Índia · 18 março 2021 · 3 Min
Situado na região de Konkan, no estado indiano de Maharashtra, o distrito de Palghar é o lar de comunidades tribais e piscatórias que muitas vezes não têm acesso a serviços básicos, como água, saneamento e assistência médica. Devido ao seu isolamento geográfico e social, este fica muitas vezes de fora de importantes programas governamentais, como a Swachh Bharat Abhiyan, ou Missão Índia Limpa, iniciada pelo Governo da Índia em 2014 para eliminar a defecação a céu aberto e melhorar a gestão de resíduos sólidos. A topografia acidentada e o terreno rochoso desta região, associados à desflorestação, causaram uma rápida erosão do solo, depauperando os níveis dos aquíferos e levando a uma escassez sazonal de água no verão, que costuma ser acentuada.
Desde abril de 2017, a Agência Aga Khan para o Habitat (AKAH) na Índia, através do seu Programa de Melhoria da Saúde Ambiental, tem trabalhado para melhorar o acesso destas comunidades a água potável em quantidade suficiente e de boa qualidade. A AKAH tem trabalhado com as comunidades para registar e mapear as fontes hídricas e implementar medidas para aumentar o potencial de cada fonte. Criou ainda planos de desenvolvimento de bacias hidrográficas para cada aldeia. Estas intervenções têm-se revelado fundamentais no apoio às comunidades para que estas abordem as suas necessidades em matéria de água e saneamento durante a pandemia da COVID-19, uma altura em que muitas comunidades sofreram uma pressão adicional sobre os recursos já escassos.
Na aldeia de Devli Pada, localizada no taluka (subdistrito) de Vasai, no distrito de Palghar, um poço era a única fonte de água para toda a aldeia. O poço não proporcionava água limpa durante a época das monções e secava dois meses todos os anos durante o verão. Durante estes meses, os habitantes, especialmente as mulheres, tinham de viajar mais de 1,5 km por terrenos acidentados cheios de cobras para recolher água. Uma vez que Devli Pada fica situada numa área de Reserva Florestal, a construção de um novo poço exigiu uma série de autorizações por parte dos departamentos de floresta e vida selvagem e do gram panchayat (órgão diretivo de uma aldeia) da região.
Após a resolução destes processos, em Março de 2018, a AKAH concluiu a construção de um poço aberto. Infelizmente, este poço secou passado um mês. A AKAH levou a cabo um estudo hidrogeológico que indicou que a construção de uma fossa subterrânea iria ajudar a recarregar os níveis dos aquíferos e a restaurar a capacidade do poço. Inicialmente, alguns membros da comunidade local opuseram-se aos planos para a fossa porque temiam que isto tivesse um impacto negativo no abastecimento de água para os seus terrenos. A AKAH trabalhou com os agricultores locais para explicar o projeto e os seus benefícios e garantir o seu apoio. No início de 2020, a construção da fossa ficou concluída.
Hoje a comunidade não só tem acesso a água potável durante todo o ano como conseguiu também dar resposta ao aumento na procura durante a pandemia, dado que os trabalhadores migrantes e sazonais foram forçados a ficar ou regressar à aldeia. Uma vez que o poço fica mais perto da aldeia, as mulheres poupam tempo na recolha de água e podem usar este tempo noutras atividades, incluindo educação e trabalho, contribuindo assim para melhorar o seu estatuto na comunidade. A fossa retém também mais água superficial no solo, melhorando a qualidade dos solos e permitindo que os agricultores cultivem mais culturas sazonais, como o pepino e o feijão indiano.
A AKAH construiu cinco destes sistemas na região, incluindo fossas subterrâneas ou fossas filtradas em zonas rochosas onde as estruturas subterrâneas não são viáveis. Estes sistemas, que estão a permitir o acesso a água potável a mais de 800 pessoas a viver em comunidades marginalizadas, exigem uma manutenção mínima e irão melhorar a segurança da água de forma sustentável ao longo do tempo, uma vez que promovem uma recarga natural dos aquíferos.