Kenya · 21 janeiro 2020 · 3 Min
AKDN
A água agrega todos os aspetos da vida. O acesso a água potável e saneamento pode rapidamente transformar problemas em situações com potencial - permitindo às pessoas ter mais tempo para a escola e o trabalho, e contribuindo para melhorar a saúde de mulheres, crianças e famílias em todo o mundo.
Segundo a Water.org, uma organização sem fins lucrativos que visa fazer chegar água potável e saneamento a todo o mundo, 41% dos 50 milhões de pessoas no Quénia continuam a depender de fontes de água subdesenvolvidas, como rios, lagoas e poços rasos. Isto sucede principalmente nas áreas rurais, como no povoado de Junju, em Kilifi, no Quénia, o qual chamou a atenção de Ambuj Ranjan. Através da sua mãe, que está a investigar Junju para o seu doutoramento, Ambuj, um aluno do Programa de Diploma 2 da Academia Aga Khan de Mombaça, ficou a saber que as pessoas de Junju bebiam água não tratada. Segundo o próprio, isso impeliu-o a encontrar uma solução para apoiar as pessoas em Junju com água potável limpa e segura.
“Só quando visitei a aldeia pessoalmente é que percebi o quão complicadas eram as condições de vida”, disse Ambuj. "Tive de fazer algo, mesmo que fosse algo em pequena escala."
Utilizando materiais de baixo custo e disponíveis facilmente, como brita, lascas de pedra, areia e carvão ativado, Ambuj criou um sistema de filtragem de água que purifica a água contaminada para torná-la potável. A água do rio é testada e declarada própria para consumo por um laboratório independente, e leva quatro horas a ser tratada antes de ser libertada pelo sistema de filtragem. Após uma resposta positiva por parte do povo de Junju, Ambuj enviou mais quatro sistemas de filtragem, que estão agora a ser usados por cerca de 60 pessoas em quatro residências da região.
"O sistema de filtragem é algo muito novo para o povo de Junju", disse Ambuj. "Eles estão acostumados a beber água turva de baixa qualidade e, quando viram água transparente, a expressão deles foi algo que não pode ser expresso por palavras."
Numa carta de agradecimento, o Chefe Assistente de Junju agradeceu a Ambuj em nome da comunidade que beneficiou dos seus filtros de água de 18,5 litros e desejou-lhe boa sorte para as suas futuras iniciativas.
Ambuj Ranjan, a student at the Aga Khan Academy Mombasa, with a member of the Junju settlement in Kenya and his water filtration system.
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"A comunidade está grata pelo seu projeto e pelos seus esforços para o bem da comunidade de Junju", dizia a carta. "Consideramos este projeto muito interessante e desejamos (a Ambuj) tudo de bom."
Em colaboração com o seu irmão e professores, Ambuj disse que espera continuar a sua investigação com vista a oferecer versões sustentáveis, económicas e portáteis deste sistema de filtragem ao povo de Junju. Os seus professores e mentores em ciências, Charles Gumba e Lucy Mwandawiro, disseram que Ambuj cumpre vários dos Perfis de Aluno das Academias Aga Khan, nomeadamente o de líder e administrador.
"Creio que aquilo que há de mais excecional em Ambuj é a forma como ele pegou naquilo que aprendeu e o colocou em prática em prol da comunidade", disse Lucy. “Este projeto foi da exclusiva iniciativa dele - ele não está a ser, de todo, avaliado, o que é incrível. Eu orientei-o no sentido de fazê-lo refletir acerca do processo de filtração, que tipo de filtro usar e onde testar a água para que fosse aceitável. Ele está a crescer como pessoa e é muito apaixonado pela sociedade e quer provocar mudanças, e está a tentar fazê-lo, apesar do seu horário sobrecarregado."
Entretanto, Ambuj está a acompanhar o andamento do seu projeto com o apoio de dois moradores de Junju, que relataram que os sistemas estão a ser usados regularmente com os devidos cuidados. Ambuj disse que a comunidade também recebeu formação para recolher águas pluviais e foi informada acerca da importância do uso dos sistemas de saneamento nas suas atividades diárias. Apesar de receber uma resposta positiva constante acerca do sistema de filtragem, Ambuj disse que a abordagem à questão do saneamento da água é apenas o primeiro passo para resolver outros problemas relacionados com a educação, saúde e qualidade de vida no geral.
Ambuj é aluno da Academia Aga Khan de Mombaça, um programa da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, e a primeira escola de uma rede com planos para incluir 18 academias em 14 países em todo o mundo. A Academia Aga Khan de Mombaça é uma Escola Mundial da International Baccalaureate (IB), que oferece um currículo IB baseado localmente e relevante a nível global. A entrada na Academias não leva em conta a situação económica dos alunos, sendo baseada no mérito. Para mais informações sobre a Academia, visite: http://www.agakhanacademies.org/mombasa