Por Sua Alteza o falecido Aga Khan IV, Nairobi, Kenya · 17 março 2016 · 5 Min
Bismallah-ir-Rahman-ir-Rahim
Secretário de Gabinete Joe Mucheru
Secretário de Gabinete Adan Mohamed
Governador do Condado de Machakos, Dr. Alfred Mutua
Suas Excelências, Membros do Corpo Diplomático
Presidente do NMG Wilfred Kiboro Sr. Muganda
Ilustres Convidados
Senhoras e Senhores
Hoje é um grande dia para o Nation Media Group e para a comunidade dos média no Quénia, num momento em que damos um grande passo em frente nos nossos esforços de servir este país e esta região de formas cada vez mais eficazes.
O que significa uma nova gráfica? Várias coisas. Significa jornais mais atrativos. Significa uma impressão mais rápida e uma entrega antecipada. Significa menos atrasos e uma resposta mais rápida ao desenvolvimento de notícias de última hora. Significa uma melhor qualidade para os nossos anunciantes - mais cores, por exemplo, para leitores e anunciantes. E a sua construção também significou um maior investimento na economia local.
Num momento como este, dou por mim a pensar nos tempos em que iniciámos o Nation - isso foi há mais de meio século. Às vezes, custa a acreditar que já passou tanto tempo. E, francamente, ainda custa mais acreditar que já passou tanto tempo desde os meus tempos de infância no Quénia, e das minhas constantes visitas iniciais a este país.
Ao longo deste tempo, como sabem, a nossa Rede para o Desenvolvimento tem desenvolvido uma série de atividades neste país - nas áreas da educação, saúde, comércio, turismo, finanças e outras - que esperámos que viessem a ajudar na melhoria da qualidade de vida das pessoas deste país e desta região.
É óbvio que ao longo de todos estes anos muita coisa mudou. E essa mudança fez-se notar particularmente no Nation Media Group. Fomo-nos expandindo com o lançamento de novos jornais - como o 'East African' e o 'Business Daily' - e entrando nos mundos da televisão e da rádio, aumentando o nosso raio de ação a outros países da África Oriental. E também entrámos determinantemente na distribuição informatizada e online de notícias e informações.
Esta nossa celebração de hoje assinala uma nova transformação importante. Ouvimos falar muito das maravilhas tecnológicas dos dias de hoje. E a mais recorrente é a forma como podemos chegar aos leitores através dos ecrãs de computadores e telemóveis. Mas esta história de modernização não acaba aí.
A nova gráfica que hoje inauguramos também é uma maravilha da tecnologia. Ela simboliza a nossa determinação em usar a melhor tecnologia que podemos encontrar em qualquer parte do mundo para fazer um melhor trabalho pelos nossos clientes - incluindo os clientes que servimos em papel e através da palavra impressa.
Quando penso na fundação da Nation, e quando reflito acerca das várias mudanças pelas quais passámos e até onde conseguimos chegar, penso especialmente nos sonhos e esperanças que tínhamos quando criámos esta empresa. Na altura, o nosso objetivo era criar uma agência noticiosa que pertencesse a toda a nação do Quénia - e foi por isso que escolhemos este nome para a nossa empresa. Esse sonho ficou mais perto da realidade quando entrámos no mercado público de ações, o que faz com que hoje a maioria das ações da Nation seja propriedade da população em geral do Quénia.
O nosso outro objetivo central à época da nossa fundação era criar uma agência noticiosa que fosse verdadeiramente independente: um lugar onde o público pudesse ter uma voz na qual pudesse confiar; uma voz objetiva e consciente; uma voz que contasse os factos às pessoas, da forma mais credível possível. O nosso objetivo não era dizer às pessoas o que pensar, mas transmitir informações fiáveis para que elas pudessem pensar, de forma mais lúcida, por si mesmas.
Para nos ajudar a seguir por este caminho desafiante, criámos igualmente um conjunto formal de linhas editoriais. Estas linhas surgiram no seguimento de várias discussões e debates internos e externos, sendo depois aprovadas numa reunião dos nossos acionistas públicos. Estas linhas editoriais representam um conjunto de padrões éticos e formais - o nosso código de honra enquanto jornalistas independentes. Sermos fiéis a estes valores é algo que consideramos uma obrigação moral.
Continuamos a pensar e a falar muito acerca dessas linhas editoriais. Tivemos uma grande reunião ontem, na qual voltámos a conversar com os nossos editores e com o nosso Conselho de Administração sobre como poderíamos implementar esses padrões de uma forma mais eficaz. Todos concluímos que o papel de uma empresa de comunicação social verdadeiramente independente é hoje mais importante do que nunca - em África e em todo o mundo. E também reconhecemos que cumprir esse papel de independência pode ser mais difícil hoje do que nunca.
Em todo o mundo, o número de vozes nos média está a explodir e a multiplicar-se todos os dias, em sites, blogs e redes sociais. O resultado é muitas vezes uma combinação selvagem de mensagens: boa informação e má informação, apreciações superficiais, imagens breves e muita confusão e conflito. E isto é assim em todo o mundo.
Para além disso, esta é também uma altura em que as emoções e as opiniões políticas veiculadas em público estão a intensificar-se e a extremar-se - por todo o mundo, mais uma vez.
O resultado disso, dizem alguns, é que vivemos numa sociedade “pós-factos”. Sim, uma sociedade pós-factos. Não é uma questão de toda a gente se achar no direito de ter uma opinião - isso é algo positivo. Mas o problema surge quando as pessoas sentem que têm direito a ter os seus próprios fatos. Aquilo que é verdade pode, muitas vezes, depender não do que realmente aconteceu, mas do lado da questão em que estivermos. A nossa busca pela verdade pode então tornar-se menos importante do que a nossa lealdade a uma causa - uma ideologia, por exemplo, ou um partido político, ou uma identidade tribal ou religiosa, ou uma perspetiva de apoio ao governo ou à oposição. E neste sentido os públicos de todo o mundo podem começar a fragmentar-se e as sociedades podem entrar num impasse.
Num mundo como este, é absolutamente crucial - mais do que nunca - que o público tenha acesso a informações fiáveis, equilibradas, precisas e objetivas - da melhor maneira possível. Ninguém, incluindo o Nation Media Group, será capaz de fazer isso na perfeição. Mas é extremamente importante que todos nós tentemos.
Isto pode soar idealista, mas foi por essa razão que fundei o Nation há meio século. É também por isso que iniciámos recentemente um novo Instituto Superior de Média e Comunicação aqui em Nairobi, como parte da Universidade Aga Khan. E é por isso que quis estar aqui hoje... para participar noutro momento marcante para o Nation Media Group.
Como é costume fazermos em eventos importantes nas nossas vidas pessoais e institucionais, cabe-nos hoje pensar nos nossos sonhos do passado e nas nossas esperanças para o futuro. Os momentos marcantes são tempos de celebração mas também tempos de rededicação. Ao inaugurarmos esta nova gráfica, estamos também a rededicarmo-nos aos ideais que deram origem a esta empresa há quase seis décadas - e que a têm feito crescer desde então.
Estou profundamente feliz por fazer parte deste momento e por podê-lo partilhar com todos vocês.
Obrigado por estarem aqui e obrigado pela vossa atenção.