Afeganistão · 15 abril 2021 · 3 Min
Em Dasht-e-Dehkhaw, em Badakhshan, no Afeganistão, a Agência Aga Khan para o Habitat (AKAH), em conjunto com a comunidade local, plantou 3000 árvores para ajudar a estabilizar uma encosta perigosa e proteger a aldeia abaixo de deslizamentos de terras mortais. Estas árvores fazem igualmente parte da solução para uma ameaça ainda maior que paira sobre esta comunidade. À medida que vão crescendo, estas árvores retiram CO2 da atmosfera, funcionando como um reservatório natural de carbono de apoio ao combate à crise climática.
O Afeganistão é um dos países no mundo mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas. À medida que as temperaturas continuam a subir, os eventos climáticos extremos e desastres naturais têm tendência para piorar, intensificando as vulnerabilidades de uma população que enfrenta décadas de conflito, deslocamento e instabilidade. Neste contexto, uma ação climática corajosa que multiplique esforços como a plantação de árvores em Dasht-e-Dehkhaw é uma prioridade premente.
A Agência Aga Khan para o Habitat e a Arup estão a trabalhar com a Agência Nacional de Proteção Ambiental do Afeganistão (NEPA) para definir um novo compromisso nacional para com a ação climática em todo o Afeganistão. Através de um projeto financiado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), a AKAH e a Arup estão a trabalhar com o NEPA e o PNUD Afeganistão para rever a Contribuição Determinada a Nível Nacional (NDC) do Afeganistão, definindo as ações e objetivos do país no sentido de reduzir as emissões nacionais de gases de efeito de estufa e de se adaptar aos impactos das alterações climáticas. As NDC são a essência do compromisso de cada país com o Acordo de Paris. Estes planos devem ser atualizados a cada cinco anos e a AKAH e a Arup estão a proceder à primeira atualização da NDC do Afeganistão.
O objetivo é desenvolver um plano nacional de ação climática mais forte e inclusivo com metas ambiciosas de mitigação e adaptação às alterações climáticas. Para além de reverem e melhorarem as metas, políticas e medidas existentes, a AKAH e a Arup estão a procurar incorporar novos sectores e, mais importante, desenvolver uma vontade política e apropriação por parte da sociedade deste plano fundamental através de um envolvimento amplo e inclusivo de toda a sociedade. Ezatullah Sediqi, Delegado Técnico do NEPA, destaca a importância de um envolvimento alargado: “Podemos combater os efeitos negativos das alterações climáticas através da difusão do conhecimento com vista à adaptação e implementação.”
Para garantir que a NDC é fundamentada por agentes do governo e pelos cidadãos, a AKAH e a Arup têm envolvido uma vasta gama de departamentos governamentais, intervenientes do sector privado, câmaras de comércio afegãs, grupos vulneráveis, representantes de mulheres, grupos de jovens e universidades, ONG nacionais e internacionais e organizações da sociedade civil.
Em Fevereiro e Março, a AKAH e a Arup, em colaboração com o NEPA e o PNUD, organizaram três reuniões nacionais com participantes do governo, sector privado e sociedade civil para rever a NDC atual, tendo ficado agendadas duas consultas provinciais e subnacionais. Nas consultas nacionais, os 100 participantes discutiram as principais prioridades para o Afeganistão em matéria de alterações climáticas e o seu próprio papel e as políticas, planos e ações relevantes para abordar estas prioridades. Está planeada outra ronda de consultas e debates para construir o entendimento e a apropriação da NDC revista por todas as partes interessadas. “Fazer parte da revisão da NDC é para a AKAH uma oportunidade incrível de aumentar os nossos esforços coletivos de combate às alterações climáticas e esperamos que este processo consultivo leve a uma aceitação e incentive a iniciativa de uma ampla gama de agentes do governo, sector privado e sociedade civil”, disse Shodmon Hojibekov, Presidente da AKAH no Afeganistão.
AKAH está a trabalhar com mais de 750 comunidades como a de Dasht-e-Dehkhaw para reduzir o risco de desastres e ajudar as pessoas a adaptarem-se às alterações climáticas, tornando as suas casas e aldeias mais seguras e ecológicas. A AKAH está também empenhada em tornar-se neutra em carbono em todas as suas próprias operações até 2025. Limitar as alterações climáticas e construir resiliência face aos seus impactos no Afeganistão irá exigir um ambicioso plano de ação climática a nível nacional que mobilize esforços de todos os segmentos da sociedade e do governo.