Fundação Aga Khan
Tajiquistão · 26 julho 2023 · 5 Min
AKDN / Orzu Sobirov
Estratégia Nacional de Desenvolvimento da República do Tajiquistão para o Período até 2030
A Fundação Aga Khan (AKF) trabalha em parceria com o Governo, a comunidade internacional e o sector privado local para construir um Tajiquistão mais próspero para todos. A agricultura representa mais de 22% do PIB do Tajiquistão e a AKF ajuda os agricultores e as micro e médias empresas a aumentar a sua produtividade, a expandir o seu alcance para lá das fronteiras do Tajiquistão e a criar empregos para a população.
A AKF trabalha com grupos de produtores para formar aglomerados de produtores. Estes permitem que os produtores colaborem e aprendam entre si com vista a melhorar a produção, comercialização e distribuição agrícola, chegando a mercados maiores. A AKF também apoia os agricultores a aumentarem a sua literacia financeira e a eliminarem as barreiras no acesso ao financiamento.
Conheça alguns dos agricultores e outros residentes de zonas rurais com quem a AKF trabalha.
Hikmatov Mirzo cria abelhas há quase 20 anos.
AKDN / Lambert Coleman
Hikmatov Mirzo, de sessenta anos, da aldeia de Veshab, no distrito de Aini, em Sughd, era agricultor, mas desde 2005 que tem vindo a trabalhar como apicultor, depois de perceber que poderia obter um bom salário com uma atividade que adora. Tem 20 colmeias, que em 2022 lhe renderam 500 kg de mel. "É preciso ser paciente e esforçado", diz Hikmatov. “O meu segredo é a minha experiência, aprender, experimentar e observar a experiência de outros apicultores.”
Hikmatov mostra o seu mel e as suas velas de cera de abelha.
AKDN / Lambert Coleman
O Programa de Apoio ao Desenvolvimento das Sociedades de Montanha (MSDSP), iniciado pela AKF, envolve as comunidades em projetos que desenvolvem oportunidades passíveis de aumentar os rendimentos e melhorar o acesso da comunidade à educação, saúde e agricultura de qualidade. Hikmatov participou em seminários do MSDSP sobre a criação de abelhas durante a estação de inverno, o aumento da produção e a comercialização do seu mel. Durante a formação, ele participou em exposições em Dushanbe e Khujand, estabelecendo contacto com dois novos compradores.
Khushvaqtov Junaidullo cuida das suas plantações.
AKDN / Lambert Coleman
Khushvaqtov Junaidullo vive na aldeia de Pushti Qurghon, em Panjakent, com a sua esposa e oito filhos. Aprendeu a trabalhar na agricultura com o pai e cultiva batatas, cenouras, frutas e muito mais para vender nos mercados locais.
A nova estufa de Khushvaqtov permite-lhe cultivar tomates independentemente das condições climáticas.
AKDN / Lambert Coleman
Ele participou em formações através do MSDSP em 2018, durante as quais foi aconselhado a comprar uma estufa. Agora pode cultivar tomates em quaisquer condições climáticas, uma cultura que anteriormente era muito incerta nesta parte montanhosa do Tajiquistão.
Kholiqova Jumagul (à direita) e Rahmonova Sayohat caminham até às pastagens para cuidar das suas vacas.
AKDN / Lambert Coleman
Na aldeia de Fatmovut, em Ayni, as três vacas que cada família possui (em média) são recursos importantes. Kholiqova Jumagul, que tem quatro filhos e um marido que trabalha como operador de escavadora, tem duas vacas, que produzem em conjunto 18 litros de leite por dia. Mas na tentativa de processar e vender o leite em excesso para obter rendimentos, ela via-se limitada a fazer bolas de leite em pó e iogurte.
Em 2017, a AKF incentivou as mulheres que fabricam produtos lácteos a formar um aglomerado. Kholiqova e outras nove mulheres juntaram-se ao grupo de mulheres de Iftikhor. Estas receberam um separador, para separar o leite da manteiga. Kholiqova atualmente também consegue fazer manteiga e creme de leite. Ela usa três litros de leite em casa, faz produtos lácteos com os restantes e vende os seus produtos nas proximidades.
Kholiqova Jumagul (à esquerda) e Rahmonova Sayohat (à direita) começam a processar o leite.
AKDN / Lambert Coleman
O aglomerado conta agora com 25 membros, com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos. Juntos, têm planeada a compra de outras raças de vacas, que produzem mais leite, para aumentar a escala de produção.
Os produtos lácteos fermentados produzidos pelo grupo incluem o qurut (creme fermentado seco), o smetana (creme de leite fresco), a manteiga e o chakka (iogurte coado).
AKDN / Lambert Coleman
Kholiqova Jumagul
Qosimov Saidjafar trabalha no laboratório pecuário de Ayni há quatro anos, após ter obtido formação em Dushanbe.
AKDN / Lambert Coleman
Tal como o grupo de Iftikhor, muitos agricultores do distrito de Ayni, em Sughd, dependem do seu gado para conseguirem obter produtos lácteos e carne ao longo de todo o ano. No entanto, a falta de medidas diagnósticas e preventivas contra a brucelose, que afeta os animais e pode causar endocardite ou meningite em humanos, vinha resultando na disseminação de infeções e em perdas económicas. A testagem só estava disponível a três horas de viagem, em Panjakent.
Em 2017, um programa da AKF/Comissão Europeia, Melhorar os Meios de Subsistência e a Segurança Alimentar através da Gestão Sustentável dos Recursos Naturais, abriu um laboratório pecuário em Ayni. “Há oito veterinários, um por cada Jamaat (comunidade), que recolhem o sangue do gado no distrito de Ayni e trazem-no até cá para ser testado”, explica a assistente de laboratório Himoyat Aslanova.
O ovoscópio permite ao utilizador ver o interior dos ovos e detetar quaisquer problemas.
AKDN / Lambert Coleman
O laboratório está equipado para detetar doenças zoonóticas em bovinos, caprinos e ovinos, e possui microscópio, frigorífico, incubadora e um ovoscópio para testar a qualidade dos ovos. Entre Janeiro e Maio de 2023, antes de o gado ser transferido para as montanhas durante o Verão, a equipa realizou 5000 análises em bovinos e quase 3400 análises em caprinos.
Zohidova Ramziya realiza análises no laboratório.
AKDN / Lambert Coleman
Os agricultores inicialmente não estavam dispostos a aceitar a testagem gratuita, pois estavam preocupados que os seus animais pudessem ter de ser abatidos. No entanto, perceberam que a testagem regular fez com que o número de animais diagnosticados com brucelose diminuísse de 40-45 vacas por ano para três ou quatro. O último caso, em Maio de 2023, aconteceu na aldeia de Zerbad, onde dois veterinários foram prestar assistência.
Qurbonov Ne'matullo vive na aldeia de Foni, em Panjakent, com a mulher, os dois filhos, a nora e dois netos.
AKDN / Lambert Coleman
Qurbonov, que cultiva arroz, batata e milho, possui também seis vacas, cinco ovelhas e três cabras. É membro do aglomerado de produtores de arroz da aldeia, para o qual o MSDSP cofinanciou a aquisição de uma motoenxada (pequeno trator) em Março de 2023.
Qurbonov foi escolhido para comprar a motoenxada, pois tinha a experiência e a liquidez para contribuir com 9000 somones (824 dólares) que complementassem os 20 000 investidos pelo MSDSP (1832 somones). A máquina é alugada a outros membros do aglomerado por 12,5 somones (1,25 dólares) por hectare, e pelo dobro desse valor a não-membros. Deste modo são capazes de cobrir mil metros quadrados numa hora com pouco esforço, uma área que manualmente demoraria três a quatro dias. Qurbonov espera recuperar a sua contribuição durante a época de colheita.
Qurbonov mostra a motoenxada.
AKDN / Lambert Coleman
Karimova Sumangul usou as informações e equipamentos da Thrive Tajikistan para iniciar o seu negócio.
AKDN / Firuzai Muzaffar
Karimova Sumangul, do distrito de Dusti, em Khatlon, inspirou-se numa das pequenas empresas apoiadas pela AKF em Rasht. “Quando vi a aldeia, estava cheia de lindas cercas feitas de blocos de cimento. Pareciam tão elegantes quando comparadas com as nossas cercas verdes em alumínio, então decidi que queria essa mesma beleza na minha aldeia.”
O projeto Thrive Tajikistan: Parceria para o Desenvolvimento Socioeconómico, cofinanciado pela USAID e pela AKF, concedeu-lhe uma máquina de produção de blocos de cimento, formação para a sua utilização e uma visita guiada por Rasht para aprender as melhores práticas, tendo encontrado blocos com diferentes formas muito populares na sua aldeia, Pasariq. Ela formou um grupo de interesse comum responsável por uma empresa de blocos de cimento. Atualmente tem três empregados do sexo masculino e ambiciona expandir ainda mais o seu negócio.