Esta resposta inclui aulas e programas de rádio que dão às crianças uma oportunidade de aprenderem e permitem aos pais e responsáveis desenvolver competências para poderem apoiar de forma eficaz o ensino a distância. Estes programas de rádio têm sido especialmente benéficos para pais como Zakia, que teve de pedir aos seus filhos mais velhos que ajudassem a sua irmã de 5 anos, Shamsa, uma vez que a própria Zakia não sabe ler nem escrever. Zakia sintonizou igualmente os programas de rádio das 9h aos sábados para que a sua filha pudesse ouvi-los. Esta abordagem multicanal conseguiu ser mais inclusiva ao ser oferecida em duas línguas (inglês e lugubarati), dando assim resposta à diversidade da comunidade de refugiados em Arua. Outro pai, Dramadri Abdu Noor, afirmou que ouviu mais de sete aulas de rádio e ficou tão satisfeito com elas que ligou para dar a sua opinião: “O meu filho aprendeu bastante com as aulas de rádio que ouvimos todos os sábados.”

Para além da rádio, as atividades de aprendizagem em casa foram projetadas e distribuídas por 50 centros de DPI em Arua. Estes conjuntos de atividades foram depois distribuídos aos pais para que estes pudessem apoiar os filhos na continuação da sua aprendizagem. Para garantir que as crianças estavam a ser bem apoiadas, os professores de cada Centro realizaram chamadas de acompanhamento para todos os pais que receberam os conjuntos de atividades. Isto permitiu identificar os problemas que os pais estavam a enfrentar e fornecer-lhes soluções imediatas, mantendo ao mesmo tempo o professor empregado e ocupado.

Esta intervenção veio preencher a lacuna existente em escolas como as Sacred Hearts Nursery Schools que - segundo a Diretora Onama Primo - não tinham recursos suficientes para prestar apoio aos pais. Graças aos conjuntos de atividades de aprendizagem em casa e com o apoio da AKF, foram capazes de distribuir 200 conjuntos de atividades por 72 famílias. Os pais têm estado a pedir mais, e outros pais da comunidade têm feito cópias dos conjuntos de atividades para os seus filhos.

Para além da aprendizagem contínua das crianças, o programa teve um impacto ainda maior, uma vez que os professores também saíram beneficiados. Com as escolas fechadas, os professores ficaram temporariamente desempregados, mas esta intervenção deu aos professores a oportunidade de participarem na preparação dos conjuntos de atividades e na elaboração dos guiões das aulas semanais via rádio - e receber uma compensação pelo seu trabalho.

Oriku Damazu, educador na Sacred Hearts Nursery School, revelou como ficou numa situação complicada após o encerramento das escolas: deixou de receber salário e não tinha poupanças às quais recorrer. Mas depois de se envolver na preparação dos conjuntos de atividades de aprendizagem em casa para as crianças e na escrita dos guiões para as aulas semanais de rádio, foi capaz de obter alguns rendimentos e manter-se à tona: “O envolvimento neste Programa para a Primeira Infância em Madraças e na iniciativa da Fundação Aga Khan fez de mim uma pessoa mais respeitada na comunidade, porque as pessoas passaram a ouvir-me falar na rádio. Tornei-me uma pessoa fiável, com muitos pais a ligarem-me para ajudá-los.”

Os funcionários do governo local apreciaram o impacto do programa de resposta à COVID-19, como destaca Ronald Drani, Oficial Superior para a Educação do Município de Arua, que afirmou: “Perante a persistência do impasse decorrente da pandemia de COVID, o distrito recebeu vários parceiros que procuraram apoiar as necessidades educacionais das crianças durante o encerramento das escolas, mas todas tinham programas concentrados no ensino primário e superiores. O ensino pré-primário viu-se assim negligenciado. Enquanto comunidade e município, esta intervenção renovou a nossa esperança. Temos de agradecer ao Programa para a Primeira Infância em Madraças e à Fundação Aga Khan pelo apoio, o qual se revelou bastante oportuno e veio impedir uma interrupção na aprendizagem durante o encerramento das escolas.”

Graças a este apoio na altura certa, mais de 3000 crianças (dois terços dos quais do sexo feminino) puderam continuar a aprender mesmo durante o confinamento. Os professores adquiriram competências para conduzir aulas fora da sala de aulas, e os pais descobriram novas formas de apoiar os filhos na sua aprendizagem.