Baisal cresceu em Jalal-Abad, na República do Quirguistão, e passou a infância com os amigos da escola e a ajudar a sua mãe a cuidar dos seus dois irmãos mais novos. No entanto, as suas memórias favoritas são admirar as pinturas da sua mãe que pareciam ganhar vida na sala de estar.
Baisal sempre se sentiu atraído pelas artes, mas em Jalal-Abad as oportunidades para ele fazer carreira como artista eram poucas, uma região que está dependente da agricultura. As possibilidades de emprego eram, no geral, escassas, muito menos aquelas alinhadas com sua paixão. Na República do Quirguistão, uma em cada seis pessoas emigrou para o estrangeiro em busca de melhores oportunidades.
Licenciado numa realidade difícil
Quando era adolescente, Baisal teve noção da dura realidade. A sua mãe solteira recebia um pequeno salário por trabalhar no teatro local e tinha dificuldades em sustentar os seus três filhos. Como o filho mais velho, Baisal matriculou-se numa escola politécnica num curso de programação com um objetivo em mente: ajudar a sua família a tornar-se autossuficiente.
Mesmo com um diploma em programação, Baisal não conseguiu encontrar um emprego no qual pudesse aplicar as suas competências após a licenciatura. Baisal diz que “por algum motivo, mesmo com dois anos a estudar programação, eu não tinha as competências que os empregadores procuravam. Foi bastante difícil para mim arranjar emprego sem nenhuma experiência profissional anterior e sem formação avançada.”
A experiência de Baisal não é única. Mais de um em cada cinco jovens na República do Quirguistão está desempregado, segundo estimativas de especialistas. Alguns jovens desiludidos desistem dos seus sonhos. Dezenas de milhares de jovens como Baisal têm poucas opções para se poderem sustentar. A Fundação Aga Khan está a trabalhar para mudar este paradigma.
Uma nova oportunidade
Baisal encontrou uma alternativa quando ouviu falar de um programa de aprendizagem artístico ministrado em Jalal-Abad através da Demilgeluu Jashtar (Iniciativa Jovem), financiada pela USAID e gerido principalmente pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento das Sociedades de Montanha da Fundação Aga Khan. Este programa tem como objetivo ajudar a força laboral do Quirguistão, especialmente os jovens, a atingir o seu potencial, dotando-os de competências profissionais com muita procura.
Num curso de design de três meses, Baisal adquiriu competências de design gráfico dadas por especialistas. Através do seu empenho, aprendeu rapidamente os meandros da pintura e do desenho e os fundamentos do design gráfico.
O programa de formação foi, segundo ele, "realmente revelador para mim, porque eu não sabia que havia uma área em que eu poderia arranjar um bom emprego que usasse o meu amor pela arte e as minhas competências técnicas de programação."
Combinar as competências com a paixão
Hoje em dia, com 19 anos, Baisal está numa posição vantajosa graças à formação, e está a trabalhar como designer gráfico. O seu novo emprego combina perfeitamente com ele: combina a sua paixão pela arte com as suas competências de programador. Sempre que os seus colegas designers gráficos ou outros têm problemas com a codificação ou com os seus sistemas de TI, pedem ajuda a Baisal.
A mãe de Baisal diz que está “incrivelmente orgulhosa do que o meu filho alcançou. Falo com ele todos os dias e vejo que ele está muito feliz e realizado neste novo trabalho. Acho incrível que ele tenha conseguido encontrar uma oportunidade que lhe permita viver bem e apoiar na educação dos seus irmãos mais novos - e é algo que ele adora também fazer!”
Sonhos para um futuro risonho
O sucesso de Baisal alimentou os seus maiores sonhos para o futuro. Ele continua a estudar programação e design gráfico de forma independente, mantendo-se atualizado com os novos desenvolvimentos na área. Ele espera poupar dinheiro para conseguir candidatar-se à universidade e obter o seu bacharelato em programação, para melhorar ainda mais as suas competências e potencial.
Até 2021, espera-se que pelo menos mais 900 jovens venham a beneficiar de programas semelhantes de formação profissional. Dezenas de milhares de outras pessoas irão beneficiar dos novos cursos ao nível do ensino secundário da International Computer Driving License (ICDL) [Carta de Condução Internacional em Informática], um programa de certificação em informática, para além de capital inicial para startups lideradas por jovens, centros de inovação para o crescimento de negócios e novos centros de competências para a vida.
Este artigo foi publicado originalmente no site da Fundação Aga Khan EUA.