Por Mr. Firoz Rasul, Kampala, Uganda · 11 fevereiro 2017 · 8 Min
Nossa ilustre convidada, aMeritíssima Ministra de Estado da Saúde Sarah Achieng Opendi,
membros do Governo,
membros do Conselho de Administradores da Universidade Aga Khan,
membros do Corpo Diplomático,
reitores, corpo docente e funcionários da Universidade,
pais, parceiros, apoiantes e ilustres convidados
e, mais importante, graduandos,
bem-vindos à Cerimónia de entrega de diplomas de 2017 da Universidade Aga Khan.
É fantástico ver-vos a todos reunidos aqui, sei que muitos de vocês aguardam com expectativa por este dia. É uma honra acolher os nossos muitos dadores, que partilharam o seu sucesso com a Universidade e depositaram a sua confiança em nós. E gostaríamos de agradecer a presença da nossa ilustra convidada, a Meritíssima Ministra de Estado da Saúde Sarah Achieng Opendi. A presença de todos os nossos convidados serve para lembrar de maneira humilde que o trabalho que desempenhamos na AKU depende dos sacrifícios, generosidade e apoio de muitas outras pessoas.
Graduandos, este é o dia em que todos nós comemoramos os feitos dos pais, corpo docente, funcionários, líderes e amigos da Universidade. É um dia em que sentimos grande orgulho pelos vossos feitos e com toda a justificação. O facto de estarem aí sentados é a prova da vossa determinação e paixão pela aprendizagem e mostra que podem competir com o melhor que o mundo tem para oferecer.
Porém, se olharem para dentro de vocês, creio que vão reconhecer também outra emoção: a noção de ligação a algo maior do que vocês mesmos. Isso pode ser a comunidade de amigos que criaram aqui. Pode ser a vossa família, cujo amor e apoio vocês honraram com o vosso feito. Pode ser a Universidade e a sua visão ou o grande empreendimento de aprendizagem e inovação que atravessa o mundo e os séculos. Seja como for, o sentido está lá.
Está presente porque nós como seres humanos, procuramos naturalmente um propósito mais elevado. Buscamos uma missão ou um chamamento superior, um desafio que dê significado às nossas vidas e que deixe uma marca na vida dos outros.
Não é necessário ir muito longe para encontrar esses desafios. Estão todos à nossa volta. Todos vocês os estudaram quando estiveram aqui e assistiram a eles nas vossas vidas e carreiras.
Há dezassete anos, as nações, incluindo a Tanzânia, reuniram-se para se comprometerem na redução da pobreza, fome, doença, analfabetismo e preconceito. Apelidaram a essas metas “Objetivos de Desenvolvimento para o Milénio” e comprometeram-se em resolvê-los em 2015.
Os objetivos eram ambiciosos. E a seu favor, o Uganda cumpriu ou esteve muito perto de concretizar muitos deles. Reduziu consideravelmente o número de pessoas que vivem na pobreza, o que coloca este país no topo da lista dos melhores resultados na África Subsariana. Reduziu consideravelmente o número de crianças que sofrem de malária. Foi um dos doze países de baixo rendimento a nível mundial a reduzir a taxa de mortalidade infantil em dois terços ou mais, um resultado impressionante.
Contudo, graduandos, muito continua por fazer, como bem sabem. Demasiadas pessoas vivem no limiar da pobreza. Apesar do progresso, há demasiadas grávidas, bebés e crianças com menos de 5 anos que morrem de causas evitáveis e há demasiadas pessoas contaminadas com VIH/SIDA. Demasiadas crianças não aprendem o suficiente na escola.
Todavia, o que são esses problemas se não a grande missão que todos procuramos e para a qual a vossa educação vos preparou? Com as capacidades que desenvolveram na AKU, vocês podem contribuir para um mundo melhor, no qual o sofrimento e a injustiça passaram à história.
2015 é passado. Contudo, a necessidade expressa pelos Objetos de Desenvolvimento do Milénio, de união através de um programa comum para melhorar a situação da Humanidade não atenuou. 193 países, incluindo o Uganda, assumiu um compromisso para alcançar um novo conjunto de metas em 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Se, de facto, o Uganda tivesse concretizado essas metas, seria um país transformado, onde as crianças não sofrem com fome, todos os rapazes e raparigas teriam professores bem qualificados e todas as pessoas teriam acesso a cuidados de saúde de elevada qualidade.
Em parceria com as agências da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, a AKU está a trabalhar para tornar essa visão realidade, como educador de líderes, fornecedor de cuidados de saúde de elevada qualidade e parceiro que ajuda as instituições do setor público a melhorar as vidas daqueles que servem.
Nós comemorámos recentemente o 15.º aniversário de parceria entre a Escola de Enfermagem e Obstetrícia na África Oriental e a Johnson & Johnson Corporate Citizenship Trust, que forneceu bolsas de estudo à grande maioria dos nossos estudantes de enfermaria. Com o apoio do Trust, desenvolvemos um estudo aprofundado dos feitos da Escola e dos respetivos alunos. O estudo concluiu que os nossos licenciados estão a ter um impacte significativo no sistemas de saúde e na qualidade dos cuidados de enfermagem. Cerca de quatro em dez são dirigentes superiores, gestores, educadores ou investigadores e os restantes estão nos hospitais, envolvidos diretamente nos cuidados aos doentes. Além disso, cerca de sete em dez alunos foram os primeiros das respetivas famílias a obter uma licenciatura.
Seguindo a sua missão, a Escola de Enfermagem e Obstetrícia continua a lidar com questões básicas de saúde no Uganda. Atualmente, cerca de 40 por cento das mulheres do Uganda dão à luz sem enfermeiras, obstetras ou médicos. Para alargar o acesso a cuidados de qualidade para mulheres e bebés antes, durante e após o parto, criámos um dos primeiros bacharelados de obstetrícia do Uganda em 2015. A nossa primeira turma de parteiras concluiu os estudos no final deste ano.
Porém, ainda falta referir o contributo mais importante da Universidade para os cuidados de saúde no Uganda. Como é do conhecimento de muitos de vocês, vamos construir um novo Hospital Universitário Aga Khan em Kampala que vai fornecer acesso a tratamentos e tecnologias que de momento não estão disponíveis no país. Vai ser o maior investimento que a Universidade fez até à data no Uganda.
Situado no centro da cidade numa área de 24 hectares oferecidos pelo Governo do Uganda, o Hospital vai prestar cuidados de nível internacional em várias áreas, de cardiologia a doenças infecciosas, de neurologia a obstetrícia e ginecologia. Graças à construção do Hospital, os ugandenses já não terá de sair do país para receber os melhores cuidados. E, muito importante, irá fornecer cuidados de emergência de elevada qualidade a doentes que sofram de enfartes, ferimentos graves causados por acidentes rodoviários e a outros situações urgentes onde uma resposta rápida pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
Como hospital universitário, terá um contributo essencial para aumentar o número de profissionais de saúde altamente qualificados no Uganda, como enfermeiras, parteiras, médicos especialistas, técnicos de laboratório e engenheiros biomédicos, entre outros.
No discurso que proferiu em Kampala a anunciar a construção do Hospital, Sua Alteza, Reitor da Universidade Aga Khan, falou sobre a necessidade de fornecer cuidados de saúde que levem os padrões globais a África e para que o Governo e o setor privado trabalhem em conjunto para consegui-lo. A população de África, afirmou, “Não pode estar isolada dos melhores cuidados apenas porque nasceram em países fora do mundo ocidental”.
“Quando o Hospital foi construído, afirmou: “O Uganda vai ter acesso a medicina moderna com as melhores condições, em estreita parceria com os cuidados de saúde pública. Prevemos um sistema que funcione como um todo, que tire proveito das capacidades, recursos humanos, programação e pensamento progressivo”.
Estamos satisfeitos com o facto do Governo partilhar esta visão e considerar o desenvolvimento do Hospital uma prioridade nacional. Estamos também gratos pelo excecional apoio dado pelo Governo e pelo empenho contínuo que demonstrou para tornar o Hospital uma realidade.
Além da Universidade estar a ampliar a sua ação no sistema de cuidados de saúde do Uganda, está também a ajudar a melhorar a qualidade da educação pré-primária e primária. O nosso Instituto para o Desenvolvimento Educativo está a trabalhar com outras agências da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento num projeto de cinco anos para melhorar os resultados académicos na África Oriental, com o apoio da Global Affairs Canada e da Fundação Aga Khan no Canadá. No Uganda, o Instituto deu formação a mais de 900 diretores e subdiretores de escolas e a educadores ao abrigo deste projeto.
Graduandos, alguns de vocês se calhar já leram ou ouviram falar sobre o Inquérito aos jovens do Uganda realizado pelo Instituto da África Oriental da AKU. Pedia a 1800 tanzanianos entre os 18 e os 35 anos sobre os seus valores, ambições e ansiedades.
Em alguns casos, as respostas são uma causa de preocupação. Porém, o inquérito também mostrou de forma clara que uma grande maioria dos jovens do Uganda está muito otimista, entusiasmada e tem uma noção de que as coisas mais importantes na vida não podem ser medidas em shillings.
Sete em dez afirmaram que a educação é mais importante do que o dinheiro. Quando lhes perguntaram as três coisas que consideravam mais importantes, escolheram a fé com grande margem em relação às outras opções. Cerca de três quartos considera que o trabalho árduo será recompensado com o sucesso e afirma estar confiante e preparado para encarar a mudança. Mais de metade afirmou que tem capacidade para fazer a diferença no mundo.
Não ficámos minimamente surpreendidos com os resultados. Porque são exatamente essas as qualidades que vos permitiram ter sucesso na AKU. Durante o período que passaram connosco, vocês demonstraram integridade, perseverança, criatividade e um profundo desejo de permitir que outros desenvolvam os seus talentos e tenham vidas saudáveis e realizadas.
Agora têm a oportunidade de juntar-se a inúmeras pessoas na AKU, no Uganda e com todos os que trabalham para lidar com os desafios mais difíceis enfrentados pela Humanidade.
Não sei se repararam que usei o termo “oportunidade” em vez de “responsabilidade”. Disse isso de propósito. Como presidente desta Universidade há dez anos, falo por experiência quando afirmo que para trabalhar em nome de uma grande causa, procurar fazer o que nunca foi feito, é a experiência mais entusiasmante que alguma vez irão sentir.
Não há melhor recompensa do que a noção de que os vossos esforços beneficiaram, profunda e positivamente, as vidas de muitas pessoas. A possibilidade de sentir que o conhecimento é, de facto, uma oportunidade, que não devem desperdiçar.
Obrigado e parabéns a todos. Terei todo o prazer em saber os seus feitos nos próximos anos.