Salman Beg.

AKDN

Porque deve o Paquistão, um país com tantas carências, apostar na recuperação do património cultural?


Basicamente, os benefícios e o impacto de restaurar e dar uma reutilização ativa aos locais de património cultural superam em muito os custos decorrentes da sua conservação. Gostaria de fazer referência ao trabalho do Fundo Aga Khan para a Cultura (AKTC) nos fortes de Baltit, Shigar, Altit e do Palácio de Khaplu, cujos trabalhos de conservação tiveram um custo de cerca de 7 milhões de dólares. Em 2019 (antes da COVID-19), geraram 1,5 milhões de dólares em receitas (anuais) com um excedente de 300 000 dólares que foi reinvestido nos bairros locais. Resultou na criação de mais de 150 empregos diretos e muito mais empregos indiretos. Para além disso, o retorno do investimento ao nível do pluralismo, identidade, autoconfiança, valorização da cultura e bem-estar é incalculável.


A experiência do AKTC deixa absolutamente claro que os investimentos no património cultural pagam-se a si mesmos várias vezes. Deste modo, a verdadeira questão não é se o Paquistão precisa de dar prioridade ao desenvolvimento do património cultural, mas sim de que forma é que pode aumentar esta capacidade para alargar este trabalho a todo o Paquistão. Como disse Sua Alteza o Aga Khan, nós precisamos de “potenciar o poder transformador único da cultura para melhorar as condições socioeconómicas predominantes em muitas populações muçulmanas - comunidades que frequentemente têm um rico património cultural, mas que vivem na pobreza.”