Afghanistan · 20 abril 2022 · 4 Min
O ambiente montanhoso, o isolamento geográfico, a dependência da agricultura e o impacto das alterações climáticas contribuem para tornar os residentes de muitas partes do Afeganistão altamente vulneráveis a desastres. Inundações, terramotos, secas, deslizamentos de terras e avalanches tiram vidas e destroem meios de subsistência.
A Agência Aga Khan para o Habitat (AKAH) trabalha com as comunidades no Afeganistão desde 1996, altura em que o seu antecessor, a FOCUS, começou a prestar apoio durante uma grave crise alimentar. Desde então, já desenvolvemos 728 planos de gestão de desastres ao nível das aldeias e criámos, formámos e equipámos 100 equipas de resposta em 2021 e 746 equipas de resposta no geral. A AKAH também já deu resposta em mais de 1910 situações de desastre.
O nosso trabalho continua independentemente da recente mudança de governo. Estamos a apoiar populações vulneráveis nas províncias do norte e nordeste do Afeganistão, prestando ajuda humanitária e desenvolvendo a resiliência a desastres.
Foram instalados sistemas de comunicação de emergência em 187 aldeias.
AKAH
“A AKAH adota uma abordagem coordenada e proativa para ajudar as comunidades a reduzirem o risco de desastres”, disse Shodmon Hojibekov, Presidente da AKAH Afeganistão.
“Em primeiro lugar, trabalhamos com as comunidades para tomar medidas que evitem problemas – construindo muros ou plantando árvores para retardar um deslizamento de terras ou promovendo técnicas e planeamentos de construção mais seguros. Em seguida, garantimos que as comunidades estão formadas e sabem quando e para onde fazerem a evacuação, ou que estão equipadas para prestar primeiros socorros e realizar resgates de emergência em situações de desastre. Por fim, ajudamo-las a reconstruir melhor quando o pior acontece.”
Prevenção
A AKAH tem trabalhado na redução do risco de desastres no Afeganistão desde 2008, reforçando a capacidade das comunidades e das autoridades ao nível da avaliação, preparação e reposta a desastres. Trabalhámos com quase 800 comunidades para avaliar os riscos e a vulnerabilidade que estas enfrentam face a vários desastres naturais e para implementar medidas para mitigar estes riscos. Continuamos a atualizar estas avaliações e a expandir estas medidas.
Este ano, trabalhámos com a agência de refugiados da ONU, ACNUR, num projeto de habitação resiliente. Vinte e cinco trabalhadores qualificados aprenderam a construir casas seguras, a reabilitá-las sempre que necessário e a reajustá-las contra terramotos, inundações, torrentes de detritos, avalanches e outros desastres naturais. A sessão teórica abordou a identificação de perigos, seleção de locais, tipologia dos edifícios, estruturas de alvenaria, estruturas de betão e a segurança na construção. Os participantes colocaram depois em prática os seus conhecimentos, desenvolvendo as suas competências em todas as áreas, desde a cantaria à carpintaria, durante a construção de uma casa modelo sob a orientação de um engenheiro da AKAH.
Também estamos a trabalhar para introduzir designs e técnicas de construção mais ecológicas e de baixo carbono para ajudar as comunidades a adaptarem-se e a mitigarem as alterações climáticas. Formámos 25 pedreiros para produzirem blocos de construção regionalmente que misturam areia e cascalho locais com menores quantidades de cimento. Criam blocos de betão com menor condutividade térmica, melhorando a eficiência energética. Estamos a formar pedreiros para usarem estes materiais em conjunto com a cantaria local em técnicas de construção e designs domésticos resistentes a sismos, mais seguros e energeticamente mais eficientes.
Resposta
Embora os desastres não possam ser completamente evitados, uma boa preparação salva vidas. Nas áreas remotas de montanha do Afeganistão, onde o acesso por parte de ajuda externa pode ser complicado, é essencial ter socorristas de emergência formados localmente. Em 2021, o Departamento de Gestão de Emergências da AKAH formou 2426 pessoas em resposta a emergências. Isto incluiu a formação de 2050 pessoas na prevenção e resposta a avalanches.
Formámos 690 pessoas para criar Equipas Escolares de Resposta a Emergências e 100 pessoas para criar Equipas Hospitalares de Resposta a Emergências. Esta medida garante que, em caso de desastre, existem pessoas dentro da comunidade formadas para ajudar a organizar evacuações e abrigos e para prestar primeiros socorros. Este inverno, estes voluntários formados ajudaram a evacuar 519 pessoas em segurança durante mais de 451 incidentes de avalanches nas áreas abrangidas pelo programa da AKAH.
Instalámos sistemas de comunicação de emergência em 187 aldeias e mantemos um contacto regular com elas. Sessenta e oito aldeias não têm meios de comunicação, e iremos estender estes sistemas a mais 53 aldeias em 2022. Os 65 450 residentes destas aldeias remotas, isoladas e de alto risco agora podem ligar para a nossa equipa de emergência 24 horas por dia, 7 dias por semana, em caso de incidente.
Reconstrução
A Ponte de Sargaz permite que os habitantes próximos importem mantimentos, acedam a hospitais e mercados e enviem as crianças para a escola do outro lado do rio. Construída pela FOCUS em 2007, foi destruído duas vezes por fortes chuvadas e degelos glaciais, causando torrentes de lama e detritos.
Na sequência de um pedido feito pela comunidade, a AKAH reconstruiu e reforçou a estrada e a ponte de Sargaz com vigas e placas de aço. Mais de 1400 residentes de seis aldeias foram beneficiados diretamente, assim como as outras comunidades de Wakhan e Pamir.
“As pessoas que vivem nas proximidades da ponte eram incapazes de se deslocar para o outro lado do rio, o que criava problemas significativos. As mulheres e os estudantes que precisavam de acesso às escolas ou ao seu local de trabalho ficavam retidos”, disse Faridoon Sharifi, Engenheiro de Campo da AKAH Afeganistão. “No entanto, agora já podem aceder facilmente às suas casas e locais de trabalho.”