Evento de três dias na primeira edição dos Prémios Aga Khan para a Música
Lisboa, Portugal, 29 de Março de 2019- Pela primeira vez, a Orquestra Gulbenkian, conduzida por Pedro Neves, atuou com os Mestres Músicos da Iniciativa Aga Khan para a Música num concerto com peças musicais originais compostas ou arranjadas pelos Mestres Músicos e orquestradas especialmente por Dmitri Yanov-Yanovsky.
O concerto foi presenciado por Sua Alteza o Aga Khan, o 49.º Iman hereditário (líder espiritual) dos muçulmanos xiitas ismailis, e por membros da sua família. Estiveram também presentes a ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, e o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva.
"Numa época em que o fortalecimento da tolerância e do pluralismo se tornou uma prioridade mundial premente, a música é uma das artes que oferece um meio para alcançar, envolver e unir o público global, gerando emoções que todos partilhamos enquanto seres humanos", disse o Príncipe Amyn dirigindo-se ao público presente no concerto. "Temos a esperança e a ambição de que os Prémios Aga Khan para a Música funcionem como um catalisador para muitos projetos futuros que se baseiem na rica tapeçaria do património musical muçulmano, ao mesmo tempo que ultrapassam as fronteiras do tempo, lugar e cultura."
Os concertos e atividades relacionadas com a primeira edição dos Prémios Aga Khan para a Música são organizados pela Fundação Calouste Gulbenkian e têm lugar em Lisboa, Portugal, entre 29 e 31 de Março. O concerto de sexta-feira, 29 de Março - produzido especificamente para esta ocasião - apresentou trabalhos compostos pelos Mestres Músicos, um coletivo de artistas que criam novas músicas inspiradas pelo seu profundo enraizamento nos patrimónios culturais do Médio Oriente, da Bacia do Mediterrâneo, assim como da Ásia do Sul e Central.
“Esta é uma época de grande pressão”, explicou a Dra. Isabel Mota, Presidente da Fundação Gulbenkian. "Mais uma vez na história da humanidade, vemos identidades religiosas e culturais a serem manipuladas para fomentar a violência e a intolerância em relação aos outros e ao seu património cultural. Precisamos de um mundo em que as diferentes identidades e culturas sejam respeitadas e onde possamos partilhar uma ideia de bem comum."
“O concerto foi uma fusão incrível do Oriente com o Ocidente, de artistas da Orquestra Gulbenkian e da Iniciativa Aga Khan para a Música”, disse Fairouz Nishanova, diretora dos Prémios Aga Khan para a Música. “Dmitri Yanov-Yanovsky aceitou o desafio de orquestrar uma coleção de peças originalmente concebidas para solistas e pequenos conjuntos e transformá-las em peças que realmente nos conectam a todos e inspiram cada um de nós.”
No início da noite, foi revelado por parte dos Correios de Portugal um selo comemorativo dos Prémios Aga Khan para a Música.
No dia 21 de Março, o Grande Júri dos Prémios Aga Khan para a Música anunciou os premiados e os finalistas do ciclo inaugural do Prémio. As categorias incluíram Criação Musical; Educação; Preservação, Revitalização e Divulgação; Inclusão Social, e Contribuições Importantes e Duradouras para a Música. Foi também anunciado um Prémio do Patrono especial.
No sábado, 30 de Março, os finalistas do Prémio de Desempenho irão apresentar-se ao vivo perante o público e o Grande Júri do Prémio, a que se seguirá a escolha do vencedor da categoria de "Desempenho". No domingo, 31 de Março, irá ter lugar um concerto final que reunirá nove vencedores e 14 finalistas da categoria de Desempenho oriundos de 13 países da Ásia, África, Médio Oriente, Europa e América do Norte.
As raízes da Orquestra Gulbenkian remontam a 1962, ano em que a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu criar uma orquestra permanente. A primeira orquestra tinha 12 músicos, tendo vindo a crescer ao longo das últimas seis décadas integrando hoje 60 músicos.Pedro Neves, que conduziu o concerto de sexta-feira à noite, é um maestro regularmente convidado para dirigir a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, entre outras.
Os Mestres Músicos são os principais colaboradores artísticos da Iniciativa Aga Khan para a Música -artistas e compositores reverenciados que tocam nos palcos mais prestigiados do mundo, e que são ao mesmo tempo professores, mentores e curadores que enriquecem a rede inter-regional de programas de educação da Iniciativa para a Música.
Homayoun Sakhi é um mestre do rubab afegão, assim como um compositor que junta linguagens e instrumentos musicais orientais e ocidentais. Nascido em Cabul numa das principais famílias musicais do Afeganistão, Sakhi é o herdeiro de uma linhagem musical que começou na década de 1860, quando o governante de Cabul, Amir Sher Ali Khan, trouxe músicos clássicos da Índia para tocarem na sua corte.
Sirojiddin Juraev é um mestre do alaúde de braço longo da Ásia Central. Nascido e criado perto da antiga cidade de Khujand, no norte do Tajiquistão, Sirojiddin aprendeu a tocar o dutar de duas cordas em criança, tendo depois estudado com o grande mestre uzbeque Turgun Alimatov. Enquanto estudante da Academia Maqom de Dushanbe, criada pela Iniciativa Aga Khan para a Música em 2003, Sirojiddin também estudou tanbur e sato (tanbur de arco) com o ustad (mestre) Abduvali Abdurashidov.
Basel Rajoub é um saxofonista e compositor-improvisador cujas inspirações incluem ritmos e melodias tradicionais do Médio Oriente e do jazz. Nascido em Alepo, na Síria, formou-se no Instituto Superior de Música de Damasco e é autor de uma música nova que reúne músicos do Médio Oriente, Norte da África, Ásia e Europa.
Abbos Kosimov nasceu em Tashkent, no Uzbequistão, no seio de uma família musical. Discípulo do respeitado músico uzbeque de doira Tuychi Inogomov e vencedor do Concurso de Instrumentos de Percussão da Ásia Central e do Cazaquistão, Kosimov fundou a sua própria escola de doira em 1994 e o seu ensemble, "Abbos", em 1998.
Feras Charestan é da cidade de Al-Hasakeh, no nordeste da Síria, e estudou qanun no Instituto Superior de Música de Damasco. Já atuou como solista de qanun com orquestras sinfónicas e tem sido membro de bandas populares e de ensembles de música contemporânea, como os Mestres Músicos da Iniciativa Aga Khan para a Música, criando uma nova música baseada nas tradições do Médio Oriente.
Siar Hashimi nasceu em 1981 em Cabul, Afeganistão e vive na Alemanha desde 1990. Estudou tabla com o Ustad Wali, aprendendo o sistema tala do raga clássica indiana e os ritmos da música folclórica afegã. Depois de se mudar para a Alemanha, estudou tabla com Pandit Swapan Battacharya, do Delhi Gharana, e teve aulas com os mestres de tabla Ustad Zakir Hussain, Pandit Anindo Chatterjee e Kumar Bose.
Os Prémios para a Música foram criados por Sua Alteza o Aga Khan para distinguir a criatividade e o potencial excecionais, e o empreendedorismo nas áreas das atuações musicais, criação, educação, preservação e revitalização em sociedades de todo o mundo nas quais exista uma presença significativa de muçulmanos. Os vencedores irão dividir entre si um prémio total de 500 mil dólares, e irão também colaborar com os Prémios para a Música no sentido de expandir o impacto do seu trabalho e desenvolver as suas carreiras.
Para mais informações, consulte o comunicado de imprensa de 21 de Março de 2019 e a brochura dos Prémios Aga Khan para a Música.
Para questões de imprensa, por favor, contacte:
Sam Pickens
NOTAS
Os Prémios Aga Khan para a Música (AKMA) tiveram origem na Iniciativa Aga Khan para a Música (AKMI), um programa inter-regional de educação musical e artística com atividades de atuação, divulgação, acompanhamento e produção artística por todo o mundo. Foi criada para apoiar os músicos talentosos e os educadores musicais que trabalham para preservar, transmitir e levar mais além o seu património musical em formatos contemporâneos, e iniciou a sua atividade na Ásia Central, tendo subsequentemente expandido as suas atividades de desenvolvimento cultural para incluir comunidades artísticas e públicos no Médio Oriente, Norte de África e Sul da Ásia.
A Iniciativa promove a revitalização do património cultural tanto como fonte de subsistência para os músicos como um meio de fortalecer o pluralismo em nações onde este é contestado por constrangimentos sociais, políticos e económicas. Os seus projetos incluem a publicação de um livro detalhado, A Música da Ásia Central(Indiana University Press, 2016), uma antologia de 10 volumes em CD-DVD, Música da Ásia Central, coproduzido em conjunto com a Smithsonian Folkways Recordings, um programa global de atuações e divulgação que promova colaborações musicais “Oriente-Oriente”, mas também "Oriente-Ocidente", e uma rede de escolas e centros de música que desenvolvam currículos musicais e materiais curriculares inovadores nas regiões em que a Iniciativa para a Música desenvolve a sua atividade. (https://www.akdn.org/akmp).