A Academia Aga Khan despertou em mim uma voz para fazer mais.

Peço-lhe que imagine uma casa sem teto, só com placas de alumínio no lugar do telhado. No chão, não há mosaicos, só areia. As paredes não têm tinta, só tijolos de pedra cimentados. Uma casa de banho sem chuveiro ou azulejos, apenas um buraco ao canto para deixar escoar a água depois de tomar banho. Era assim o lugar a que eu chamava casa.

Não tínhamos água corrente nem eletricidade, mas a minha mãe não tinha capacidades para mais. Eu nasci em Mombaça, no Quénia. Eu e as minhas irmãs fomos criadas por uma mãe solteira. Depois de os meus avós falecerem, ela também ficou com os irmãos a seu cargo. Todos dependíamos financeiramente da minha mãe.

Na escola primária, eu e as minhas irmãs éramos sempre expulsas porque não tínhamos dinheiro para as propinas e nunca tínhamos livros escolares suficientes. Em casa, fazíamos uma média de duas refeições por dia. Só tínhamos dois pares de uniformes. Estudávamos à luz da vela e de candeeiros de querosene.

A minha escola local estava apenas direcionada para o âmbito académico. Eu adorava música, mas a escola não me apoiava. Ainda assim, fiz os meus estudos com distinção.

Quando a minha mãe recebeu um e-mail da Academia Aga Khan que dizia que estavam à procura de alunos, nós inscrevemo-nos. E três meses depois, estava entre os primeiros 20 alunos do campus da Academia Aga Khan em Mombaça em 2009. Fiquei extasiada!

De repente, vi-me no meio de um ambiente novo onde não tinha de me preocupar com a falta de eletricidade ou água canalizada. Este ambiente era tão acolhedor que podia concentrar-me na minha educação. Até podia seguir a minha paixão pela música. Então, comecei a estudar música: organizei concertos e explorei as artes dramáticas, algo que não podia fazer antes.

O coro da escola veio a tornar-se o grupo Vozes de Mudança da Academia Aga Khan. Fizemos concertos para angariar dinheiro para famílias a enfrentar uma seca extrema na costa norte do Quénia e para jovens sem-abrigo com problemas de dependência de drogas. Na Academia Aga Khan, tive a oportunidade de explorar e criar amizades para toda a vida e experiências que despertaram em mim um sentido de liderança.

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