Kenya · 3 setembro 2019 · 3 Min
AKDN / Kevin Wanga
As TIC estão a tornar-se cada vez mais essenciais nas políticas e nas práticas educacionais em todo o mundo e oferecem tanto oportunidades como desafios; uma realidade perfeitamente aceite no relatório da UNICEF de 2018 sobre as Melhorias dos Resultados de Aprendizagem. Desde 2015, a Fundação Aga Khan (AKF) tem vindo a trabalhar em parceria com a Dubai Cares e os governos do Quénia e do Uganda para enfrentar estes desafios e aproveitar as oportunidades que as TIC oferecem, procurando maximizar o seu potencial ao nível da gestão escolar, desenvolvimento profissional dos professores e na criação de ambientes de ensino e aprendizagem que sejam inclusivos e tenham impacto, no sentido de melhorar a aprendizagem das crianças.
Reconhecendo a importância fundamental das competências básicas de alfabetização na aprendizagem na escola e ao longo da vida de todos os rapazes e raparigas, a AKF estabeleceu uma parceria com a eLimu, uma empresa social de EdTech [Tecnologias para a Educação] com sede em Nairobi, para desenvolver uma aplicação de alfabetização digital com histórias infantis em inglês e na língua materna. Até ao momento, já foram codesenvolvidas mais de 200 histórias infantis, escritas por professores, narradas por atores e ilustradas por artistas de toda a África Oriental, e carregadas para a aplicação recém-desenvolvida. Cada história é acompanhada por um conjunto de atividades e perguntas interativas, baseadas na pedagogia “Ler para Aprender”, desenhada para promover as competências de alfabetização. Houve um aumento do interesse na aplicação Android da eLimu por parte de outros parceiros para adaptarem estas histórias a uma variedade de novos contextos, incluindo a Somália, o Uganda e a África do Sul.
"As histórias são acerca das experiências deles."
Embora esta aplicação tenha permitido o acesso dos jovens alunos a conteúdo digital relevante, de alta qualidade e fácil de usar, a capacidade dos professores é um recurso essencial na tentativa de maximizar o impacto positivo das TIC na aprendizagem das crianças. Para permitir que os professores usem estes conteúdos de forma eficaz nas suas salas de aula, a AKF projetou e implementou um programa de desenvolvimento profissional que os ajuda a desenvolver os seus conhecimentos, habilidades e competências em alfabetização em TIC e a integrar de modo efetivo os conteúdos digitais nas suas práticas diárias de ensino e aprendizagem. Isto incluiu um conjunto de quatro vídeos de apoio à aprendizagem à distância, visando especificamente as necessidades identificadas pelos professores. Para além disso, a AKF codesenvolveu em conjunto com os professores uma plataforma de “Comunidade de Prática” via SMS para permitir que colegas próximos e afastados colaborem, aprendam e se apoiem mutuamente. Uma grande maioria dos professores (87%) afirmou estar muito satisfeita com esta capacidade de interagir rapidamente com os colegas e implementar novas ideias nas suas salas de aula.
“A plataforma de SMS aumentou a minha capacidade de ser eficiente durante as minhas aulas. Já viu que posso facilmente obter comentários acerca de questões desafiantes para um professor com um clique no meu telefone?”
Até Abril de 2019, a AKF já tinha trabalhado com 2.400 professores de 175 escolas, chegando a mais de 180.000 rapazes e raparigas. Um relatório de impacto demonstrou que a qualidade da prática do ensino das TIC melhorou significativamente ao longo de um período de três anos, com a percentagem de professores que integram de forma efetiva as TIC na sala de aula a aumentar de 32% em 2016 para 68% no final de 2018. E conjunto com a Aplicação e o conteúdo de alfabetização digital, o número de leitores fluentes no Quénia aumentou de apenas 0,1% para 24% no mesmo intervalo de tempo. Mas, para além destes ganhos quantificáveis nos níveis de alfabetização das crianças, estas, assim como os professores e as comunidades, estão mais motivadas e envolvidas com o advento das TIC, e, ainda que existam sempre desafios, estas oportunidades abrangem todas as crianças de todos os lugares.
“Os rapazes e raparigas do primeiro e segundo anos do ensino primário são tão competentes em aplicações informáticas que, surpreendentemente, ajudam os alunos mais velhos do ensino primário. A vontade dos pais visitarem a escola aumentou bastante e existe uma redução significativa no absentismo tanto de professores como de alunos.”