Switzerland · 10 julho 2019 · 3 Min
Por Farrokh Derakhshani, Diretor do
Prémio Aga Khan para a Arquitetura.
O Prémio Aga Khan para a Arquitetura concentra-se em processos de mudança em partes do mundo onde o ambiente construído esteja a sofrer uma rápida transformação, por vezes com consequências terríveis. Ao longo das últimas quatro décadas, o Prémio procurou compreender a natureza dessa mudança e conseguir um impacto no design e na construção, na esperança de criar uma melhor qualidade de vida para as pessoas que habitam estes ambientes. Com isto em mente, reconhece projetos exemplares e partilha as lições que estes oferecem com todos aqueles que desempenham um papel nestes esforços - arquitetos, urbanistas, agências governamentais, clientes e, acima de tudo, os utilizadores finais dos edifícios. Cada ciclo de três anos do Prémio envolve uma busca exaustiva por soluções inovadoras e progressos positivos que destaquem a contribuição significativa que a arquitetura pode dar para moldar e melhorar as nossas vidas.
Desde o seu início, o Prémio tem vindo a sensibilizar o sector da arquitetura e o público em geral acerca de uma nova e ampla abordagem àquilo que constitui a arquitetura. Os 15 projetos selecionados no primeiro ciclo de 1977-1980 abordaram um vasto leque de questões, desde a conservação à modernização de favelas, tendo adotado tanto designs tradicionais como modernos. As obras de talentos arquitetónicos emergentes e de nomes consagrados foram celebradas em conjunto com os esforços de clientes e construtores. Juntos, estes projetos exprimiram a pluralidade das sociedades de países onde os muçulmanos têm uma presença significativa, da Indonésia a Marrocos.
Esta abordagem pluralista tem sido seguida pelos sucessivos Grandes Júris independentes, respondendo a diversas preocupações identificadas por parte de um Comité Diretivo que muda a cada ciclo trienal do Prémio. O Presidente do Comité Diretivo é Sua Alteza o Aga Khan, que criou o Prémio em 1977 para distinguir o papel importante da arquitetura na melhoria da qualidade de vida de sociedades muçulmanas em rápida mudança.
Um dos aspetos mais urgentes dessa mudança é a movimentação de populações para longe das suas terras natais. Estas migrações em massa, por vezes forçadas, outras vezes voluntárias, - de áreas rurais para áreas urbanas, ou de um país ou continente para outro - imprimiu nas sociedades tradicionalmente monoculturais um novo caráter moldado por identidades com múltiplas camadas. Mas também trouxe consigo problemas. Como é que se cria um sentimento de coesão numa população discrepante? Como é que se atraem as novas comunidades para a esfera pública, facilitando o seu envolvimento com a sociedade civil? O Prémio Aga Khan para a Arquitetura confronta estas questões de frente, apresentando projetos de excelência que abordam as pretensões destas comunidades.
Este texto foi extraído do prefácio da publicação Arquitetura e Pluralidade de 2016, editada por Mohsen Mostafavi, membro do Grande Júri do Prémio Aga Khan para a Arquitetura 2014-2016 e reitor da Escola de Pós-Graduação em Design da Universidade de Harvard e professor Alexander e Victoria Wiley de Design.
Os 20 projetos finalistas do Prémio Aga Khan para a Arquitetura de 2019 foram anunciados em abril de 2019. Os projetos estarão a concorrer por um prémio global de 1 milhão de dólares. Clique aqui para ver o vídeo introdutório do Ciclo 2017-2019 do Prémio Aga Khan para a Arquitetura.