Por Príncipe Amyn Aga Khan, Maputo, Mozambique · 16 dezembro 2010 · 8 Min
Vossa Excelência, Senhor Presidente
Sua Alteza
Excelências
Senhoras e Senhores
Em nome do Fundo Aga Khan para o Desenvolvimento Económico (AKFED) e, mais especificamente, as suas unidades subsidiárias Serviços de Promoção do Turismo (TPS) e o Grupo Serena Hotel que criámos há aproximadamente quarenta anos, é com imensa felicidade e prazer que Vos dou hoje as boas vindas à inauguração (ou deverei antes dizer re-inauguração?) oficial deste magnífico Hotel Polana. Para mim, esta é uma ocasião simultaneamente entusiasmante e gratificante.
O Hotel Polana carrega o estatuto de um ícone, é um dos poucos hotéis deste continente que pode aclamar este estatuto e um dos muito poucos do seu género nesta região da África. A sua localização, no coração da cidade de Maputo, numa das mais lindas e procuradas avenidas da cidade, dota-o com uma aura especial, assim como a graciosidade e a elegância da sua arquitectura e interiores, reminiscentes do esplendor do passado colonial deste hotel, pois a história do Polana remonta a quase um século, ao ano de 1922. Não é de estranhar que o Polana seja localmente, afectuosamente apelidado Grande Dama de Maputo!
Tenho insistido na natureza icónica deste hotel pois nós, no AKFED e no SERENA, temos sido extremamente conscienciosos desse estatuto, o qual governou a nossa abordagem na melhoria, actualização e no restauro desta propriedade. Quando, há oito anos atrás, em Fevereiro, o SERENA assumiu o Polana, o hotel encontrava-se em condições que não considerámos merecedoras. Assim, quase imediatamente, em 2003 e 2004, foram efectuadas melhorias nas zonas de serviço no sentido de os elevar a um patamar aceitável ao nível da higiene, segurança e eficiência. E, no dia 5 de Janeiro de 2009 demos início a um programa extensivo de remodelação e de expansão destinado a devolver a esta Grande Dama de Maputo, que havia recebido visitantes provenientes de todos os cantos do mundo, a sua elegância e sua distinção. Volvidos dezoito meses, no dia 1 de Setembro do ano corrente, deu-se início a uma abertura faseada e hoje encontramo-nos reunidos para inaugurar este lugar verdadeiramente especial, o qual acreditamos contribuirá significativamente para o sector hospitaleiro de Maputo e de Moçambique, e que se encontra preparado para retomar o seu lugar na companhia internacional dos melhores hotéis do mundo.
É claro que, e à semelhança de qualquer projecto complexo, foi necessário ultrapassar barreiras pelo caminho – e estou imensamente grato a todos aqueles que nos assistiram, e que o fizeram sem comprometer quer a credibilidade ou a qualidade do trabalho através de manobras evasivas ou de atalhos.
Por exemplo, durante o processo de reconstrução, surgiram problemas estruturais de grande relevância que não eram aparentes ou não haviam sido considerados previamente. Foi, obviamente, essencial resolvê-los a título de prioridade máxima na medida em que afectariam a segurança dos nossos futuros hóspedes.
A acrescentar que, antes disso, tivemos que aguardar que o Casino, que integrava o antigo hotel, pudesse ser e efectivamente fosse retirado não só por existir uma política de longa data do Grupo Serena no âmbito da qual não oferecemos actividades relacionadas com o jogo nas nossas unidades, mas também porque acreditávamos que a existência de um verdadeiro salão de baile é essencial no renascimento do hotel e na melhoria dos seus serviços. A resolução destes problemas poderá ter resultado em atrasos temporários e certamente que contribuiu para um aumento considerável no custo da sua reabilitação, no entanto, também assegurou que o projecto completo que agora temos em mãos correspondesse às especificações de um principal hotel Serena em todos os aspectos, e que o Polana reconquistasse o seu posicionamento como o principal hotel em Maputo.
O investimento total para esta reabilitação foi de USD 25 milhões. Gostaria, aqui, de agradecer calorosamente aos nossos parceiros, a Societé de Promotion et de Participacion por la Coopération Economique (PROPARCO), a agência Francesa para o desenvolvimento, e o Deutesche Investitions Entweicklungsgesellschaft MBH (DES), a agência Alemã para o desenvolvimento. O AKFED está, obviamente, imensamente satisfeito pela aceitação da PROPARCO e da DEG em juntarem-se a nós, tanto na qualidade de sócios como de financiadores. Gostaria de acrescentar que a nossa colaboração tem sido, para mim, pessoalmente, uma fonte de satisfação considerável.
Teria, provavelmente, feito mais sentido comercial encerrar completamente o Polana durante os dezoito meses necessários para a construção, no entanto, após algum debate profundo, decidimos manter o Polana operacional no decorrer desse período, disponibilizando aos nossos clientes as 55 habitações do Polana Mar, encarregando-se a Direcção do hotel de encetar todos os esforços no sentido de assegurar a gestão eficiente de qualquer incómodo inevitável, assim como de assegurar que os níveis de serviço e de conforto estivessem ao alcance dos nossos hóspedes durante esses longos meses.
Uma consideração mor subjacente à decisão de manter a unidade aberta, não obstante as inevitáveis taxas de ocupação baixas e das percas financeiras que resultaram dessa decisão, assentou na manutenção da quase maioria dos trabalhadores que poderiam continuar a laborar durante esse período. Em 2002, quando assumimos o Polana, também havíamos tomado uma decisão semelhante, ao mantermos todos os trabalhadores Moçambicanos na altura empregados no hotel, dos quais a maioria se mantém no presente dia. Actualmente, 97% do staff do Polana são nacionais Moçambicanos, 2% são nacionais da África Austral e somente 1% são expatriados. Devo, talvez, acrescentar que desde que o Serena assumiu o staff, 360 elementos já tiveram acesso a acções de formação para os níveis do Serena e, inclusivamente, corresponderam bem e de forma entusiástica a essa formação.
Nós somos do que viemos e, conforme já referi, o Polana Serena goza do benefício de uma herança extraordinária e essencial, tanto cultural como natural. Estou imensamente orgulhoso pelo facto desta extraordinária herança constituir, doravante, uma parte intrínseca do futuro deste hotel. Procurámos respeitar o passado, por forma a que o futuro possa ser verdadeiramente compensador.
A nossa directriz aos arquitectos e designers foi que os futuros hóspedes do Polana deveriam sentir-se rodeados pelas artes e pela estética inerente à história colónial do hotel, ao usufruírem das comodidades mais evoluídas; que o Polana deveria reflectir e incorporar as artes e cultura locais; que o hotel deverá manter uma personalidade e ambiente claros e únicos em simultâneo com um posicionamento internacional reconhecível.
Para este empreendimento, foram muitos os que contribuíram com uma grande quantidade de pesquisa e de trabalho criativo. Trabalhámos como uma equipa e tem sido uma experiência que nos tem dado imenso gozo e que tem sido educativa. Dirijo os meus agradecimentos e admiração aos nossos arquitectos Jon Cavanagh e Mike Lord da Symbion International, a Walter Reid, o nosso arquitecto permanente, aos nossos empreiteiros Sogecoa e à Mesch Arquitectos que produziram um trabalho de qualidade excelente e que cumpriram prazos verdadeiramente desafiadores, e ao nosso especialista paisagista e hortícola Andrew Greathead (Santa Verde – Gardens). E, por fim, o meu agradecimento profundo e pessoal a Mahmud JanMahomed e às suas equipas de Gestão da TPS em Nairobi e aqui, que supervisionaram, conduziram e guiaram este projecto complexo. Se me é permitido, penso que, de muitas formas, o nosso esforço de equipa foi exemplar.
Actualmente, a Grande Dama de Maputo possui 142 habitações de todos os géneros, incluindo estúdios, habitações deluxe, habitações executivas e suites e uma magnífica suite Presidencial. Os clientes podem optar pela vista mar ou pela vista terra. Contamos com um restaurante que funciona todo o dia, o Varanda, e que oferece refeições em regime de buffet ou à la carte; contamos com um restaurante gastronómico, o Delagoa, inspirado e supervisionado pelo chef Francês Edouard Lebouet, aqui presente, cujo restaurante em França foi atribuído 2 estrelas Michelin e que foi recentemente nomeado Chef do Ano 2010 pela Gault et Millaut (e creio que é a primeira vez que Maputo possui um restaurante criado por um chef afamado e admirado); contamos com um restaurante e bar informal, o Aquarius, que serve refeições leves e opções de menu; contamos com um salão de baile verdadeiramente sumptuoso e magnífico que outrora foi transformado em casino e que retornou agora ao seu esplendor original; contamos com salas para reuniões e diversas instalações de dimensões variadas e devidamente equipadas para receber delegados de conferências e de reuniões e contamos também com o Maisha Health Club e Spa que, sem qualquer modéstia, acreditamos que será o melhor em Maputo e que contém um lindo jardim secreto e bar, também com capacidade para acomodar festas privadas. E, é claro, temos também os gloriosos e românticos jardins do Polana e a piscina renovada. Espero que concordem que a reconstrução e a expansão do Polana perante vós tenha dignificado, embelezado e modernizado este símbolo elegante; que o Polana retomará o seu merecido estatuto – um ícone que conjuga um cenário idílico com a mais elevada qualidade de serviço, contribuindo de forma única para a indústria da hospitalidade do país e para reputação do grupo Serena de que nos orgulhamos, uma propriedade de referencia em Moçambique que se ergue orgulhosamente ao lado de outros hotéis de centro de cidade do grupo Serena em Nairobi, Arusha, Kampala, Kigali, Islamabad, Faisalabad, Quetta e Kabul, aos quais, Insh’Allah, juntar-se-ão mais em Burundi, Mali, Síria, Tajiquistão e Egipto.
Referi anteriormente os alargados jardins do Polana. Os jardins foram revitalizados através da instalação de um sistema de reciclagem de água conhecido por grey water, o qual produz água de qualidade proveniente das águas residuais do hotel.
Este sistema constitui uma das razões pelas quais o Polana foi recentemente certificado ISSO 14001, o que significa que o hotel recebeu a mais prestigiada certificação de qualidade do International Environment Management System (Sistema Internacional de Gestão Ambiental), e é reconhecido pelo seu pioneirismo, nos seus princípios e boas práticas, no tocante aos impactos performance ambientais e. Aqui, também estou convicto de que o Polana Serena é actualmente o único hotel em Moçambique a receber esta certificação.
As nossas metas para este projecto são extremamente elevadas. Esta cerimónia deverá ser vista, creio, não somente como um momento de celebração, mas também como um momento de rededicação: eu gostaria de acreditar que o que foi até agora conquistado é somente um começo. O que é necessário agora, no caminho para a frente, é a continuação do espírito subjacente à realização deste empreendimento; de um compromisso incondicional para com a qualidade e a determinação do Governo e de nós próprios, no sector privado, para trabalharmos em conjunto, em harmonia e compreensão para realizar em outros desenvolvimentos apropriados e cuidados, a totalidade do potencial turístico que é representado pela combinação única que o País detém, de recursos naturais excepcionais e pontos culturais de qualidade e interesse internacional; sem a pressa indevida, evitar os perigos do sobre-desenvolvimento e da especulação, e assegurar a existência das infra-estruturas essenciais para sustentar o desenvolvimento e contínua qualidade desse mesmo desenvolvimento. Nós, no Serena, esperamos poder fazer parte de tal desenvolvimento futuro neste país e, efectivamente, poder desempenhar um papel de liderança no mesmo.
Muito obrigado.