Paquistão · 5 outubro 2022 · 4 Min
Devastação é a única palavra que pode ser usada para descrever o impacto das chuvas e das cheias sem precedentes no Paquistão. Existem enormes extensões do país submersas, com 33 milhões de pessoas afetadas ou deslocadas. Mais de um milhão de casas foram total ou parcialmente danificadas. Cerca de 13 000 km de estradas e 440 pontes foram destruídas ou arrastadas, impedindo as populações de fugir para áreas mais seguras ou de viajar para ter acesso a cuidados de saúde e a outros serviços vitais. Morreram mais de 1,1 milhões de animais de pecuária – uma fonte fundamental de alimento e subsistência. A devastação é de tal forma inaudita que o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse: “nunca ter visto uma carnificina climática desta escala”.
Como resposta a esta crise, a Fundação Aga Khan (AKF) e as agências da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), em conjunto com agências humanitárias locais e internacionais, estão a trabalhar com o Governo do Paquistão para prestar ajuda humanitária urgente. Até ao momento, a Agência Aga Khan para o Habitat, a principal agência da AKDN na resposta às cheias, evacuou mais de 9000 pessoas das áreas afetadas, tendo providenciado cabazes alimentares a mais de 4000 famílias. Para além disso, a Universidade Aga Khan e os Serviços Aga Khan para a Saúde criaram acampamentos de saúde para mais de 100 000 pessoas.
O nosso plano geral de resposta é composto por três fases com uma forte concentração em Sinde, Khyber Pakhtunkhwa e Gilguite-Baltistão.
1. Resposta e Auxílio de Emergência – 6 meses
Este primeiro elemento é o mais urgente e irá assegurar atividades contextualizadas de resposta a emergências que irão proporcionar um apoio fundamental às comunidades afetadas e vulneráveis. As agências da AKF e da AKDN ativaram recentemente um programa de seis meses de resposta às necessidades humanitárias imediatas de 700 000 pessoas com mais necessidade de assistência em Sinde, Gilguite Baltistão e nos distritos de Khyber Pakhtunkhwa, no Alto e Baixo Chitral.
As principais atividades incluem avaliações rápidas das necessidades das comunidades com vista a identificar famílias vulneráveis, disponibilizar tendas resistentes a todos os climas, alimentos nutritivos e cuidados de saúde de emergência, assim como proceder à recuperação de recursos essenciais para as comunidades.
2. Recuperação Rápida – 6 a 12 meses
As intervenções visam reduzir a vulnerabilidade após as perdas imediatas por parte das comunidades e antecipar o impacto prolongado nas condições de vida e saúde e nos meios de subsistência das populações. Tendo em conta que o inverno se aproxima rapidamente, estas intervenções serão consideradas urgentes e irão oferecer acesso a serviços essenciais, aumentar a capacidade das comunidades recuperarem mais rapidamente do choque e apoiar o restauro dos meios de subsistência. Estas medidas irão ajudar a apoiar a resiliência das famílias e das comunidades e a preservar o maior número possível de progressos ao nível do desenvolvimento obtidos anteriormente.
As principais atividades incluem a instalação de abrigos transitórios resistentes a todos os climas e serviços básicos de água e saneamento, como sanitas, fossas sépticas e bombas de água; a recuperação de terrenos para agricultura, pecuária e silvicultura; e o fornecimento de sementes, fertilizantes e outros produtos agrícolas aos agricultores. Esta fase irá ainda incluir o restabelecimento das estradas, pontes e microcentrais hidroelétricas, assim como a atribuição de pequenos subsídios de recuperação às microempresas, com o intuito de contribuir para a recuperação económica. Os sectores da saúde e da educação, ambos fortemente afetados, serão também apoiados, com vista à recuperação e desenvolvimento de capacidades, assegurando em particular que as mulheres e raparigas não são deixadas para trás.
3. Reabilitação e Reconstrução – 3 anos
Os danos físicos causados pelas cheias levaram a uma perda significativa de infraestruturas que antes eram fundamentais na prestação de serviços básicos. A sua reconstrução irá exigir esforços de longo prazo e estratégias resilientes ao clima que irão proteger as comunidades e os seus meios de subsistência no futuro. As cheias deste ano são indicativas de um agravamento das catástrofes climáticas no país, que irão ter um maior impacto em zonas sensíveis, como as zonas costeiras e montanhosas. A AKF e as agências da AKDN estão empenhadas em fazer uma reconstrução melhor e mais ecológica, e apoiar a recuperação económica das áreas afetadas no longo prazo. A reabilitação e a reconstrução irão centrar-se em zonas altamente vulneráveis, mais remotas e isoladas, e em zonas propensas a catástrofes.
Nesta última fase da nossa resposta às cheias, iremos proceder à reabilitação e reconstrução de infraestruturas fundamentais, incluindo muros de proteção contra cheias, sistemas de abastecimento de água, e a impermeabilização de unidades de saúde, para além do desenvolvimento de capacidades na gestão de doenças.
A AKF e as agências da AKDN têm uma longa presença no Paquistão e um compromisso para com o país, trabalhando em estreita colaboração com as comunidades, o governo e outros parceiros para melhorar a qualidade de vida das populações mais marginalizadas. Juntos, estamos a trabalhar para prestar ajuda humanitária imediata, restaurar infraestruturas básicas e meios de subsistência e desenvolver a resiliência no longo prazo para futuras situações de catástrofe. Estamos empenhados em apoiar o povo do Paquistão neste momento devastador.