Kenya · 27 fevereiro 2019 · 4 Min
AKDN / Laughters Photography
Em 2018, Prudence Hainga de Kisumu e William Baiya da área rural de Ganze no Quénia terminaram a licenciatura na Academia Aga Khan em Mombaça. Ambos são provenientes de meios humildes e são os primeiros das respetivas famílias a estudarem numa universidade no estrangeiro.
Ao referir-se à sua visão sobre as Academias Aga Khan, Sua Alteza explicou: “Acredito profundamente que se os países em vias de desenvolvimento quiserem tornar-se economias modernas com padrões de vida comparáveis aos do Ocidente, devemos centrar-nos não apenas no acesso universal à educação para a maioria, mas de toda a população. Devemos também disponibilizar oportunidades educativas de acordo com os melhores padrões internacionais para os alunos excecionais que se distingam dos restantes. A verdade é que nem todos os estudantes nascem com o mesmo nível intelectual. E os indivíduos excecionais estão tão presentes nos países em vias de desenvolvimento como noutros países, da cidade e do campo. O problema é que a maior parte nos países em vias de desenvolvimento nunca têm oportunidade de estimular, expandir e desenvolver as suas potencialidades. Por conseguinte, devemos esforçar-nos para criar instituições de ensino que possam ajudá-los a maximizar o potencial para estudarem, aprenderem e agirem de acordo com os mais elevados níveis intelectuais a nível internacional”.
Paul Davis, Reitor de Admissões e Apoio Financeiro da Academia Aga Khan em Mombaça, tem conduzido com entusiasmo o Programa de identificação de talentos da Academia durante os últimos dez anos. Este programa identifica os “criadores do destino”: estudantes do 6.º Ano de escolas públicas, de áreas socioeconómicas e educativas menos favorecidas do Quénia, com capacidade académica e potencial de liderança, e fornecer-lhes apoio financeiro integral para frequentarem a Academia. Em seguida, a Academia orienta-os e educa-os durante a escola secundária para tornarem-se “criadores do destino” nas suas vidas e comunidades.
Paul conheceu William, um estudante na Escola Primária de Vitengeni em 2011, quando era responsável pela identificação de talentos na área rural do Quénia. William já tinha demonstrado características de liderança quando era caçador de talentos e delegado escolar e a escola que frequentava considerava-o um aluno responsável e empenhado. Parecia empenhado em trabalhar muito para atingir os seus objetivos e o seu lema na altura era: “olhar sempre para a frente”. O sentido de iniciativa de William auxiliou-o durante os seis anos que estudou na Academia e permitiu-lhe obter uma bolsa integral para frequentar as Universidades de Washington e Lee nos E.U.A. Quando teve conhecimento disso, o pai de William disse com orgulho: “A Academia Aga Khan em Mombaça transformou o meu filho e estou muito entusiasmado com o regresso dele para que possa trabalhar com a comunidade e restituir o empréstimo da Aga Khan”.
A cultura inclusiva da Academia foi um dos fatores que atraiu Paul quando se candidatou ao Programa de identificação de talentos. Proveniente de uma família operária, compreendeu a importância da ingressão no ensino secundário e superior. Apesar de Paul ter noção do potencial do Programa de identificação de talentos da Academia, passou várias noites sem dormir a pensar na proporção, importância e âmbito do Programa. Disse: “O objetivo de Sua Alteza é fazer com que estes estudantes terminem o curso e sejam promotores da mudança nas suas comunidades”. Como é compreensível, Paul sente uma grande responsabilidade nos seus esforços para atingir a visão de Sua Alteza.
Prudence Hainga também se formou na Academia através do programa de identificação de talentos dirigido por Paul. Recebeu a prestigiada bolsa da MasterCard Foundation para prosseguir os estudos superiores de Ciência Política na Universidade de Edimburgo. Quando saiu da Academia, refletiu sobre o significado desta bolsa integral para ela e para a sua comunidade. “Quero realizar o meu sonho de infância: o combate à injustiça e à corrupção no Quénia. O sistema político do Quénia é muito definido pelo tribalismo e pela desigualdade. Por conseguinte, saber como funcionam os sistemas políticos e o que foi feito para garantir um desenvolvimento sustentado, bem como fornecer oportunidades aos cidadãos, vai ajudar-me a encontrar soluções que me permitam implementar a mudança no sistema político do meu país e erradicar o tribalismo e a ganância do Quénia. Estou empenhada em aplicar os meus conhecimentos como arma contra a discriminação e a desigualdade e em trabalhar para um Quénia melhor: um Quénia que seja a terra de todos”.
Os rapazes e raparigas que frequentam ou frequentaram o Programa de identificação de talentos vêm de meios humildes e muitas vezes menos favorecidos, com futuros incertos e pais sobrecarregados, que lutam pela garantia de trabalho, alimentação da família e educação dos filhos. Através do Programa de identificação de talentos conseguiram ter acesso a um ensino de nível internacional para poderem criar, em vez de suportar, o seu destino, concretizando o objetivo de Sua Alteza de maximizar o potencial destes jovens para melhorar as comunidades e o mundo.
Este artigo é uma adaptação de um artigo escrito para o Website das Academias Aga Khan. O original está disponível aqui.