Paris, França, 11-12 de Novembro de 2022 - Como podemos superar a multicrise que o mundo atravessa neste momento? Desde o agravamento das alterações climáticas, as sucessivas vagas de Covid-19 e o aprofundamento das desigualdades, até aos mais recentes e prolongados conflitos geopolíticos de consequências globais, os riscos não poderiam ser maiores. Como evitar uma polarização mundial destrutiva que poderá colocar em risco os esforços coletivos relativos a desafios importantíssimos para a Humanidade?
O Fórum da Paz de Paris 2022 reuniu líderes mundiais e a sociedade civil para procurar respostas a estas questões em Paris, nos dias 11 e 12 de Novembro.
A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN) é um Membro Fundador do Fórum, juntamente com o governo francês e outras organizações selecionadas. A AKDN foi representada no Fórum pelo Príncipe Amyn, que é membro da Comissão Executiva do Fórum, e também pelo Príncipe Rahim, que participou pela primeira vez.
Sua Majestade Rainha Rania Al Abdullah da Jordânia
Para além de explorarem novas formas de gerir as consequências da multicrise – à qual as agências da AKDN está a responder por toda a Ásia Central e Meridional, África Oriental e Médio Oriente – os líderes da AKDN discutiram com os parceiros novas formas de cooperar em cenários de conflito; catalisar soluções climáticas e ambientais; e promover sociedades mais inclusivas e justas.
Matt Reed, Presidente da Fundação Aga Khan no Reino Unido, falou sobre como o trabalho da AKDN tem prosseguido no Afeganistão. Destacou o progresso do Afeganistão nas últimas duas décadas, com melhorias substanciais na mortalidade materna e infantil, na alfabetização dos jovens e nos níveis de educação. Referiu ainda o fortalecimento das estruturas das comunidades locais durante este período. Estas ainda estão ativas e permitem a continuação dos programas de desenvolvimento.
Os debates foram tão variados quanto as dificuldades que o mundo enfrenta. Os tópicos foram desde questões geopolíticas (Como proteger melhor os civis nos conflitos do século XXI; Reinventar a cooperação internacional em saúde através da regionalização; Política externa feminista em ação) a questões emergentes, como Alavancar o potencial da sequenciação genómica, Cooperação Sul-Sul na capacitação cibernética e Gerir os riscos da IA.
Uma característica distintiva do Fórum é o apoio a projetos concretos que funcionem como instrumentos de justiça, normas e boas práticas, ou que construam novas instituições, mecanismos e inovações. Foram escolhidos mais de 60 projetos para exposição no Fórum. O Projeto Caminhos Climáticos do MIT, por exemplo, está a aumentar o alcance de um simulador de soluções climáticas que é usado pelos decisores políticos para observarem o impacto em fatores sociais das decisões de política climática a nível global.
Foram escolhidos dez projetos por um júri de especialistas para serem apoiados durante um ano pelo programa Scale Up, responsabilidade do Fórum, para angariarem fundos, aumentarem a sua visibilidade e implementarem os seus planos. Os projetos estão sedeados em diferentes continentes e variam nos seus objetivos e métodos. Um deles usa milhões de pontos de dados para avaliar automaticamente o impacto não-financeiro das empresas, direcionando o financiamento para empresas que obtêm lucros ao mesmo tempo que fazem a diferença. Outro fornece uma plataforma para fortalecer a resiliência dos jovens na Ásia Central face à desinformação online e ao discurso de ódio.
O presidente francês Macron liderou um painel de discussão sobre o universalismo perante a guerra. Ele disse: “Por trás da palavra universalismo há três coisas. O facto de que os nossos problemas são universais... desigualdade, alterações climáticas, biodiversidade, paz, segurança alimentar... Há um universalismo que está ligado à dignidade humana... e em terceiro lugar, existe o universalismo geopolítico... o direito à autonomia, soberania, integridade territorial.”
David Beasley, Diretor Executivo do Programa Alimentar Mundial, falou sobre a forma como a falta de exportações de alimentos da Ucrânia e de fertilizantes da Rússia agravaram os destrutivos efeitos económicos da COVID, que, combinados com secas generalizadas, tiveram um impacto desastroso na segurança alimentar, particularmente nos países mais pobres. “Estamos atualmente a enfrentar um problema com o preço dos alimentos. No próximo ano, vamos enfrentar um problema com a disponibilidade de alimentos.”
Uma sessão sobre a integração da cultura no cerne das políticas e da cooperação explorou as oportunidades da digitalização, a importância da juventude, as perspetivas trazidas por diferentes línguas e os desafios de possibilitar a expressão cultural a todos.
Mariko Silver, Presidente e Diretor da Fundação Henry Luce
Os representantes de organizações internacionais, governos nacionais e locais, grupos de reflexão, sociedade civil e academia reuniram-se para discutir as alterações climáticas, avaliando se a COP27 pode mudar a trajetória do aquecimento global, e determinando o que acontece se o objetivo de limitar o aumento do aquecimento do planeta em 1,5 graus for falhado. Stewart Patrick, da Carnegie Endowment for International Peace, referiu que as emissões terão de diminuir em 45% até 2030, sendo que atualmente a previsão é que se alcance uma redução de apenas três por cento. Ian Borg, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Assuntos Europeus e Comércio da República de Malta, salientou que, embora outras crises ao longo do último ano tenham sonegado a agenda climática de muitos países, esta geração tem de assumir a responsabilidade pelo futuro. Giuseppe Sala, o autarca de Milão, trouxe uma nota de esperança, dando exemplos de como a cidade de Milão está a reduzir o desperdício de alimentos, a gerar energia através da queima de resíduos, a modernizar edifícios para serem eficientes a nível energético e a criar novos empregos no sector dos transportes coletivos sustentáveis.
Sua Majestade Rainha Rania Al Abdullah da Jordânia
NOTAS
O que é o Fórum da Paz de Paris?
Fundado pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2018, o Fórum é uma plataforma que procura desenvolver concertação, regras e competências que deem resposta a problemas globais.
O Fórum considera que os problemas globais para os quais não se encontrem soluções em cooperação darão origem a conflitos. O Fórum visa contribuir para colmatar o fosso em matéria de gestão, reunindo todas as partes interessadas para desenvolver soluções concretas, quando estas não existam.
AKDN – Um Membro Fundador
Juntamente com o governo francês e outras organizações selecionadas, a AKDN é Membro Fundador do Fórum da Paz de Paris. Esta parceria tem por base uma missão partilhada de reforço da gestão global e de abordagem das questões de desenvolvimento global mais prementes do nosso tempo.
Os parceiros do Fórum da Paz de Paris incluem fundações, empresas, agências de desenvolvimento, estados ou fundações filantrópicas que partilham os objetivos do Fórum e ajudam a promover soluções para os desafios de gestão global nas suas respetivas áreas de especialização.
Entre estes incluem-se: a Comissão Europeia; a Microsoft; a Fundação Rockefeller; a Fundação Bill & Melinda Gates; a Bloomberg; o Grupo AFD; a Fundação Ford e o Banco Mundial, entre outros.
A relação da AKDN com França
Há décadas que a AKDN promove parcerias com o governo francês e numerosas organizações francesas em atividades de desenvolvimento social, cultural e económico. Os projetos incluem o Centro Cardiológico e Oncológico do Hospital da Universidade Aga Khan em Nairobi; o Instituto Médico Francês para Mães e Crianças no Afeganistão; um programa no valor de 80 milhões de dólares para melhorar as unidades de saúde na Tanzânia; trabalhos de restauro cultural no Paquistão; a Barragem de Bujagali no Uganda; e a Roshan, a primeira operadora móvel do Afeganistão. Já houve artefactos da coleção do Museu Aga Khan expostos no Louvre, em Paris, e os dois museus continuam a colaborar em vários projetos. O Programa Aga Khan para a Música também levou músicos de classe mundial a atuarem em Paris.
Sua Alteza o Aga Khan fundou a Fundação para a Salvaguarda e Desenvolvimento da Região de Chantilly. Tornou-se Comendador da Legião de Honra (1990), membro da Academia de Belas Artes (2008), uma das mais antigas academias de França, e Comendador da Ordem das Artes e das Letras (2010).