Nairobi, Quénia, 9 de Dezembro de 2022 – “As alterações climáticas são o fenómeno existencial mais importante que África e o mundo enfrentam atualmente”, disse o Príncipe Rahim Aga Khan. Foi durante um discurso virtual, proferido para uma plateia de convidados ilustres reunidos na Floresta de Karura, em Nairobi, durante a cerimónia de abertura da quarta edição do Festival Kusi das Ideias, organizado pelo Nation Media Group (NMG) e subordinado ao tema Alterações Climáticas: Explorar Respostas e Soluções Africanas.
O continente tem sofrido, nos últimos tempos, uma quantidade enorme de desastres naturais devido às alterações climáticas, incluindo cheias, infestações de gafanhotos, falta de água e insegurança alimentar.
Atualmente, existem cerca de 40 milhões de pessoas no Corno de África a sofrerem com a fome como resultado da seca, que está a roubar a África, cuja força sempre residiu no seu povo e na sua resiliência, o seu recurso mais valioso... Este Festival reúne algumas dos mais ilustres pensadores em África para fazer avançar esta agenda e, mais importante, implementar as ideias e soluções que serão aqui discutidas.”
África continua a estar entre as regiões mais atingidas pelas consequências das alterações climáticas, apesar de ter contribuído em menor grau para o aquecimento global e de ser o continente com as emissões mais baixas.
Dr. Wilfred Kiboro, Presidente do NMG
O impacto das alterações climáticas nos próximos anos é terrível. Para além das condições de seca extrema que irão causar subnutrição a um elevado número de africanos, as temperaturas continuam a aumentar, o nível do mar está a subir 5 mm por ano e espera-se que a degradação e a erosão das zonas costeiras venham a agravar a situação. Estas mudanças vão fomentar uma disseminação ainda maior de doenças como dengue, malária e febre-amarela, para além de terem um impacto negativo em várias economias de África.
Explorar respostas e soluções africanas
O NMG dedicou o Festival Kusi de Ideias deste ano a este tema importantíssimo. O Festival reuniu as mentes mais brilhantes para explorar soluções para o impacto do clima cada vez mais quente no continente.
Os membros do painel debateram questões que incluíram a diferenciação entre estratégias de mitigação e adaptação, o papel do sector privado, soluções financeiras e como os jovens com menos de 25 anos, que representam 60% da população africana, podem ser mobilizados para desenvolver respostas inovadoras. Exploraram os benefícios de iniciativas como o Programa Africano de Adaptação e Aceleração (AAAP), uma iniciativa conjunta do Banco Africano de Desenvolvimento e do Centro Global para a Adaptação, que visa mobilizar 25 mil milhões de dólares ao longo de cinco anos para acelerar e aumentar as iniciativas de adaptação climática em todo o continente.
O Príncipe Rahim destacou o trabalho transformador que as agências da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento têm vindo a pôr em prática com vista ao cumprimento das metas de neutralidade carbónica até 2030. Estes esforços incluem, entre outros, o desenvolvimento de ferramentas específicas de cada atividade para medir as emissões de gases com efeito de estufa; a Certificação Ouro de classificação ecológica dos hotéis Serena da Rede, reconhecida pelo Conselho Global de Turismo Sustentável; a mudança das práticas agrícolas de dezenas de milhares de agricultores; a colaboração com comunidades rurais para fortalecer a resiliência climática; e a introdução de um novo conceito nas escolas conhecido como “Diversão, Pluralismo e Planeta” para garantir que a próxima geração de líderes será sensível, empática e resiliente em relação ao clima.
A Exma. Roselinda Soipan Tuya, Secretária de Estado do Ministério do Ambiente e Florestas, discursou em nome do Presidente da República do Quénia, Sua Excelência Dr. William Samoei Ruto.
“As alterações climáticas são a principal questão social, política e económica do nosso tempo. Irão definir o futuro do Quénia, de África, do mundo e temos uma responsabilidade coletiva de participar na definição do modo como este fenómeno irá afetar o nosso futuro. Este esforço só pode ser alcançado através de uma ação coletiva. Vivemos numa altura em que todos temos de ser conservacionistas e desempenhar um papel na salvaguarda do nosso ambiente. Não vamos conseguir enfrentar este desafio apenas com decretos políticos mas sim com uma ação concertada de todos.
O NMG foi criado por Sua Alteza o Aga Khan em 1959 durante a luta pela independência. O NMG criou o Festival Kusi das Ideias em 2019, no âmbito das celebrações do seu 60.º aniversário, como uma plataforma para avaliar o lugar de África no mundo; as ideias e inovações dos seus cidadãos para a resolução de problemas; e a preparação para os próximos desafios. Este evento procura fortalecer a sua missão de ser a “Comunicação Social de África para África”, com o objetivo de ajudar a posicionar o continente como um importante interveniente na política e economia globais.
Príncipe Rahim Aga Khan
O local para os dois dias do festival era adequado. A Floresta de Karura é uma das últimas florestas indígenas locais ainda existente e uma fonte de carbono vital para a atividade industrial de Nairobi. Também funciona como uma importante área de captação de água e tem um valor considerável a nível recreativo e de lazer para os habitantes da cidade de Nairobi. As anteriores edições do festival tiveram lugar em Kigali, no Ruanda, em 2019, em Kisumu, no Quénia, em 2020, e em Acra, no Gana, em 2021.
Para mais informações, contacte: semin.abdulla@akdn.org