As empresas sociais lideradas por mulheres na Índia, apoiadas pelo Programa Aga Khan de Apoio Rural e pelos seus parceiros, começaram a fazer máscaras quase imediatamente - em muitos casos de forma gratuita - para proteger as suas comunidades.

AKDN

Apesar da ameaça real de uma visão nacionalista em relação às vacinas e dos casos em que os países deram primazia à sua autopreservação em detrimento da cooperação global, durante o ano passado assistimos também a muitos casos incríveis de cooperação, coordenação e abnegação a nível internacional. À medida que entramos no segundo ano desta pandemia, seria positivo recordamos e inspirarmo-nos nestes exemplos.


Em Londres, fiquei impressionado, ao longo deste ano, com a quantidade de pessoas que prestaram auxílio a vizinhos que mal conheciam - os idosos, os enfermos, os mais resguardados e confinados. Uma das trágicas ironias de uma pandemia é que os próprios instintos de solidariedade que nós normalmente celebramos são na verdade perigosos. Mas, para muitos, o desejo de ajudar os nossos vizinhos (em segurança) transcendeu estas restrições em 2020.


No Reino Unido, observámos milhões de pessoas a aplaudir os profissionais de saúde, e milhares com muita vontade de se associarem e contribuírem. De forma muito rápida, surgiu em todo o país vários tipos de projetos de voluntariado - desde crianças em idade escolar a manterem-se em forma com Joe Wicks e a sua educação física virtual, até restaurantes e empregados de hotelaria a criarem cozinhas voluntárias para providenciar refeições aos funcionários do Serviço Nacional de Saúde ou outras pessoas em situação vulnerável. No nosso bairro, rapidamente começaram a aparecer panfletos em todas as caixas de correio a oferecerem ajuda com compras e entregas.


Em nossa casa, a minha esposa entrou logo em contacto com a vizinha de 92 anos com quem mal tínhamos conversado antes e ofereceu-se para ajudá-la com as compras. Depois de quase um ano a falarmos com ela todos os fins de semana - e do prazer de bebermos um refresco, com distância social, no seu jardim da frente durante a breve pausa no confinamento no último verão - tornámo-nos amigos. Porque demorámos tanto tempo e porque foi preciso acontecer uma pandemia para tantos de nós passarmos a conhecer os nossos vizinhos? Independentemente da demora, os laços na nossa zona saíram reforçados e creio que isso demonstra algo fundamental acerca de nós, apesar do desgastado tecido social que também podemos testemunhar.


No ano passado, a minha função na Fundação Aga Khan (AKF) fez-me desenvolver um grande apreço pelas contribuições fundamentais que as organizações comunitárias e as organizações sem fins lucrativos fizeram durante esta pandemia. E isso convenceu-me ainda mais da importância substancial do apoio de longo prazo da AKF à sociedade civil na Ásia e em África.