Agência Aga Khan para o Habitat
Não disponível · 6 novembro 2024 · 1 Min
Sua Alteza o Aga Khan
Quase 40% da população urbana mundial vive em cidades secundárias – muitas delas no Sul Global, que enfrenta um crescimento rápido e sem precedentes. Ao contrário dos grandes centros metropolitanos, estas cidades carecem muitas vezes dos dados, infraestruturas e planeamento necessários para acompanhar a expansão urbana, deixando milhões de pessoas vulneráveis às alterações climáticas, a desastres naturais e a serviços desadequados.
O planeamento habitacional oferece uma oportunidade fundamental para moldar o futuro destas cidades, garantindo o seu crescimento sustentável e salvaguardando o bem-estar das suas comunidades, desbloqueando ao mesmo tempo o potencial para o desenvolvimento económico. Eis como:
O planeamento habitacional protege as pessoas de desastres naturais
Países como o Paquistão, a Índia, o Tajiquistão e o Quirguistão enfrentam catástrofes com muita frequência – cheias, deslizamentos de terras, secas e ondas de calor – exacerbadas pelas alterações climáticas. Para além disso, nas regiões montanhosas destes países, a rápida urbanização está a forçar as casas e as infraestruturas a entrarem em zonas propensas a riscos, ficando em perigo de destruição. À medida que as populações migram das aldeias para as cidades em busca de oportunidades económicas, a pressão sobre o território aumenta, empurrando a expansão para encostas íngremes e vales onde é maior a exposição à queda de rochas e aos deslizamentos de terras.
O planeamento habitacional da AKDN integra a adaptação ao clima e a gestão de riscos no planeamento urbano, garantindo que as casas, as infraestruturas e os meios de subsistência estão protegidos dos perigos. Por exemplo, em Khorog e Naryn, os planos urbanísticos das cidades já identificam as zonas de risco e desincentivam a construção nas zonas vermelhas.
No Vale de Kalash, no Paquistão, um projeto financiado pela Embaixada da Dinamarca ajuda as comunidades a reforçar a resiliência a desastres, aproveitando o conhecimento local de catástrofes passadas. A recolha direta dos relatos das famílias relativamente aos impactos dos desastres fornece informações vitais para definir as futuras medidas de proteção.
Cidades como Mira Bhayandar, perto de Bombaim, enfrentam temperaturas elevadas devido ao efeito Ilha de Calor Urbana, em que a densa concentração de edifícios, veículos e pessoas retém o calor e aumenta os riscos para a saúde. O planeamento habitacional responde a este desafio com estratégias inovadoras, como telhados arejados e o aumento da cobertura arbórea, com o objetivo de reduzir o calor extremo e melhorar a qualidade de vida dos habitantes urbanos.
Une as comunidades para o progresso inclusivo
O planeamento participativo reúne os moradores e as autoridades municipais na criação conjunta de iniciativas. Esta abordagem colaborativa capacita as comunidades, criando uma sensação de orgulho e levando a melhorias duradouras. Também assegura que todas as opiniões, incluindo as de grupos marginalizados, são tidas em conta na definição do futuro da sua cidade.
No âmbito do Programa de Resiliência Urbana de Khorog, cada um dos 21 bairros recebeu um subsídio para melhorar o seu território. As mulheres reuniram as suas comunidades para escolher projetos capazes de melhorar significativamente a qualidade de vida: melhorar o acesso a ambulâncias, criar parques infantis mais seguros e tornar as áreas inclinadas mais seguras para os residentes idosos chegarem às suas casas, especialmente durante os meses gelados de inverno. Outras sessões de planeamento em conjunto com as autoridades municipais resultaram numa melhor iluminação pública e numa vida mais facilitada para os peões em toda a cidade.
As competições "A Minha Visão" em Khorog e Naryn convidaram os residentes e os membros da diáspora a contribuir com ideias a serem desenvolvidas no futuro. Esta iniciativa, apoiada pelos governos do Tajiquistão e do Quirguistão, em conjunto com a AKDN e o governo suíço, destaca o valor do contributo das comunidades locais para o planeamento urbano. Os projetos vencedores, avaliados pelas autoridades locais e pelo embaixador suíço, foram recompensados com prémios e todas as candidaturas têm a oportunidade de influenciar os futuros planos das cidades.
Desbloqueia o investimento em infraestruturas
As cidades secundárias – ou centros urbanos regionais – albergam uma parcela maior da população urbana global do que megacidades como o Cairo, Karachi ou Bombaim. Mas estas cidades, apesar de serem as áreas urbanas que mais crescem em países de rendimentos baixos e médios, ficam muitas vezes ofuscadas pelo tamanho e influência das megacidades, tendo dificuldades em garantir financiamento para melhorias fundamentais ao nível das infraestruturas.
O planeamento habitacional da AKDN capacita os governos locais a criar projetos prontos para o investimento que atraiam financiadores. Em Naryn e Khorog, os antigos sistemas de água e saneamento da era soviética precisam de ser modernizados para dar resposta à urbanização e aos riscos climáticos. Em colaboração com a ONU Habitat, a AKDN tem desenvolvido planos de investimento de capital que permitam a estas cidades dar prioridade às suas necessidades de financiamento e criar propostas para cativar os investidores. No âmbito deste programa, ao longo dos últimos dois anos, já foram desbloqueados mais de 5 milhões de dólares para serem investidos em infraestruturas essenciais, como sistemas de abastecimento de água alimentados a energia solar, aumentando a resiliência e os orçamentos para as infraestruturas destas cidades.
Utiliza dados para um planeamento inteligente
O planeamento habitacional está dependente de tecnologia de ponta para proteger vidas e meios de subsistência. A AKDN, ao colaborar com governos e parceiros importantes como a Esri, tira partido de ferramentas como imagens de satélite, drones e sistemas de monitorização meteorológica para realizar Avaliações de Perigos, Vulnerabilidade e Riscos. Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) ajudam a sintetizar vastos conjuntos de dados, permitindo que as cidades criem estratégias de preparação para situações de desastre e de desenvolvimento a longo prazo. Ao combinar informações com origem no uso da tecnologia com o conhecimento indígena, as cidades podem antecipar de forma mais efetiva os riscos e proteger as suas comunidades de forma mais eficaz.
Príncipe Rahim Aga Khan
Em Novembro, a AKDN está a participar no Fórum Urbano Mundial (WUF) no Cairo, Egipto. O WUF visa dar resposta ao desafio global da rápida urbanização e ao seu impacto nas comunidades, cidades, economias e alterações climáticas.
Saiba mais sobre o Programa de Planeamento Habitacional da AKDN