Luis Monreal.

AKDN

disposição da comunidade. Por isso, usamos a cultura como uma alavanca, um trampolim para melhorias na qualidade de vida em geral. Acreditamos que a cultura em geral e o património histórico em particular podem ser dinamizadores de uma comunidade. Vejamos o ressurgimento das peregrinações às khanqahs no Paquistão, ou os dois milhões de pessoas que todos os anos visitam o Parque Azhar no Cairo, ou os piqueniques em Baghe Babur em Cabul.


As operações culturais podem criar oportunidades económicas imediatas numa comunidade. As atividades agrícolas podem demorar a tornar-se uma fonte estável de rendimentos, mas o desenvolvimento de recursos no sector do património cultural pode beneficiar a comunidade de forma rápida, principalmente através de uma série de negócios relacionados com o turismo. Para as comunidades que só veem nuvens no horizonte ou que tenham já perdido a esperança, isto é importante.


Sua Alteza o Aga Khan percebeu o poder da cultura quando, em 1983, perguntou, “Qual será o impacto disto nas gerações futuras? Será que os jovens destes países vão reconhecer a sua própria identidade cultural nestes edifícios daqui a dez, quinze ou vinte anos? Ou irão ver-se numa situação em que terão alcançado a independência política, mas terão uma extrema dificuldade em reavivar as suas próprias tradições culturais? Quais serão as consequências... quando o património cultural se perder?” (Entrevista com Paul Chutkow: “A Visão do Aga Khan”, Revista Connoisseur, Setembro de 1983)


A resposta do Fundo a esta pergunta é a necessidade de preservar o património cultural para que possa ser apreciado pelas gerações presentes e futuras. Acreditamos que a cultura - e refiro-me a ela enquanto património histórico tangível como monumentos, parques, jardins e museus, e enquanto manifestações imateriais da cultura, como a música - deve ser preservada e desenvolvida de uma forma abrangente.


Por último, tal como em todos os países em que atua, o AKTC, assim como a AKDN, tem uma visão de longo prazo. Alguns dos nossos programas, iniciados há mais de 40 anos, mostram como a criação de parques e jardins, a conservação de edifícios de referência, as melhorias no tecido urbano ou a revitalização do património cultural podem proporcionar condições para o florescimento de outras formas de desenvolvimento.


Esta vasta experiência adquirida tem revelado que existem benefícios sociais e económicos que são gerados a partir da conservação do património cultural. Estes benefícios incluem a promoção de uma boa administração, o crescimento da sociedade civil, o aumento dos rendimentos e das oportunidades económicas, um maior respeito pelos direitos humanos e uma melhor gestão do ambiente.


Portanto, não pensamos no curto prazo, mas sim nas próximas décadas e gerações.