Canada · 10 julho 2019 · 5 Min
O Museu Aga Khan orgulha-se de ter estabelecido, desde 2016, uma parceria com os Cursos de Fotografia Fredric Roberts para mostrar o incrível talento dos estudantes locais. Em apenas dois dias e meio, os alunos do ensino secundário adquirem competências com computadores e câmaras que irão durar a vida inteira. Mas não se trata apenas de obter conhecimento. “A fotografia é uma ferramenta de autoexpressão, e as histórias são muito poderosas”, diz Roberts.
É este foco na narrativa que torna este curso tão singular. Os alunos vêm de diferentes contextos e comunidades para partilhar imagens que lhes chamam a atenção. Assim, e dado que Roberts ministra estes cursos por todo o mundo, eles podem ligar-se a outros jovens fotógrafos num grupo privado do Facebook. “Em vez de ensinar e desaparecer, existe nestes cursos um elemento de educação continuada”, explica Roberts. “Deixamos equipamentos para os estudantes continuarem a utilizar, e o nosso corpo docente continua envolvido com as imagens publicadas no grupo do Facebook.”
Sempre que o curso regressa ao Museu Aga Khan, os ex-alunos partilham os seus conhecimentos com os recém-chegados ao grupo. Esta inestimável experiência de ensino ajuda a desenvolver a responsabilidade, paciência e compaixão. "É incrível ver alguém sem experiência em fotografia tornar-se professor assistente em tão pouco tempo", diz Roberts. Os futuros líderes da nossa comunidade começam com um simples clique de uma câmara.
Para saber mais sobre o impacto do programa, falámos com quatro estudantes do mais recente curso de fotografia.
Zenia Rangwala, 15 anos, da Índia
Fala-nos da tua fotografia
A minha fotografia é de pessoas de diferentes raças e culturas que estão a jogar um jogo juntas. Eu queria expressar o multiculturalismo e mostrar que o Canadá é uma nação diversificada. Eu queria expressar que as pessoas podem unir-se e trabalhar em equipa para resolver problemas. É uma mensagem importante para mim porque eu imigrei para o Canadá há cerca de sete anos, e saber que o Canadá aceita pessoas de diferentes cores e religiões permitiu-me criar um sentimento de pertença neste país.
Este curso mudou a tua visão do mundo?
Sim, mudou! O curso levou-me a querer capturar todas as coisas bonitas da minha cidade, assim como os problemas que se estão a passar. Este curso fez de mim uma pessoa melhor. Ao tirar fotos da minha cidade e comunidade, fiquei mais consciente acerca dos problemas e desafios que estão a acontecer e comecei a ver a minha cidade de forma diferente. Também comecei a reconhecer e a apreciar as coisas boas. A fotografia ajudou-me a contar a minha história - permitiu-me educar as pessoas através do poder das imagens.
Saleh Khudayar, 17 anos, do Afeganistão
Fala-nos da tua fotografia
Tirei esta foto numa viagem ao Gabinete do Bairro de Thorncliffe - onde estavam mulheres de diferentes países a fazer maravilhosas peças de arte e vestuário. Foi uma cena familiar para mim porque já tinha visto pessoas a fazer este tipo de trabalho no Paquistão. Foi como um vislumbre da minha terra.
Este curso mudou a tua visão do mundo?
Era interessante enviar todos os alunos para o mesmo local para tirar fotos, mas, no final do dia, as fotos eram todas tão diferentes. Cada um de nós tinha uma perspetiva diferente. Foi giro ver as fotos de toda a gente e falar sobre elas.
Que impacto teve este curso na tua vida?
A primeira vez em que participei, foram os meus pais que me disseram para me inscrever. Eu não tinha grande interesse por fotografia, mas agora gosto muito. Vou voltar a fazer outro curso no outono, que será o terceiro. Da última vez, fui selecionada para ser mentora dos novos grupos porque já tinha experiência. Foi muito bom partilhar as minhas competências e ensinar os outros. Conheci muita gente fixe e fiz grandes amizades.
Aria Noori, 17 anos, do Paquistão
Fala-nos da tua fotografia
Nem sempre sabia aquilo que queria fotografar, então agarrava na minha câmara e ia dar uma volta de bicicleta. Ia sem um destino ou objetivo definido. Quando via algo que me chamava a atenção, pegava na minha câmara e tirava fotos com diferentes técnicas. O meu trabalho era procurar algo relacionado com o tema dos “objetivos sustentáveis”. Eu queria mostrar a minha gratidão pelo Canadá porque temos muita sorte em ver as nossas necessidades básicas satisfeitas - nem toda a gente no mundo pode dizer o mesmo. Espero que, ao olharem para a minha fotografia, as pessoas se lembrem daqueles que não têm muito, e que pensem em como podem ajudá-las nos seus gestos quotidianos.
Que aprendeste neste curso?
Aprendi que a fotografia é uma forma de fazer o tempo parar. A câmara é um modo de capturar memórias. Podemos sempre voltar a uma foto e recordar a sensação que tivemos quando a tirámos. Conhece aquela sensação de recordar eventos passados através de um cheiro específico? É exatamente isso o que as fotos fazem - é como um perfume para os olhos.
Este curso mudou a tua visão do mundo?
Depois de fazer este curso, ganhei uma perspetiva diferente - uma perspetiva de fotógrafo. Uma coisa pequena e sem sentido pode tornar-se muito poderosa e viva numa imagem. Temos de ser os realizadores da fotografia e garantir que esta será compreendida da forma que queremos que seja. Aprendi que uma imagem pode ter um grande poder na mente de alguém. Todos podem vê-la de forma diferente, mas no final do dia, ela fará as pessoas pensarem.
Madalina Raduta, 18 anos, da Roménia
Fala-nos da tua fotografia
A minha fotografia estava relacionada com o tema da vida saudáveis e do bem-estar para todas as idades. Nesta foto, as crianças estão a fazer o aquecimento, ao lado dos residentes de uma casa de repouso, em preparação para uma aula de dança. Em conjunto, são capazes de se divertir e de viver as suas vidas ao máximo, num ambiente feliz e saudável. Nesta foto, eu queria capturar especificamente o facto de uma pessoa se poder divertir em qualquer idade - tanto as crianças do infantário como os residentes de uma casa de repouso.
Este curso mudou a tua visão do mundo?
Sempre gostei de artes desde pequena, principalmente pintura e desenho. Gostava de observar as minhas histórias a surgir aos poucos no papel a cada pincelada que dava. Através do Curso de Fotografia Frederic Roberts, não só aprendi a expressar-me e a contar a minha história, como também as vidas e as histórias de outras pessoas em meu redor. Aprendi verdadeiramente a tirar uma fotografia e não apenas a apontar e disparar. Este curso ajudou-me a usar a minha criatividade no sentido da capacitação, e a ensinar os outros acerca daquilo que aprendi através da transmissão das minhas competências.
Para saber mais e assistir a um breve vídeo sobre outras colaborações da AKDN com os Cursos de Fotografia Fredric Roberts, clique aqui .