Por Príncipe Rahim Aga Khan, Índia · 28 julho 2024 · 4 Min
Bismillah-ir-rahman-i-rahim
Excelentíssimo Ministro-Chefe de Telangana,
Excelentíssimo Ministro do Turismo e da Cultura
Excelentíssimos Senhores Deputados
Senhora Secretária Principal,
Suas Excelências,
Ilustres Convidados,
Senhoras e Senhores,
Permitam que comece por agradecer ao governo e ao povo da Índia e de Telangana pela vossa calorosa receção e hospitalidade.
Este magnífico conjunto de pavilhões, jardins, poços escalonados e mausoléus a uma curta distância do Forte de Golconda é, em primeiro lugar, um testemunho da capacidade, do talento e do engenho da população desta cidade e dos seus antepassados. Juntamente com outras pessoas, próximas e distantes, têm demonstrado o seu compromisso com a criação de condições para que o passado possa inspirar o futuro.
Este é o local de descanso da dinastia Qutb Shahi, que governou Hyderabad durante 169 anos. Como podemos ver ao olhar à nossa volta, os soberanos da dinastia Qutb Shahi não eram apenas construtores de exceção. Eram também grandes patronos das artes e da erudição.
É com o intuito de recuperar e reforçar esse legado que o Governo de Telangana e o Fundo Aga Khan para a Cultura têm vindo a trabalhar em conjunto para criar um local único, sem paralelo na sua grandeza, diversidade e abrangência. O apoio, o compromisso e a dedicação do governo de Telangana têm feito desta uma parceria forte e gratificante, pela qual estamos profundamente gratos.
Aos nossos generosos doadores e parceiros – o Ministério do Turismo do Governo da Índia, a Tata Trusts, o Fundo dos Embaixadores dos EUA para a Preservação Cultural, a IndiGo Reach e o Consulado Alemão – devemos o nosso mais sincero agradecimento pelo seu apoio e determinação na preservação e revitalização deste património para benefício do mundo inteiro.
Os doze anos de complexas iniciativas de restauro e conservação por parte do Fundo Aga Khan para a Cultura nesta parceria permitiram o restauro de quase 100 monumentos, e a revitalização da paisagem e da ecologia nesta área com 43 hectares.
Ao pararmos por um momento para apreciar o esplendor deste feito, devemos também admirar a energia e a dedicação da equipa multidisciplinar que levou a cabo este trabalho.
Os artesãos que, usando ferramentas e materiais de construção tradicionais, e valiosas técnicas artesanais ancestrais, se esforçaram para igualar o trabalho em estuque feito há cinco séculos.
Os arquitetos paisagistas, ecologistas, horticultores e jardineiros que plantaram mais de 10 000 árvores, criando uma barreira ecológica para a área patrimonial. Está prevista a plantação de mais 5 mil árvores.
Foram limpos, desassoreados, reconstruídos e restaurados seis baolis, dois dos quais recém-descobertos, contribuindo atualmente para um excedente de água para a rega e manutenção dos jardins. Desde 2022 que são recolhidos anualmente mais de 20 milhões de litros de águas pluviais.
Sentimo-nos honrados por termos tido um papel fundamental na criação do Parque Patrimonial Qutb Shahi. Ao fazê-lo, não reconhecemos apenas a mestria da arte, da arquitetura e da engenharia inscritas na história desta cidade, abordamos também os futuros desafios ambientais e climáticos que não são apenas culturais ou científicos, mas sim preocupações da maior importância.
Para além do restauro do património construído, a força desta iniciativa colaborativa reside na sua combinação entre o design paisagístico e jardinístico. O Fundo Aga Khan para a Cultura já construiu ou restaurou dez grandes parques e jardins em todo o mundo, seguindo a orientação de Sua Alteza o Aga Khan, no que diz respeito à nossa responsabilidade de proteger o mundo natural e de respeitar o poder e o mistério da natureza.
Efetivamente, um dos princípios éticos da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, um grupo de agências que procuram melhorar o bem-estar e as perspetivas de populações de todo o mundo, passa por trabalhar com vista à criação de um ambiente sustentável, nas suas dimensões física, social e cultural.
A cerimónia de hoje não assinala o fim da presença do Fundo Aga Khan para a Cultura em Hyderabad. Estamos envolvidos com o governo de Telangana em cinco outros projetos na cidade, incluindo os Túmulos de Paigah e a Assembleia do Estado. Também estamos em conversações para estabelecer um fundo de gestão para a operação e manutenção deste Parque Patrimonial.
O nosso trabalho aqui faz parte de um compromisso multissetorial da Rede Aga Khan de Desenvolvimento e de organizações sob a direção do Imamat Ismaili para com a população de Telangana. A nossa esperança é que as nossas iniciativas ao nível da educação, desenvolvimento da primeira infância, desenvolvimento das mulheres, ação climática e resiliência ao risco de desastres possam continuar, no âmbito de um quadro estruturado, a melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas de Hyderabad e Telangana.
Neste sentido, espero poder regressar no futuro a esta bela cidade e ao seu povo caloroso e generoso.
Amanhã, o Fundo Aga Khan para a Cultura irá inaugurar o Museu do Túmulo de Humayun - Património Mundial, em Deli, o que se prevê que venha a melhorar a experiência dos visitantes do Túmulo de Humayun e do Viveiro de Sunder. Está igualmente planeada a construção de um museu aqui, no Parque Patrimonial Qutb Shahi, o qual irá abranger tanto o Parque como o Forte de Golconda, e que irá exibir as conquistas da dinastia Qutb Shahi.
Ainda que Sua Alteza o Aga Khan não possa ter estado aqui hoje, considero apropriado terminar com as suas palavras:
“A criação de espaços verdes em zonas urbanas constitui uma melhoria significativa na qualidade do ambiente e nas condições de vida das pessoas. São espaços de lazer e de encontro para pessoas de todas as idades e todas as categorias sociais que incentivam diferentes segmentos da população a interagirem e a integrarem-se. E têm-se revelado catalisadores da atividade económica e fontes de emprego, direta e indiretamente, nomeadamente através dos serviços prestados aos visitantes.
Ao mesmo tempo que olhamos para trás para um momento como este, devemos também olhar com ponderação para o futuro.
Ao mesmo tempo que sentimos hoje a influência do passado distante, devemos também pensar nas gerações que ainda estão por vir - pessoas que irão viver aqui e pessoas que virão visitar-nos, e que irão ver neste local uma porta de entrada para a sua própria história.”
Obrigado.