Fazer medições diárias das condições climatéricas é fundamental para a previsão e o alerta contra riscos.

AKAH

A AKAH mantém uma base de dados destes boletins meteorológicos diários, que o perito em previsão de avalanches, Doug Chabot, analisa todas as manhãs durante a época de inverno para realizar previsões e alertas de avalanches. Doug refere que uma combinação de três fatores pode causar avalanches: encostas mais íngremes que 30 graus, que são vulgaríssimas nos terrenos montanhosos do norte do Afeganistão, Paquistão e Tajiquistão; o clima, por exemplo, se a neve está densa ou polvoroso, e se o vento está a espalhá-la; e a existência de um manto nevoso [snowpack] (se cada nova camada de neve está a aderir às outras ou pode facilmente ocasionar um deslizamento). A avaliação do snowpack exigiria expedições de escavação no alto das montanhas, pelo que a monitorização da atividade das avalanches funciona como um indicador.


Para além de preverem e oferecem preparação para as avalanches, as estratégias de mitigação incluem provocá-las em alturas seguras, construir estruturas de defesa no alto das montanhas em zonas de partida para evitar avalanches ou criar estruturas na base dos vales para proteger as habitações. Dado que estas estratégias de mitigação são de elevado custo e cada estrutura só consegue cobrir uma zona limitada, é fundamental ter um sistema eficaz de prevenção e alerta contra riscos, assim como levar as populações a prestar atenção aos alertas. Para isso, são essenciais os postos de monitorização meteorológica.


“Os postos de monitorização meteorológica exigem menos de 100 dólares em equipamento para serem instalados e são administrados por voluntários. Muito positivo é o facto de os moradores recolherem os seus próprios dados e estarem profundamente envolvidos no programa. Isso torna todo o programa sustentável”, disse Doug Chabot.


Através deste programa, os voluntários de monitorização meteorológica e as comunidades locais estão a aprender a detetar riscos de avalanche e a avaliar as condições para tomarem as suas próprias decisões informadas e lidarem com os riscos que têm de enfrentar.


“Ocorreu uma avalanche quando eu estava fora de Shughnan. Antes de partir, pedi à minha família, durante a acumulação de neve, que saísse de casa, de acordo com a formação que a AKAH nos tinha dado, e disse-lhes que a neve indicava que provavelmente haveria uma avalanche”, disse Rahim Bek, do Distrito de Shughnan, no Afeganistão. “Felizmente, não houve mortes.”


Para ajudar as comunidades a atuarem com base nestas informações, a protegerem-se e prepararem-se contra uma avalanche e a recuperarem rapidamente se acontecer uma, a AKAH fornece formação especializada às equipas locais de voluntários de resposta a emergências, incluindo AVPT.


Mohammad Haref, professor e líder de equipa de AVPT no distrito de Ishkashim, no Afeganistão, tem ajudado a retirar a população em segurança sempre que a sua aldeia é ameaçada por avalanches ou inundações. Tem constatado uma maior frequência de avalanches ao longo dos anos, à medida que as temperaturas vão aumentando e os padrões de chuva e neve vão mudando:


“Todos os anos, a nossa aldeia experiencia desastres naturais. Tendo em conta as necessidades da nossa população e da nossa comunidade que está afastada das redes de telecomunicações e a dificuldade de acessos aos centros distritais durante a estação fria, decidi juntar-me à equipa. Recebi formação em primeiros socorros e busca e salvamento duas vezes nos últimos dois anos. Este ano, recebi formação profissional relacionada com avalanches. Temos instrumentos como pás, ferramentas para reavivar pacientes, altifalantes, eletricidade, serras, machados, cordas, assim como equipamentos de proteção, incluindo duas sondas próprias para avalanches, caixas e óculos de proteção.”