Tajikistan · 18 agosto 2019 · 5 Min
AKDN / Saifiddin Safarmamadov
Uma casa longe de casa
Hangoma cresceu em Khorog, uma pequena vila montanhosa no leste do Tajiquistão. Em 2017, a UCA abriu o seu segundo polo universitário, e acolheu o seu primeiro grupo de estudantes. Tal como o polo irmão de Naryn, no Quirguistão, o polo de Khorog da UCA inclui salas de aula de última geração, residências em dormitórios e instalações desportivas - tudo no cenário das majestosas montanhas de Pamir. Como parte da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, a universidade é única na sua abordagem ao desenvolvimento das populações da região, começando com um investimento na próxima geração de líderes da Ásia Central.
Antes da instalação de uma universidade de classe mundial na sua pequena vila nas montanhas, Hangoma estudava Inglês no Liceu Aga Khan em Khorog. No Liceu, trabalhou afincadamente para dominar as suas competências de língua inglesa com a mesma determinação que a ajudou a garantir uma vaga na turma de caloiros da UCA.
Hangoma ganhou o seu lugar na UCA através de um processo competitivo de admissões baseadas no mérito. Na UCA, os estudantes das comunidades montanhosas recebem uma educação de alta qualidade avaliada em 28.000 dólares, mas, em média, um aluno paga menos de 1.500 dólares. Para promover o acesso, a universidade oferece apoio financeiro a todos os estudantes, e nenhum aluno com qualificações é deixado de fora por razões económicas.
A UCA não só oferece um substancial apoio financeiro, como também disponibiliza estágios para os estudantes todos os anos - uma oportunidade que Hangoma não crê que fosse encontrar noutro lugar. Durante o seu ano de preparação na UCA, ela trabalhou no escritório regional da Fundação Aga Khan em Khorog, um centro para atividades de desenvolvimento transfronteiriço entre o Afeganistão e o Tajiquistão focado na inclusão económica. Aí, teve a oportunidade de visitar o Afeganistão com o seu supervisor, onde descobriu que as ideias que tinha sobre o país vizinho estavam incorretas. "Somos o mesmo povo. Foi realmente emocionante para mim descobrir isso.”
Ela destaca este momento como aquele em que observou um mundo fora da sua própria comunidade - um ponto de vista que continuaria a expandir-se com a sua educação universitária e a sua exposição a novas culturas. “É muito importante conhecer cada cultura. No futuro, gostaria de visitar o Paquistão e outros países da Ásia Central para aumentar os meus horizontes e a minha experiência. Conheço alguns aspetos destas culturas através dos meus colegas. Considero que isto é realmente importante para o meu futuro - entender como sentem e com pensam as pessoas de outras nações."
A UCA está a preparar esta jovem para fazer exatamente isso, permitindo também que ela e os seus colegas preservem o seu rico património cultural como ativos para o futuro.
Ambicionar fazer a mudança
A vários níveis, Hangoma não é diferente de um qualquer caloiro de faculdade. Ela tem um idealismo jovial e está cheia de entusiasmo em relação ao futuro e às oportunidades de aprendizagem que a aguardam. Ela fala animadamente sobre a vida social no polo da UCA - dos clubes de xadrez e debate, das feiras de saúde e ciência, dos "jantares da diversidade" e até das festas de Halloween.
Apesar do seu idealismo, Hangoma sabe perfeitamente que a extrema pobreza e o isolamento da região tornam a frequência da universidade inatingível para muitas pessoas da sua idade. Aquilo que pode ser mais acessível aos que vivem nos centros urbanos é mais difícil de conseguir por parte das pessoas destas áreas de difícil acesso. Algo que exacerba ainda mais a vulnerabilidade da região são os impactos das alterações climáticas - um desafio que a UCA espera que as suas jovens mentes brilhantes e empreendedoras ajudem a enfrentar.
Para Hangoma, todos os estudantes da UCA irão contribuir no futuro para aquela região montanhosa. Ela considera ser alguém que ambiciona fazer a mudança, e está comprometida a ajudar a resolver problemas locais no futuro, incluindo a má gestão da água na vila.
“Temos abastecimento de água em Khorog”, diz ela, “mas as pessoas não têm acesso ou não sabem como gerir a água de modo a que todos os cidadãos consigam dela usufruir… Estou a estudar Ciências Ambientais da Terra, com especialização em Economia, e com estes conhecimentos, no futuro quero fazer a gestão de água e resíduos na minha comunidade. Por esse motivo, durante o meu estágio na Fundação Aga Khan, optei por trabalhar com o departamento de Inclusão Económica para ver e aprender como gerir e criar oportunidades iguais para todos os membros da sociedade. Esta experiência deu-me uma visão mais clara sobre o meu futuro emprego ou função na minha comunidade.”
Hangoma refere outros problemas sociais que gostaria de ajudar a solucionar, como o aumento dos níveis de poluição e a queima de plástico. Estes problemas ambientais dizem-lhe muito, pois ela testemunhou os danos que as alterações climáticas causaram na sua comunidade, na forma de desastres naturais:
“Se não há cheias, há um terramoto. Se não há um terramoto, há um deslizamento de terras. Se não for isto, é outra coisa”, diz ela. "Eu sei que a Agência Aga Khan para o Habitat está a trabalhar nisso, e quero fazer parte disso."
Um novo capítulo
Como parte da sua missão, a UCA procura contribuir com liderança, ideias e inovações para as comunidades da região, através de programas de educação e investigação que produzam licenciados qualificados e criativos. Ainda que esteja apenas no começo, a história de Hangoma é um exemplo encorajador de como o poder da educação pode inspirar e preparar os jovens para realizarem mudanças positivas.
E ela não está sozinha. Como Brahim Fezzani, Professor Assistente de Economia da UCA, observa:
“Os alunos da UCA são alunos excecionais. Fazem muitas perguntas, muito boas perguntas. E quando estamos a ensiná-los, vemos a engrenagem a avançar. Eles costumavam memorizar as coisas. Agora já perceberam que isso não vai ajudar muito. Eles hoje pensam por si mesmos. Estão a aprender a voar sozinhos."
Para os jovens homens e mulheres como Hangoma, que desejam acrescentar valor às suas comunidades, a UCA está a oferecer-lhes um meio de desenvolverem as suas competências para a identificação e resolução de problemas, e a inovação para um futuro melhor.
Este artigo foi adaptado e atualizado a partir de uma publicação que foi publicada pela primeira vez no site da AKF EUA.