Pakistan · 13 abril 2020 · 3 Min
Quando uma pessoa se sente “ansiosa” por voltar ao trabalho num hospital durante uma pandemia, éseguro afirmar que essa pessoa encontrou a sua vocação. É o caso do Dr. Mehdi Irfani, estagiário no Hospital da Universidade Aga Khan em Karachi, Paquistão. O Dr. Irfani, que se formou o ano passado na Universidade Aga Khan e é ex-aluno da Escola Secundária Aga Khan de Gilgit, está a contar os dias para o final do seu período de quarentena, depois de ter testado positivo para COVID-19 após ter estado em contato com um paciente em serviço.
Dr Mehdi Irfani.
AKDN
O Dr. Irfani está longe de ser o único ex-aluno dos Serviços Aga Khan para a Educação do Paquistão que está a trabalhar na linha de frente da luta contra o coronavírus. Só nos últimos cinco anos,entraram mais de 600 licenciados na faculdade de medicina, com outros 300 a optar pela faculdade de enfermagem. Estes profissionais de saúde estão a pôr as suas vidas em risco todos os dias para tratarem pacientes afetados pela COVID-19.
Jamila Bahar estudou na Escola Secundária Aga Khan de Kuragh, tendo depois ingressado no programa de enfermagem do Hospital da Universidade Aga Khan, em Karachi. Formada há apenas quatro meses, Jamila viu-se lançada às profundezas da sua profissão por este surto viral. Admite que o stress relacionado com o trabalho aumentou, mas graças às formações de proteção pessoal que ela e os seus colegas receberam, diz-se confiante em ir trabalhar todos os dias. Também ela foi colocada em isolamento após ter estado em contacto com um paciente positivo para COVID-19, mas felizmente o seu teste deu negativo. Jamila diz que gostaria de se vir a especializar em enfermagem em saúde mental.
Enquanto a maioria de nós se tenta proteger do vírus, os médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde arriscam estar expostos todos os dias para nos manter saudáveis. A Dra. Samiya Kamaluddin Musani, ex-aluna da Escola Secundária Aga Khan de Karachi e atualmente médica no Hospital Civilde Karachi, exerce medicina há quase oito anos. Ela diz que o número de pacientes no hospital duplicou desde o início do surto, com muitos pacientes a precisar não apenas de cuidados médicos,mas também de muito apoio moral quando recebem um diagnóstico positivo de coronavírus, devido ao medo em relação à doença. "As pessoas chegam até nós com muita ansiedade e com o tipo de pressão que existem num hospital público, é impossível praticar o distanciamento social", disse Samiya.
A carga de trabalho também aumentou, diz a Dra. Musani, devido ao facto de ter havido médicos infetados que foram incapazes de continuar as suas funções. No entanto, ela diz: “A medicina é a única profissão para mim. Nasci para fazer este trabalho.” Entretanto, vai mantendo a distância em relação aos seus familiares em casa, cozinhando e comendo separados para protegê-los.
Existe sempre um lado positivo, e a Dra. Irfani está confiante de que, assim que a situação estiver normalizada, os profissionais médicos estarão mais capacitados devido a esta experiência e aos seus ensinamentos. “Os cuidados médicos vão melhorar e os médicos e hospitais vão ser mais cuidadosos em relação à transmissão de infeções", disse. "As pessoas também vão ter uma maior noção da relação entre higiene e saúde."
Por enquanto, tal como os seus colegas em todo o mundo, a Dra. Irfani está ansiosa por voltar ao trabalho: "Os profissionais de saúde são necessários agora mais do que nunca, e eu quero fazer a minha parte."