Pakistan · 9 maio 2019 · 3 Min
AKDN / Gary Otte
Trabalhar de perto com bebés prematuros em situações médicas complexas e experienciar em primeira mão o stress e o trauma pelo qual os novos pais passam mudou a trajetória de carreira de Rehana Salam. Desde o seu início como enfermeira-chefe na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) do Hospital Universitário Aga Khan, em Karachi, Rehana percorreu um longo caminho, tornando-se uma investigadora em saúde pública bem-sucedida, membro de um grupo de trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS), mediadora para a inovação e mentora de mulheres e investigadores em saúde infantil.
"Sempre houve uma parte de mim que era apaixonada pela investigação no domínio da saúde pública", diz Rehana, que se formou na Universidade Aga Khan (AKU) no Paquistão, com um Bacharelato em Enfermagem (BScN) em 2006. “Mas foi apenas quando trabalhei na UTIN que comecei a ter uma noção das inúmeras possibilidades à minha frente. Com uma formação em ciências da enfermagem e inclinada para obter uma melhor perspetiva do estado de saúde das populações, optei por seguir um mestrado em epidemiologia e bioestatística.”
In December 2006, Rehana Salam received her Bachelor of Science in Nursing (BScN) degree at AKU’s convocation ceremony in Karachi, Pakistan.
AKDN / Gary Otte
E não havia como voltar para trás. Mais recentemente, Rehana foi convidada para o cargo de especialista técnica de um Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da OMS que elaborou uma política renovada de tratamento de parasitas intestinais em mulheres grávidas; uma intervenção que, se não for realizada após o primeiro trimestre, pode levar à perda de sangue e resultados adversos na gravidez, incluindo baixo peso do bebé ao nascer, parto prematuro ou mortalidade perinatal.
“As evidências sugerem que a desparasitação, especialmente entre as mulheres grávidas que vivem em áreas onde estas infeções são comuns e generalizadas, é um dos meios eficazes de controlo das mortes maternas. No entanto, isto tem de ser abordado em conjunto com fatores como melhorias na água, saneamento e práticas de higiene.”
"No Paquistão, as melhorias na qualidade dos cuidados de saúde a mães e bebés ao nível da comunidade necessitam de intervenções práticas que não sejam apenas economicamente viáveis, mas que sejam também aceitáveis por parte das comunidades e das suas práticas culturais".
Ao longo dos últimos oito anos, Rehana tem estado ativamente envolvida no estudo das principais causas de mortalidade materno-infantil e na eficácia das várias intervenções com o intuito de prevenir a desnutrição e as infeções, as quais são áreas prioritárias de acordo com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. O seu trabalho envolve também a análise de iniciativas a nível nacional para melhorar a saúde materno-infantil na região e a avaliação das áreas onde são necessárias mais investigações e onde as evidências são suficientes para desenvolver políticas que possam potencialmente mudar a vida de muitas comunidades.
A síntese de evidências é uma área de estudo de nicho e existe apenas uma mão-cheia de pessoas nesta região com as competências necessárias. Enquanto mediadora para a inovação que deseja criar um efeito cascata, Salam projetou, introduziu e ministrou cursos para profissionais de saúde multidisciplinares - incluindo muitos enfermeiros no Paquistão e na África Oriental - sobre como combinar e analisar evidências e estudos de investigação de modo a gerar novos conhecimentos na área dos cuidados de saúde.
Atualmente, Rehana é doutoranda na Universidade de Adelaide, na Austrália, e professora assistente no Departamento de Pediatria da Universidade Aga Khan.