os países abrangidos pelo programa Escolas2030. Teremos professores da África Oriental, Ásia Meridional, Ásia Central, Portugal e Brasil, reunidos com decisores políticos e Ministros da Educação.
Pessoalmente, nunca fui a uma conferência de educação onde estivessem presentes mais de 30 professores de todo o mundo. No ano passado, muitos deles disseram-nos que adoraram a oportunidade de estabelecer contacto com outros professores de diferentes países e reconhecer que muitos dos desafios que enfrentam atravessam fronteiras.
Relativamente ao Fórum deste ano, em que é que você e a sua equipa depositam mais expectativas?
No ano passado, o feedback recebido dava conta da ausência de jovens, apesar ter sido incrível a presença de professores. Tivemos isso em conta e este ano convidámos cerca de 30 jovens do Porto e de todo o Portugal para participar no Fórum. Vão estar nos seminários e painéis como participantes ativos ao mesmo nível de todos os outros. Será uma ótima oportunidade para os jovens se envolverem na defesa da educação e pensarem para além da aprendizagem nas suas salas de aula.
Para aqueles que não irão estar presencialmente no Fórum, de que forma poderão participar?
Para o Fórum deste ano, estamos entusiasmados por poder transmitir ao vivo os painéis de abertura de cada um dos dias. Iremos também partilhar muitas aprendizagens, debates, progressos e atualizações gerais através das redes sociais do Escolas 2030 e da AKF. Deste modo, as pessoas que não possam comparecer pessoalmente poderão fazer parte do Fórum de forma virtual.
Participe:
Veja o programa completo do Fórum Global Escolas2030 de 2023