Por Sua Alteza o Aga Khan, Naryn, Kyrgyz Republic · 19 outubro 2016 · 7 Min
Bismillah-ir-Rahman-ir-Rahim
Sua Excelência Sooronbay Jeenbekov, Primeiro-Ministro da República do Quirguistão,
Sua Excelência Amanbai Kayipov, Governador dos Oblast de Naryn,
Excelentíssimos Ministros,
Suas Excelências, Estudantes, Docentes e Funcionários da Universidade
Ilustres Convidados
Hoje é um grande dia para a Universidade da Ásia Central, para mim e para todos aqueles que participaram no desenvolvimento desta Universidade no Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão. E sei que hoje também é um dia muito especial para o povo da República do Quirguistão e para os líderes e cidadãos de Naryn. É realmente um prazer juntar-me a vocês para celebrar um momento verdadeiramente histórico com a inauguração do campus da Universidade em Naryn.
Tem sido uma grande honra e um grande prazer, para mim e para os meus colegas, trabalhar com todos vocês na construção, aqui na Ásia Central, de uma nova grande instituição. As vossas contribuições chegaram de várias formas: através dos vossos sábios conselhos, através de recursos financeiros, através de materiais de construção, e através da energia dos trabalhadores locais. Todos aqueles que contribuíram farão sempre parte deste lugar.
A todos vocês enviamos os nossos sinceros agradecimentos, não apenas pelo vosso generoso apoio material, mas também pela vossa amizade e pela vossa visão.
Deixem-me também referir o quanto me senti honrado quando o Presidente me concedeu ontem a Ordem de Danaker, tão respeitada neste país. Este prémio tem um significado especial para mim porque representa ideais importantes - valores honrados pelo povo da República do Quirguistão na sua prática diária.
Aceitei esta distinção com gratidão como um símbolo da parceria que cresceu ao longo dos anos entre os povos da Ásia Central e as pessoas da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, e que me recorda a estrada que já percorremos juntos e da maravilhosa jornada que ainda temos diante de nós.
Como resultado dos seus esforços, a Universidade da Ásia Central já está a encaminhar os povos desta região montanhosa da Ásia Central para um excitante novo capítulo da sua história. À medida que damos este passo em frente, penso igualmente em alguns dos desenvolvimentos já em andamento que têm valorizado a história destes últimos dezasseis anos, e que proporcionam uma grande dinâmica para o futuro.
A UCA não é uma típica universidade em início de operações. Chamo a atenção, por exemplo, para a notávelEscola de Educação Profissional e Continuada. Desde que lançou os seus primeiros cursos em 2002, já abrangeu um número considerável de alunos - mais de 90 000 ao todo - desde deputados a jovens da região e de aldeias. Também gostaria de destacar o Projeto de Humanidades com a sua valiosa panóplia de cursos que já cativaram o apoio de outras 77 universidades e faculdades de toda a Ásia Central. Poderíamos também referir com orgulho o Instituto de Políticas Públicas e Administração, assim como o Instituto de Investigação de Sociedades de Montanha, os quais estão ambos a realizar investigações inovadoras e a cooperar com parceiros internacionais em questões fundamentais para o progresso da região. Ainda numa outra área de aprendizagem, o trabalho da Unidade de Humanidades Culturais e Património Cultural acerca do património musical do Quirguistão e do Tajiquistão é um prenúncio daquilo que podemos esperar. Enquanto isso, através do nosso programa de desenvolvimento do corpo docente, já tivemos dezenas de professores da Ásia Central a concluírem os seus doutoramentos em universidades de renome, proporcionando deste modo um capital de talento extraordinário para a UCA. Todos estes ativos são alicerces fundamentais para ajudar o campus de Naryn a desempenhar o seu papel dinâmico e central.
Este evento de hoje traz-me memórias maravilhosas. Passaram apenas dezasseis anos desde que me juntei aos Presidentes dos Estados Fundadores para assinar um extraordinário Tratado Internacional. Foi um acontecimento sem precedentes. Na altura, o Tratado foi um exemplo único para todo o mundo de como estes três países eram capazes de sonhar juntos acerca do seu futuro comum. E foi também um exemplo maravilhoso de como estes podiam dar as mãos, transpondo as fronteiras nacionais, com o intuito de realizar os seus sonhos.
Quando fui falando acerca deste projeto a pessoas de todo o mundo ao longo dos últimos dezesseis anos, muitas ficaram um pouco surpreendidas, e também extremamente impressionadas. Perguntaram-me se esta nova universidade teria vários polos, em três países diferentes, todos a trabalhar em conjunto em busca de objetivos comuns. E a minha resposta claro que foi sim - não só era esse o nosso plano, como é o que está a acontecer na prática hoje. Gostaríamos de construir os nossos três polos o mais rápido possível.
Esta Universidade não representa apenas o poder da educação mas também o poder da cooperação internacional. É um poder que pode mudar a vida das pessoas.
É importante saber que aquilo que estamos a fazer aqui será um precioso exemplo de cooperação internacional para o futuro, não apenas aqui para a região, mas também para pessoas muito para além da região.
E também é importante recordar como este exemplo tem por base o passado desta região.
Os estudantes de história mundial lembram-nos que a Ásia Central, há mil anos, “liderou o mundo” no comércio e no investimento, no desenvolvimento urbano, e em conquistas culturais e intelectuais. Era este o lugar a que os principais pensadores de todo o mundo conhecido recorriam para orientação. Quais foram os últimos avanços em astronomia ou matemática, em química ou medicina, em filosofia ou música? Este era o lugar ideal para o descobrir. Nesta região que deu o nome à álgebra, onde o diâmetro da Terra foi calculado com precisão, onde foram escritas algumas das maiores poesias do mundo.
Porque é que isto aconteceu? Porque é que aconteceu aqui? Acima de tudo, apetece-me sugerir que isso se deveu à qualidade da "abertura". Quero dizer com isso uma abertura a novas ideias, uma abertura à mudança, e uma abertura a pessoas de diversas origens e com uma variedade de talentos. As pessoas das cidades desta região, mesmo há tantos séculos, uniram-se ao povo das estepes e, em conjunto, aproximaram-se de pessoas que estavam bastante distantes.
Esse tipo de abertura poderá ser novamente a chave que abrirá as portas para o futuro. Isto poderá revelar-se verdade não apenas para as pessoas que moram ao fim da rua, como para aquelas que vivam na linha do horizonte imediato, mas também para pessoas que habitem locais ainda mais distantes. São potenciais parceiros e potenciais beneficiários, numa altura em que nos confrontamos com as grandes questões do nosso tempo e espaço: Como podemos melhorar as nossas escolas, mitigar as alterações climáticas, lidar com desastres naturais e promover a saúde pública?
A Universidade da Ásia Central pode contribuir muito para ajudar a responder a estas questões, não apenas através dos seus programas de licenciatura e pós-graduação, mas também através de investigações de alunos e professores, através de programas interdisciplinares relevantes - e através de parcerias com outras instituições - em todos os casos, sempre orientada para enfrentar os desafios e circunstâncias específicos da região. E o impacto daquilo que fazemos pode ser global e regional - mas também local. Ao colaborarmos com as autoridades do Oblast, esperamos, por exemplo, que Naryn se venha a tornar uma cidade universitária dinâmica, e que melhore a qualidade de vida de todos os seus cidadãos.
Já existem alguns exemplos em vigor: a renovação do Parque de Jakypov é uma delas; o centro médico e de diagnóstico é outro. Existem novos planos em curso para a criação de um centro de desenvolvimento na primeira infância, uma unidade residencial para professores, funcionários e outros cidadãos locais, assim como uma pousada universitária para os muitos visitantes que virão para partilhar a beleza e a vitalidade da região de Naryn, e para a sua nova comunidade universitária.
Por fim, deixem-me referir que também estamos a tomar certas medidas organizacionais muito importantes nesta fase em que assinalamos este acontecimento marcante na curta história da Universidade da Ásia Central. A UCA está a lançar o seu primeiro programa de licenciatura e, enquanto uma instituição autónoma, encontra-se preparada para se autorregular sob a tutela de um Conselho de Administração, conforme está previsto no Tratado Internacional e nos Estatutos da Universidade. Enquanto Reitor da Universidade, estou a fazer a primeira nomeação para o Conselho, ao nomear Shamsh Kassim-Lakha como Presidente.
Shamsh tem tido uma carreira notável enquanto um líder de sucesso na área da educação. Ele liderou, durante quase três décadas, a construção, planejamento e operação da Universidade Aga Khan, inicialmente sedeada no Paquistão, mas que hoje se estende por três continentes. Também já foi Ministro da Educação, e Ministro da Ciência e Tecnologia no Paquistão. Depois de ser oficializada a sua nomeação, iremos também nomear os restantes Membros do Conselho, uma tarefa que irei realizar em cooperação com os Presidentes dos Estados Fundadores, que são os Patronos da Universidade.
Será sob a sua liderança que iremos seguir em frente. Aquilo que hoje aqui celebramos não é a primeira fase desta história de crescimento e progresso - ainda é apenas um passo inicial.
Embora hoje seja um dia para festejar, estamos já ansiosos pelos passos maravilhosos que ainda estão por vir.
Obrigado.