Por Sua Alteza o Aga Khan, Ottawa, Canada · 16 maio 2017 · 5 Min
Bismillah-ir-Rahaman-ir-Rahim
Sua Excelência Governador-Geral
Excelentíssima Ministra
Suas Excelências
Colegas da Direção do Centro Global pelo Pluralismo
Amigos do Centro
Este é um excelente dia para todos nós. E esta é uma cerimónia especial, em que homenageamos um lindo símbolo do rico passado do Canadá, e voltamos a dedicá-lo à grande causa de um futuro global pluralista.
Como sabem, o Edifício do Museu da Guerra foi projetado há mais de um século pelo grande arquiteto canadiano David Ewart. Durante o primeiro meio século, funcionou como a sede dos Arquivos do Domínio e, nos cinquenta anos seguintes, conhecemo-lo como o Museu da Guerra. Durante mais de cem anos, no total, foi um lugar onde se preservou e honrou os registos do glorioso e seguro passado do Canadá.
Julgo que concordarão comigo se disser que o passado ainda comunica connosco neste lugar. Os arquitetos, projetistas, engenheiros e tantos outros que reabilitaram este maravilhoso edifício gótico do período Tudor tiveram o cuidado de respeitar o seu distinto caráter histórico. Estamos todos juntos aqui hoje para saudar a equipa de design e engenharia liderada pela KPMB, a equipa de construção, liderada pela MP Lundy Construction, e tantos outros funcionários e voluntários dedicados que contribuíram para este projeto.
Gostaria de partilhar uma outra observação agora que nos debruçamos sobre um passado tão digno de respeito. Considero muito apropriado que esta cerimónia tenha lugar este ano, o ano do 150.º aniversário da Confederação Canadiana.
Tenho o prazer de poder ser uma das pessoas que discursam, este ano, com um orgulho particular pela "nossa" história canadiana. Isso deve-se, naturalmente, à generosidade com que este país me tratou, há muitos anos, ao conferir-me o título de cidadão honorário do Canadá.
Mas ainda que celebremos hoje o passado, estamos também a olhar para a frente, com alegria e confiança, para um futuro particularmente empolgante.
Esse futuro também foi simbolizado por aqueles que renovaram este edifício, de duas formas apelativas.
Em primeiro lugar, criaram um novo jardim no átrio, um espaço tranquilo para contemplar o passado e pensar no futuro. E, em segundo lugar, produziram um novo gesto determinante para o futuro, a abrir este prédio ao rio.
Quando visitei este local pela primeira vez, atravessei o rio Ottawa para ver o panorama das coisas do lado oposto. A partir daquele ângulo, reparei que muitos edifícios do lado de Ontário tinham, ao longo dos anos, virado as costas ao rio. Mas quando começámos o planeamento, tornou-se evidente essa outra possibilidade. Foi parecendo cada vez mais importante abrir o local à água.
Afinal, a água tem sido considerada, ao longo dos tempos, como a grande fonte da vida. Quando os cientistas procuram sinais de vida no universo, eles começam por investigar a existência de água. A água restaura, renova e refresca. E ao abrir as nossas vidas e nós próprios à água é como se nos abríssemos ao futuro.
Para além disso, o rio Ottawa representa uma ligação poderosa com outros locais, tanto próximos como distantes. Não é apenas um símbolo refrescante, é também um símbolo de ligação, deste local com o resto do Canadá e o resto do mundo.
Ao longo da história do Canadá, o rio Ottawa tem sido um ponto de encontro de diversos povos, originalmente das Primeiras Nações, e depois dos britânicos e franceses e, mais recentemente, de canadianos com diferentes origens. O rio simboliza o espírito de ligação. E esse espírito de ligação está obviamente no âmago do Centro Global pelo Pluralismo.
O novo jardim no átrio sugere que o Centro será um lugar de contemplação e reflexão. E a abertura ao rio sugere que será igualmente um lugar de ligação e comprometimento.
Aquilo que se passar no número 330 de Sussex Drive durante os próximos anos irá resplandecer muito para além das suas paredes, para o mundo inteiro.
Deixem-me salientar um ponto acerca do conceito de pluralismo que é por vezes mal interpretado. Uma ligação não significa necessariamente uma concordância. Não significa que queiramos eliminar as nossas diferenças ou apagar aquilo que nos distingue. De todo. Aquilo que significa é que iremos interligar-nos para aprendermos uns com os outros e para construirmos o nosso futuro juntos.
O pluralismo não significa a eliminação da diferença, mas sim a aceitação da diferença. O pluralismo genuíno entende que a diversidade não enfraquece uma sociedade, mas fortalece-a. Num mundo cada vez mais próximo e cada vez mais diversificado, um genuíno sentido de pluralismo é o fundamento indispensável para a paz e o progresso humanos.
Desde o início, tem sido esta a visão partilhada seriamente pelo Imamat Ismaili e pelo Governo do Canadá.
A minha relação íntima com o Canadá começou há mais de cinco décadas, com a vinda para o Canadá de muitos milhares de ismailis asiáticos, principalmente como resultado das políticas antiasiáticas de Idi Amin no Uganda. Essa relação foi sendo reforçada ao longo dos anos, tendo já partilhado tantas aventuras com os nossos amigos canadianos, aqui no Canadá e noutros países, incluindo o Centro Global pelo Pluralismo.
O Centro tem sido, desde o início, uma verdadeira parceria - uma parceria inovadora - uma genuína parceria público-privada. E uma das mensagens principais que quero hoje expressar é o quanto estamos profundamente gratos a todos aqueles que tornaram tão eficaz esta parceria.
Foi com o Primeiro-Ministro Jean Chrétien que discutimos pela primeira vez a ideia de fundar um novo centro de pluralismo, e foi o Primeiro-Ministro Paul Martin que ajudou a desenvolver o plano. O governo do Primeiro-Ministro Stephen Harper confirmou a parceria, e o ministro Bev Oda assinou comigo o Acordo. A ministra Mélanie Joly também prestou um forte apoio ao GCP. E o Primeiro-Ministro Trudeau expressou, com convicção e paixão, a necessidade do pluralismo no nosso mundo.
Hoje recordo igualmente tantos outros funcionários públicos que ajudaram a orientar esta iniciativa, incluindo as Universidades do Canadá, o IDRC e outros membros antigos e atuais da Corporação do GCP. E também quero agradecer a maravilhosa cooperação por parte da Casa da Moeda do Canadá, que irá partilhar connosco uma ala deste edifício.
Ao celebrarmos hoje o progresso que fizemos, reconhecemos também os crescentes desafios com que a nossa missão se debate, à medida que as ameaças nacionalistas e nativistas ao pluralismo vão surgindo em todos os cantos do mundo. Como resposta a esses desafios, o Centro Global pelo Pluralismo planeou uma série de novas iniciativas. Entre elas estão os novos Prémios de Pluralismo Global, que irão distinguir o pluralismo em ação em todo o mundo, assim como um conjunto de novas publicações.
Hoje, ao olharmos tanto para o passado como para o futuro, fazemo-lo mostrando a nossa gratidão para com todos aqueles que partilharam connosco esta aventura, e que agora partilham a nossa busca por novos sonhos. Entre eles está alguém que recebemos hoje não apenas como um ilustre Estadista, mas também como alguém cujo apoio pessoal serviu de inspiração a todos nós.
É um prazer e uma honra anunciar Sua Excelência o Muito Honorável David Johnston, Governador-Geral do Canadá.
Obrigado.