Bismillah-ir-Rahman-ir-Rahim.

Vossa Excelência o Xeque Salem bin Khalid Al Qassimi,
Vossa Excelência o Xeque Khalifa bin Ahmed Al Khalifa,
Excelências,
Notáveis convidados,
Senhoras e senhores,

É um privilégio estar convosco nesta noite.

Estes Prémios começaram por ser uma visão partilhada pelo meu pai, Sua Alteza Karim Aga Khan, e pelo meu tio, o Príncipe Amyn, que está aqui connosco esta noite. A convicção de ambos era que a música, profundamente enraizada nas diversas culturas do mundo Muçulmano, podia ser uma fonte de força - tanto para os indivíduos como para as sociedades. Acreditavam que, ao reconhecer e apoiar os músicos que levam estas tradições por diante, estaríamos também a valorizar o espírito criativo que nos liga a todos.

Quando o meu pai presidiu à primeira edição dos Prémios, em Lisboa, em 2019, recordou-nos que, em algumas partes do mundo, as palavras Muçulmano e música não são frequentemente associadas. Falou-nos de como, ao longo de séculos e continentes, as civilizações Muçulmanas abraçaram a música como uma linguagem de reflexão, beleza e fé. As suas palavras têm um significado especial esta noite, quando celebramos os artistas que dão continuidade a esse legado de formas novas e criativas.

Há algo de muito especial na simples capacidade de criar som com uma intenção. De todos os cantos do mundo, pessoas com talento e algo para partilhar encontram formas de chegar aos outros através da música. E, embora existam muitas barreiras, continua a ser uma das formas de arte mais acessíveis.

Talvez por isso seja um dos poucos espaços onde a diferença não nos divide - permite-nos a todos partilhar emoções sem tradução. E é isso que estes Prémios representam.

Os músicos que homenageamos esta noite personificam tanto a mestria como a generosidade. A sua arte não é apenas técnica - é humana. E através do seu trabalho, conseguem transmitir conhecimentos, valores e histórias que atravessaram gerações. E, ao fazê-lo, recordam-nos que a tradição não é uma relíquia do passado, mas uma corrente viva que flui através do presente. Eles baseiam-se no que veio antes - com sons e arranjos originais e inovadores - expandindo os nossos horizontes musicais.

O impacto dos artistas desta noite não se mede apenas por aplausos ou gravações, mas pelas vidas que tocam. Quer se trate de um estudante inspirado que encontra confiança na aprendizagem de um instrumento ou de alguém forçado a sair de casa que se sente ligado à sua comunidade quando ouve uma melodia familiar. Estes são os momentos em que a música sai do palco e entra no mundo.

É por isso que os Prémios Aga Khan para a Música não são apenas uma cerimónia de reconhecimento - são uma declaração de fé: que a cultura é a base do desenvolvimento e que a criatividade é uma forma de serviço. Os músicos que celebramos esta noite mostram que a arte pode abrir caminhos para a dignidade e o sustento. Demonstram também que a beleza e o objetivo não são ambições separadas, mas partes da mesma história humana.

Subjacente a tudo isto está o princípio do pluralismo de que o meu pai tantas vezes falava. O entendimento de que as nossas diferenças não são barreiras, mas sim pontes.

Cada um dos laureados desta noite traz consigo uma herança cultural distinta e, no entanto, em conjunto, o seu trabalho afirma uma humanidade partilhada. Recordam-nos que ouvir - ouvir verdadeiramente - é em si um ato de respeito e empatia.

Numa época em que o ruído ultrapassa muitas vezes a compreensão, estes artistas convidam-nos a fazer uma pausa, a ouvir e a refletir. A sua música recorda-nos que a unidade não exige uniformidade - cresce a partir do diálogo de muitas vozes e é harmonizada pelo respeito mútuo.

Quero expressar o meu profundo apreço a todos aqueles que tornam estes Prémios possíveis: os jurados; os organizadores; os professores e mentores cuja dedicação sustenta esta comunidade de artistas. E aos laureados, obrigado por nos recordarem o que significa criar com objetivo, com humildade e com coração.

É com grande prazer que convido agora a subir ao palco os notáveis vencedores dos Prémios Aga Khan para a Música de 2025.

Obrigado.