Tajiquistão · 9 março 2021 · 3 Min
Todos os dias depois de acordar, Saidrahmonova Makhfirat reza, bebe o seu chá e vai para a sua quinta.
Em 2004, à medida que as leis para a agricultura se foram tornando mais inclusivas, Saidrahmonova tornou-se a primeira mulher agricultora da sua aldeia. Ela cultiva batatas e outras culturas é hoje uma líder na sua comunidade.
Juntar os produtores de batata através de grupos de produtores
As batatas são um alimento básico na dieta do Tajiquistão. A região de Khatlon, onde vive Saidrahmonova, é conhecida por produzir cerca de 50% da batata no Tajiquistão. No ano passado, Saidrahmonova colheu cerca de 750 quilos de batatas. Ainda que tenha tido uma grande produção, apenas uma pequena percentagem das suas batatas tinham qualidade suficiente para serem vendidas.
A iniciativa Thrive Tajikistan: Parceria para o Desenvolvimento Socioeconómico está a trabalhar com Saidrahmonova e outros produtores de batata para melhorar as suas colheitas, partilhar práticas agrícolas eficazes e comercializar os seus produtos.
“Apoiamo-nos uns aos outros e isso tem ajudado a ficarmos mais fortes”, disse Saidrahmonova. “Vamos vender juntos, negociamos entre nós e discutimos com o comprador.”
AKDN
O Thrive Tajikistan é um programa apoiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e pela Fundação Aga Khan (AKF). O programa ajuda as populações a melhorar a sua qualidade de vida através do apoio aos agricultores, da criação de pequenos negócios, do aumento do acesso a serviços financeiros e do fortalecimento da administração local.
O programa já tinha ajudado Saidrahmonova a iniciar um modelo comunitário de financiamento para a saúde na sua aldeia. Em 2019, numa altura em que a Thrive Tajikistan trabalhava com agricultores na criação de 19 grupos de produtores em Khatlon, Saidrahmonova foi eleita a responsável pelo grupo de produtores de batata da sua aldeia, que incluía 13 mulheres e seis homens.
Mais tarde, os 19 grupos de produtores reuniram-se para formar quatro agregados nos distritos de Shahrituz, Quobodiyon, Panj e Farkhor. A abordagem de agregação permite aos grupos de produtores trabalharem e aprenderem uns com os outros. Saidrahmonova tornou-se a única mulher a liderar um dos agregados de produtores de batata, que incluía mais de 100 agricultores.
Aumentar a colheita de batata durante a adaptação a uma pandemia
Durante o processo de melhoria das colheitas, os quatro agregados de produtores de batata identificaram a falta de sementes de batata de alta qualidade como sendo o seu principal obstáculo. A AKF colaborou com os agregados para comprar sementes de batata certificadas e distribuí-las pelos mais de 370 produtores de batata dos quatro agregados. A AKF criou também terrenos de demonstração para que cada agregado ajudasse os agricultores a familiarizarem-se com a nova tecnologia, a compreender o uso adequado de fertilizantes e pesticidas e a testar a adaptabilidade das variedades de sementes de batata de alto rendimento.
Os agricultores haviam planeado colher as batatas das sementes de alta qualidade em Abril de 2020, mas nesse mês, a região de Khatlon enfrentou condições climatéricas de extremo frio, pela primeira vez em 26 anos. Os agricultores tiveram ainda de se adaptar a um ambiente alterado por culpa da pandemia da COVID-19. Apesar de tudo isto, os produtores não desistiram. Reuniram-se, partilharam conhecimentos e decidiram, em conjunto, adiar a colheita para o início de Junho. Puderam continuar a trabalhar utilizando máscaras para reduzir a propagação do coronavírus.
Quando as batatas foram apanhadas em Junho, a colheita rendeu aproximadamente 1430 toneladas métricas de batata. Esta produtividade foi cerca de 15 a 20 por cento mais alta do que nos anos anteriores e resultou num aumento de rendimentos para os agricultores e na melhoria da segurança alimentar para a região.
Saidrahmonova superou as suas expectativas para a colheita da batata. “Da colheita do ano passado, apenas uma quantidade muito pequena era de alta qualidade”, disse. “Este ano, todas as nossas batatas eram de alta qualidade e as pessoas gostaram muito delas.”
Saidrahmonova já está ansiosa pela próxima colheita de batata. Este ano, os agricultores querem adquirir o dobro da quantidade de sementes e comprar camiões e um espaço de armazenamento para ajudá-los a produzir, processar e vender mais batatas.
A abordagem de agregação também está a chamar a atenção na região. “As pessoas reparam no nosso trabalho de agregação e vêm ter connosco para nos pedir sugestões e perguntar como se podem juntar ao agregado”, diz Saidrahmonova.
O trabalho da Thrive Tajikistan para apoiar os agricultores e aumentar a produção de alimentos é mais necessário do que nunca. A pandemia da COVID-19 levou ao encerramento de fronteiras, causando impacto no acesso aos alimentos e nos preços dos produtos. Para além disso, muita gente no Tajiquistão depende de remessas enviadas de outros países por parte dos seus familiares, os quais se viram também afetados pela COVID-19. Ao apoiar os grupos de agricultores, a Thrive Tajikistan está a ajudar a construir um sistema alimentar mais resistente e a melhorar a vida dos membros da comunidade.
Este texto foi adaptado de um artigo publicado no site da AKF EUA.