Não disponível · 16 agosto 2023 · 4 Min
Em Março de 2022, as agências da AKDN em conjunto publicaram um plano ambicioso para a estratégia ambiental e climática da Rede. Neste incluiu-se a concretização da neutralidade carbónica até 2030, evitando que as operações da AKDN contribuam para a degradação ambiental, promovendo o desenvolvimento ecológico e permitindo que outros pratiquem a defesa do ambiente. Hristo Dikanski, Coordenador da AKDN para as Alterações Climáticas, destaca alguns dos progressos subsequentes.
“Aceitar este compromisso foi um momento histórico. Foi uma das primeiras vezes em que toda a Rede – as agências de desenvolvimento social, cultural e económico – se uniu para apresentar ao mundo uma declaração clara, concreta e ambiciosa. Creio que serviu para nos aproximarmos.
“Mas isto foi apenas o começo de uma grande transição. O compromisso é para com aquilo que iremos fazer até 2030. Uma empresa pode considerar esta uma estratégia de longo prazo, mas para a AKDN são apenas uns breves momentos. As agências começaram a traçar os seus próprios caminhos para se ajustarem ao objetivo da neutralidade carbónica até 2030: criando planos, orçamentando iniciativas, atribuindo responsabilidades e desenvolvendo as capacidades das equipas ao longo de toda a cadeia de participação.”
Hristo passou ele próprio por uma transição verde após a infância na Bulgária, onde a proteção do ambiente não era um tema comum. “Só quando estudei engenharia no Reino Unido é que comecei a perceber o quanto as nossas vidas têm tido impacto na natureza e no ambiente, e o quanto podemos fazer para agravar a situação, mas também o quanto podemos fazer para revertê-la e resolvê-la.”
Desenvolver ativistas climáticos
“Tem havido um despertar em relação ao poder da educação com vista à transição ambiental, através da capacitação da próxima geração de ativistas climáticos. Trabalhamos com 200 Escolas Aga Khan e duas universidades, e colaboramos com centenas de escolas públicas em muitos países. A iniciativa Escolas2030, liderada pela Fundação Aga Khan, está cada vez mais focada no ambiente e no clima. Se inspirarmos um aluno a ser ativo em relação às alterações climáticas, não estamos apenas a capacitar uma pessoa, mas também a sua família, a sua comunidade.
“Iremos participar na próxima Conferência do Clima da ONU, a COP28, mostrando como o nosso trabalho na área da educação pode ser aproveitado para ajudar na transição ambiental de forma muito mais ampla.
Prosperar perante perigos naturais
“A AKAH trabalha para ajudar as comunidades a prosperarem no contexto das alterações climáticas e a viverem em segurança em ambientes verdadeiramente vulneráveis, como as altas montanhas da Ásia Central. Nestas montanhas, onde as comunidades já vivem em situações de vulnerabilidade e são menos capazes de se adaptarem, as alterações climáticas estão a acontecer até três vezes mais rápido do que a média global. Para ajudar a compreender estes riscos em evolução e desenvolver planos de ação, a Agência está a realizar um estudo dos riscos climáticos futuros. Este baseia-se em décadas de trabalho para compreender os riscos atuais e sobrepõe os modelos climáticos mais recentes para tentar perceber a forma como os riscos podem evoluir ao longo do século e aquilo que podemos fazer.
Redução das emissões em edifícios
“No sector financeiro, temos observado empréstimos de cariz ecológico e serviços bancários sem agências. Se pudermos oferecer acesso a serviços financeiros através da tecnologia e de parcerias com prestadores locais, não será necessário construir e gerir todos estes edifícios e ter de arrefecê-los ou aquecê-los.
“Temos mais de 4000 edifícios na Rede e a sua operacionalização é responsável por mais de 80% das nossas emissões diretas de gases de efeito de estufa. Se tivermos em conta a construção do edifício, o cimento, o aço, isto aumenta drasticamente.
“Para satisfazer os requisitos de construção que são expectáveis até 2060, o mundo irá precisar de adicionar o equivalente a uma nova cidade do tamanho de Nova Iorque todos os meses durante 40 anos. Se continuarmos a fazê-lo da forma que sempre fizemos, teremos muita dificuldade em atingir as metas agressivas de redução de carbono e redução de energia com as quais nos comprometemos enquanto Rede mas também enquanto planeta. Por isso, precisamos de reduzir as emissões dos edifícios atuais, mas também pensar em alternativas para a criação de novos edifícios. Podemos reaproveitar um edifício existente? Podemos aumentar a sua vida útil de modo a retardar ou evitar a necessidade de novas construções?
“Como podemos utilizar aquilo que já temos? Têm surgido algumas ideias quase revolucionárias relacionadas com a tecnologia ao longo da última década. Empresas como a Airbnb usam edifícios com subutilização e evitam potenciais novas construções. Vemos o mesmo com os transportes.
“Em muitos lugares onde trabalhamos, existe uma grande necessidade de novas infraestruturas. Aí podemos construir estruturas polivalentes e flexíveis, tentando antecipar a forma como as nossas necessidades poderão mudar ao longo das próximas décadas. Poderá um escritório funcionar como uma escola ou uma fábrica, um espaço comunitário ou uma sala de concertos? Quanto mais abertos forem os espaços, com divisórias em vez de paredes de betão inamovíveis, mais flexíveis serão.
“Em lugares como a Europa Ocidental ou a América do Norte, temos de adaptar aquilo que já temos, o que é muito mais caro e muito mais difícil do que fazer tudo de novo a partir do zero. Mas nos locais onde trabalhamos, temos uma grande oportunidade de saltarmos por cima do desenvolvimento intensivo em carbono e irmos diretos para o desenvolvimento do futuro. E esta é uma oportunidade que precisamos de tornar viável na Ásia e em África.
O futuro
“A crescente população global faz aumentar a procura por recursos. Mas também significa que temos cada vez mais jovens com muita energia e ideias. As crianças de hoje estão a crescer completamente fluentes em tecnologia. Creio estar a acontecer algo semelhante em relação ao clima. Se existirem muitos milhões de ativistas climáticos, estes irão contribuir com ideias e soluções que atualmente nem conseguimos imaginar. Mas precisamos de trabalhar todos em conjunto para darmos a nós próprios e à próxima geração a possibilidade de fazer algo em relação a isto antes que seja tarde demais.”