Sumitra Devi at her water pump, Muzaffarpur, Bihar, India.

AKDN / Christopher Wilton-Steer

Pode contar-nos porque é que, após tantos anos, a sua família decidiu construir uma casa de banho?

Sumitra Devi (SD): A nossa decisão de construir uma casa de banho deu-se após a minha entrada no grupo de utilizadores de água da aldeia responsável pela gestão de um plano comunitário de água potável. Durante muitos anos, [a nossa aldeia] teve problemas em obter água limpa e estávamos a adoecer com a água disponível. Com a ajuda do Programa Aga Khan de Apoio Rural, criámos um plano comunitário de água potável na nossa aldeia. Para além de conseguirmos obter água limpa, também aprendemos a gerir a água e outras lições importantes sobre a higiene. À medida que fomos sabendo mais acerca da importância da higiene pessoal e do seu impacto na nossa saúde durante as reuniões comunitárias, começámos a compreender os riscos para a saúde da defecação a céu aberto. Foi quando comecei a discutir com a minha família a construção de uma casa de banho.

Encontrou alguns obstáculos à construção de uma casa de banho e, se sim, como é que os superou?

SD: No começo, a família do meu marido estava muito contrária à ideia de construir uma casa de banho e disse-me: “Vivemos tanto tempo sem uma, porque havemos de investir nisto agora?” Eles não entendiam os riscos para a saúde da defecação a céu aberto e também eram muito contra a ideia de ter uma casa de banho em casa. Como temos tão pouco espaço, estavam preocupados que uma casa de banho viesse a poluir a casa. Depois de discutir estas questões durante uma reunião comunitária a equipa de campo do AKRSP sugeriu que a minha família pensasse em construir uma casa de banho nas traseiras do nosso jardim. Também me disseram que poderíamos obter um subsídio do governo que nos ajudaria a cobrir os custos de construção da casa de banho. Com estas informações, voltei para casa e contei à minha família que desta vez podíamos arranjar uma casa de banho.

Parece que foi bastante difícil convencer a sua família. Porque continuou a insistir em ter uma casa de banho?

SD: Para além de ficar a conhecer o impacto negativo que a defecação aberta tem na saúde das pessoas, especialmente nas crianças, as opiniões positivas que ouvi de outras mulheres que conhecia na aldeia e que já tinham construído casas de banho recentemente deixaram-me ainda mais convicta de que isto viria a tornar mais fácil a vida da minha família, especialmente das mulheres. Tínhamos de andar longas distâncias de manhã cedo ou de noite adentro para fazermos as necessidades, e isto demorava muito tempo, principalmente para a minha sogra, que já é idosa e se cansa com facilidade.

Agora já tem uma casa de banho. É usada por todos na sua família, e que mudanças considera que produziu nas vossas vidas?

SD: Construímos a casa de banho pouco antes das monções e, desde então, é usada por todos os membros da família que comentam como isto tornou a sua vida mais fácil! A minha sogra costuma dizer-nos que está muito mais feliz por não ter de ir para o exterior para fazer as necessidades e até assumiu a responsabilidade de verificar se a casa de banho está limpa e a funcionar. O meu filho e o meu marido também me dizem que estão felizes por termos construído uma casa de banho, pois é muito mais conveniente e acham mais higiénico para eles. Por mim, estou muito feliz por a minha família ter acesso a água potável e a uma casa de banho limpa, e tenho reparado que nos sentimos todos mais saudáveis. Ainda que seja pequena, a nossa casa de banho produziu uma grande mudança nas nossas vidas.