Por Príncipe Amyn Aga Khan, Londres, Reino Unido · 4 julho 2019 · 4 Min
Muito obrigado, é com imenso prazer que inauguro esta exposição.
Suas Eminências,
Conselheiros,
Excelências,
Lordes,
Senhoras e Senhores,
Tive de descobrir como ler este discurso em particular porque não tinha a certeza se poderia pluralizar eminência e conselheiro.
Quando o Centro Ismaili foi inaugurado em 1985, foi criado um espaço com um objetivo específico, chamado Galeria Zamana. Possui uma entrada independente em Cromwell Road, mesmo em frente ao V&A, ao Museu da Ciência e ao Museu de História Natural, e foi projetado para fazer parte deste rico corredor cultural. Funcionando como complemento à alta-costura, escultura renascentista, dinossauros, abelhas, engrenagens e computadores dos seus vizinhos, a intenção era que Zamana fomentasse o diálogo entre as comunidades acerca da arte, da sociedade e da cultura do mundo muçulmano, e que refletisse o diálogo entre culturas que sempre existiu como resultado do desejo e da necessidade do homem de viajar, descobrir, conquistar ou vender as suas mercadorias e comprar outras.
Eu pedi a Sir Roy Strong, já há tantos anos, que usasse esta galeria para expor a notável coleção de obras de arte do V&A do mundo muçulmano, à época mantida, em grande parte, nas reservas do Museu, e ele concordou em princípio com a ideia. No entanto, isso não se concretizou. Mais tarde, fiz a mesma sugestão ao então Ministro da Cultura. Mas, novamente, nada aconteceu. Assim, foi com alguma tristeza que vi esta galeria entrar em hibernação há uns vinte e cinco anos. Desde então, o apreço pelas artes do mundo muçulmano, penso eu, tem vindo a crescer e a florescer. Têm sido criadas ou reformuladas galerias em grandes museus como o V&A e o British Museum. Têm sido criados festivais para mostrar as artes do mundo árabe, da Ásia do Sul e do mundo muçulmano em geral. Foram criadas muitas fundações para apoiar a prática artística. E muitos artistas têm vindo para Londres, pelas suas escolas de arte e pelas oportunidades de exercer as suas práticas no rico ambiente desta cidade. Não creio que seja exagero dizer que, ao longo deste período, Londres se tornou, em muitos aspetos, um centro tanto para as artes históricas como para as artes contemporâneas do mundo muçulmano islâmico.
Algo que nos traz aqui hoje, para a reabertura do Espaço Zamana. Estou satisfeito que o Centro Ismaili tenha escolhido recuperar este espaço, em parceria com o Museu Aga Khan, um museu com sede em Toronto, do qual sou Presidente do Conselho, para o bem e, provavelmente, para o mal. Embora tenha aberto há menos de cinco anos, o Museu já começou a afirmar-se como um dos líderes nas artes do mundo muçulmano. A sua missão passa promover uma maior compreensão e apreço pelas contribuições que as civilizações muçulmanas deram para o património mundial, através da exibição das suas artes de todo o mundo nas suas muitas e variadas formas. As suas exposições começaram a ganhar notoriedade principalmente, e fico contente por dizê-lo, no bom sentido da palavra, incluindo a atual exposição bem-sucedida no Moon. E creio que o trabalho do museu com os artistas, sejam eles músicos, dançarinos ou artistas visuais, começou a abrir novos caminhos.
Estou muito empenhado no diálogo entre as artes. As artes refletem os nossos sentidos e, tal como os nossos sentidos falam entre eles, as artes também devem falar entre elas. É, a meu ver, um erro mostrar uma arte como algo totalmente independente de todas as outras artes. Tanto quanto possível, gosto de ver um diálogo entre as artes.
Esta galeria no Centro Ismaili foi um dos primeiros locais onde a coleção do Museu Aga Khan foi exibida após o anúncio da construção do Museu em Toronto. Em 2007, há uma dúzia de anos, esteve em exibição uma seleção de tesouros da coleção do Museu aqui no Salão Social, tendo atraído 50.000 visitantes durante a sua temporada.
Como já devem ter adivinhado, agora que o Zamana está de novo em funcionamento e que até temos espaços de exposição disponíveis no novo Centro Aga Khan em Kings Cross, é minha esperança que o Museu Aga Khan seja capaz de montar interessantes exposições temporárias em conjunto com o V&A e outras importantes instituições britânicas que possuam importantes obras de arte relacionadas ou provenientes do mundo muçulmano. Reforçando, deste modo, aquilo que considero importante, a mensagem de que a cultura une, em vez de dividir.
Deixarei a introdução da obra que irão apreciar e do artista que irão conhecer para o Diretor e Presidente do Museu, Henry Kim, e o artista Kevork Mourad. Contudo, devo dizer que eles demonstraram uma grande imaginação no modo como usaram o Espaço para criar esta exposição de arte sonora e visual. Estou também extremamente satisfeito que o Espaço não venha a albergar apenas esta exposição, como também uma pequena loja do Museu. Esta deverá ser uma das poucas alturas em que o diálogo cultural e o diálogo comercial se juntam. A loja tem uma coleção exclusiva de joias, moda, cerâmica, tecidos e livros que foram desenvolvidos e adquiridos de artistas tradicionais e contemporâneos de todo o mundo muçulmano, depois de longas horas de pesquisa e investigação, um processo que foi divertido e, ao mesmo tempo, inspirador a vários níveis.
A Loja também tem as suas raízes no diálogo cultural. Espero que gostem do espetáculo, e espero que, inshallah, nos voltemos a encontrar para o próximo espetáculo - que seja agradável e para breve, por favor, Sr. Kim.
Obrigado.