Fundação Aga Khan
Tajiquistão · 20 setembro 2023 · 4 Min
A Estratégia Nacional de Desenvolvimento da República do Tajiquistão 2030 identifica a “proteção e uso sustentável dos recursos naturais para garantir um maior desenvolvimento económico e social” entre “os principais objetivos e condições essenciais para o desenvolvimento humano sustentável”. Desde o aumento da biodiversidade à redução do desperdício de água, estes agricultores da província de Sughd, no noroeste do Tajiquistão, têm encontrado múltiplas formas de melhorar o seu ambiente e mitigar os efeitos das alterações climáticas, ao mesmo tempo que aumentam a produtividade em regiões onde a terra arável é preciosa.
Armazenar água para usar no verão
A aldeia de Sarazm-Shurnova, em Panjakent, especializou-se na produção de uvas, as quais requerem temperaturas quentes e muita água. No entanto, o impacto das alterações climáticas tem tido implicações devastadoras na região, levando ao aumento do número de dias quentes de verão e causando escassez de água.
No inverno e na primavera, existe bastante água proveniente das chuvas, do derretimento da neve e dos glaciares. Umriboqi Nosirov, o chefe da aldeia, e outros aldeões receberam apoio para construir reservatórios de água. Estes recolhem e armazenam até 25 000 litros de água para serem usados para irrigação durante os meses mais secos do fim da primavera e do verão. Os reservatórios são 65 por cento financiados pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento das Sociedades de Montanha (MSDSP) estabelecido pela Fundação Aga Khan (AKF), com as comunidades a contribuírem em dinheiro e em espécie para cobrir os restantes custos.
Revitalizar terrenos áridos
“O meu pai era agricultor e ensinou-me que as árvores previnem a erosão dos terrenos. Quero que os meus filhos também obtenham este conhecimento”, diz Sirojidinov Alikhon. Este agricultor da aldeia de Rarz, no distrito montanhoso de Ayni, está a ensinar os filhos e filhas a serem agricultores e a tornarem a aldeia mais bonita. "Quando vi as belas colinas verdes que existem noutras partes do Tajiquistão, inspirei-me a tornar a minha aldeia igualmente verde".
A Agência para a Silvicultura do Tajiquistão e o Programa Integrado de Desenvolvimento Rural “Melhorar os meios de subsistência e a segurança alimentar através da gestão sustentável dos recursos naturais” – financiados pela Delegação da União Europeia no Tajiquistão e pela AKF – concederam a Sirojidinov dois hectares de terra árida no topo de uma colina montanhosa. Aqui plantou as árvores fornecidas pelo projeto: árvores frutíferas, assim como coníferas, choupos e roseiras-bravas. Em colaboração com a sua família, Sirojidinov construiu uma estrada de 500 metros até ao topo da colina para transportar as árvores e o vermicomposto. Até 2022 já tinham plantado mais de 4000 árvores, inspirando outros a desenvolver os seus próprios jardins.
Plantar microflorestas que produzam frutos e benefícios ambientais
“O nosso terreno estava vazio e queríamos cultivá-lo, para ganhar dinheiro e melhorar o ambiente. Foi por isso que a AKF nos apoiou”, diz Tilloev Norqul, da aldeia de Sarazm-Nuri Zinfagi, em Panjakent. Tilloev tem 35 anos de experiência no tratamento de árvores. É agricultor e cultiva arroz e vegetais para alimentar a esposa e os sete filhos.
O MSDSP concedeu 1500 mudas para serem partilhadas entre Tilloev e outros agricultores, para além de composto, cercas e betão. As árvores e plantas são nativas de outras partes do Tajiquistão e incluem damascos, amoras, framboesas e peras. Os beneficiários estão a avaliar as árvores para perceber quais as que melhor se adaptam ao clima, antes de replantá-las nos seus jardins e vender a fruta.
Melhorar os canais para irrigar os terrenos
Qurbonov, de 43 anos, é pai de três filhos e cultiva batatas e outras culturas. Ele contava com os canais de irrigação para levarem água aos campos circundantes. Mas durante a estação das chuvas, estes eram arrastados pelas águas das cheias. Qurbonov estava a participar numa reunião do grupo de produtores de batata, onde estes podem partilhar as melhores práticas, quando um engenheiro da AKF propôs uma solução.
A construção dos diques robustos ficou concluída em 2022, com a AKF a fornecer 75% do financiamento. O canal resistiu às fortes chuvas do final desse ano, providenciando um abastecimento contínuo de água ao terreno de Qurbonov e poupando-lhe uma quinzena de obras de reparação.
Substituir produtos químicos por minhocas
Há três anos, os moradores da aldeia de Sufiyoun, em Panjakent, usavam fertilizantes químicos para aumentar a produtividade de frutas e vegetais. Foi quando Hanifa Sharipova e a filha Mahtob viram um anúncio na TV acerca do vermicomposto. Este fertilizante orgânico é feito de minhocas vermelhas californianas que decompõem os resíduos. Haydar Ashurov, marido de Hanifa, viu algumas minhocas no mercado e experimentou-as com sucesso em casa, substituindo os fertilizantes químicos que usava nos tomates, pimentões e outros vegetais.
Ao testemunharem a eficiência do biohúmus, a família decidiu reproduzir as minhocas e vendê-las a outros agricultores da região. Haydar recebeu financiamento para projetos de Desenvolvimento Rural Integrado por parte da Comissão Europeia e da GIZ, implementado através do MSDSP. Com o reservatório de água, o motocultivador, o cimento e o hidrómetro adquiridos com o financiamento, construiu um tanque de betão com 22 metros de comprimento repleto de erva, estrume e solo. Este veio a tornar-se o lar de milhares de minhocas vermelhas californianas ao longo dos seis meses seguintes. Ele vende oito caixas de minhocas por 1900 somones (165 euros).
Haydar também quer que as outras pessoas se preocupem com o ambiente e exibe o seu composto nas escolas. "A nossa comunidade deve comer legumes e frutas frescos, puros e limpos – é esta a minha missão e objetivo."