Ottawa, Canadá, 9 de Maio de 2022 – O comissário-geral do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, apelou à intervenção no combate às alterações climáticas – um fator significativo que tem contribuído para o agravamento da crise de refugiados a nível mundial.
No mês passado, Filippo Grandi dirigiu-se a funcionários e diplomatas governamentais numa cerimónia organizada em sua honra na Delegação do Imamat Ismaili em Ottawa. O principal objetivo da noite passou por proporcionar-lhe uma oportunidade de partilhar a visão do ACNUR relativamente às principais questões causadoras de migrações a nível global que precisam urgentemente de ser abordadas, e considerar possíveis soluções para essas mesmas questões de forma coletiva. Entre os convidados estiveram o Ministro do Desenvolvimento Internacional do Canadá, o Ministro da Imigração, Refugiados e Cidadania e o Ministro da Habitação, Diversidade e Inclusão, juntamente com mais de 30 embaixadores e figuras proeminentes da sociedade civil.
Grandi aproveitou a oportunidade para saudar o governo canadiano por aquilo a que ele chamou “um programa estrela” entre os programas de realojamento em todo o mundo: “Esta noite tenho a oportunidade de agradecer ao Canadá por este papel exemplar, este papel de liderança que tem vindo a desempenhar a nível mundial no apoio à causa dos refugiados, não apenas no âmbito moral e político, mas também com as contribuições financeiras que tem feito em muitos dos países aqui representados.”
As populações vulneráveis que vivem em alguns dos países mais frágeis e afetados por conflitos no mundo são frequentemente afetadas de forma desproporcional pela crise climática. Grandi observou que 90% dos refugiados são originários de países mais vulneráveis às alterações climáticas e que os países com o maior número de refugiados estão igualmente entre os mais vulneráveis às alterações climáticas: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar.
Grandi observou que o ACNUR, enquanto agência de proteção das Nações Unidas, teve de se adaptar para conseguir cumprir o seu papel, incluindo a salvaguarda da sustentabilidade ambiental das suas próprias instalações e operações, e a garantia de resiliência climática das populações deslocadas e de quem as recebe, através da viabilização do acesso à proteção e assistência. Sublinhou que ficar à espera da catástrofe não é uma opção e que é urgente investir na preparação para evitar novas situações de deslocação de populações causadas pelo clima.
Em viagens recentes ao Tajiquistão e ao Afeganistão, Grandi visitou os programas realizados pelo ACNUR em parceria com a Agência Aga Khan para o Habitat, uma agência da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN). O ACNUR e a AKDN têm uma longa história de colaboração, especialmente na Ásia Central e Meridional e no Médio Oriente, de apoio a populações deslocadas e em risco. As duas organizações estão atualmente a trabalhar em conjunto num programa abrangente de ajuda humanitária no Afeganistão.
O Dr. Mahmoud Eboo, Representante da Delegação do Imamat Ismaili no Canadá, falou acerca da parceria de longa data entre as instituições do Imamat Ismaili e o sistema da ONU num vasto leque de questões, incluindo o realojamento de refugiados, insegurança alimentar, restauro cultural, assistência humanitária e acesso a cuidados de saúde. Referiu ainda que o avô do Aga Khan, Sir Sultan Mahomed Shah Aga Khan, foi o 21.º presidente da Assembleia da Liga das Nações; o seu pai, o Príncipe Aly Khan, ocupou o cargo de Representante Permanente do Paquistão junto da ONU; e o seu tio, o Príncipe Sadruddin Aga Khan, serviu como comissário-geral do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
Grandi prestou igualmente homenagem à extraordinária liderança do Príncipe Sadruddin na expansão do âmbito e da escala do ACNUR, tendo-se tornado uma agência capaz de gerir e dar resposta a crises humanitárias em todo o mundo.
Ao discutir as realidades atuais de deslocação e migração, o Ministro do Desenvolvimento Internacional do Canadá, Sua Excelência Harjit Sajjan, falou acerca da necessidade de mudar as mentalidades, deixando de estarmos focados numa crise humanitária e passarmos a procurar coletivamente garantir que os jovens têm a oportunidade de cumprir o seu potencial. O Ministro Sajjan salientou ainda que os governos, as agências da ONU e as organizações internacionais como a AKDN, trabalhando todos em conjunto em iniciativas de desenvolvimento, são cruciais para os esforços de prevenção de conflitos.