Por Sua Alteza o Aga Khan, New York, USA · 18 outubro 2017 · 4 Min
Bismillah-ir-Rahaman-ir-Rahim
Presidente da Assembleia-Geral Miroslav Lajčák,
Secretário-Geral António Guterres,
Secretária-Geral Adjunta Amina Mohammed,
Ex-Secretário-Geral Kofi Annan,
Os muitos Representantes Permanentes presentes,
Senhoras e Senhores
Muito obrigado ao Dr. Kofi Annan pelo seu generoso discurso de apresentação. Não existe nenhum pessoa viva hoje que tenha contribuído mais para a paz mundial do que o senhor, e o mundo inteiro deve agradecer-lhe.
É para mim um prazer partilhar esta magnífica noite com todos os presentes, e uma honra particular poder receber da Fundação das Nações Unidas o seu “Prémio Defensor da Mudança”. Devo também dizer que é uma experiência que me deixa muito humilde - especialmente quando olho para esta sala e vejo tantas pessoas que foram verdadeiros “Defensores da Mudança” em tantas áreas de atuação - incluindo os restantes homenageados desta noite. Sinto-me genuinamente honrado por estar na sua presença.
Eu conheci a Fundação das Nações Unidas através do nosso estimado amigo, Kofi Annan, que tem sido um dos nossos “principais educadores” na divulgação do bom trabalho realizado pela Fundação das Nações Unidas - da qual é um membro efetivo e extremamente dedicado do conselho de administração.
Eu também sou um entusiástico apoiante da Fundação das Nações Unidas por outro motivo. O que sempre me prendeu a atenção foi a proximidade existente entre a filosofia de desenvolvimento global da Fundação e a nossa. As palavras que saltam à vista nas declarações de missão de ambas incluem termos como “ligar” e “conectar…” não apenas com as próprias Nações Unidas, mas com uma série de outras organizações. Algumas são privadas, outras são governamentais e outras privadas mas sem fins lucrativos. Refiro-me a esta terceira categoria de instituições como “Sociedade Civil” - que designo basicamente como organizações privadas que são fundamentalmente dedicadas a objetivos públicos.
Durante muito tempo, o debate político em todo o mundo centrou-se nos méritos concorrentes da ação governamental e da iniciativa privada. A minha convicção, que foi aumentando ao longo dos anos, é que estas são falsas alternativas - e é essa a mensagem principal que gostaria de destacar esta noite neste pequeno discurso. A questão não é qual dos sectores pode ser mais eficaz no caminho rumo ao progresso - a questão central é quais as melhores formas para estes sectores se tornarem parceiros efetivos nesta demanda.
O conceito de parcerias público-privadas tem sido uma das chaves para o sucesso das iniciativas das nossas agências, em muitas áreas e em muitos países em todo o mundo ao longo dos últimos sessenta anos, desde que me tornei Imam da comunidade muçulmana ismaili. No entanto, a fórmula para uma parceria público-privada por si só revela-se incompleta - a não ser que lhe juntemos as palavras “Sociedade Civil”. As parcerias que irão transformar o mundo de forma mais acentuada serão aquelas em que todos os três componentes - instituições privadas, públicas e da sociedade civil se possam interligar num esforço comum abrangente.
Sempre que isso acontece, existem outros conceitos destacados pela Fundação das Nações Unidas que também ganham vida. Fiquei impressionado, por exemplo, pela terminologia inovadora que a Fundação usa para expressar os seus objetivos: como, por exemplo, estas três palavras dinâmicas: "Catalisar" - "efeitos" - e "multiplicadores". Pensem nisto.
A noção de “catalisar efeitos multiplicadores” reflete uma dinâmica semelhante àquilo a que me refiro como projetos “trampolim” do desenvolvimento. Estes projetos são um exemplo das melhores práticas de parcerias equilibradas entre governos, entidades privadas e sociedade civil, unidas por um pensamento inovador, estruturas inteligentes e linhas abertas de comunicação. É essencial a existência de objetivos e responsabilidades bem definidos, assim como uma adesão por parte do público-alvo.
Estes projetos têm o potencial para criar um impacto de longo alcance, que vai muito além dos resultados imediatos de curto prazo.
Este objetivo, para ser sincero, é muitas vezes mais fácil de debater do que pôr em prática. Mas um dos grandes modelos a nível global para a melhor forma de perseguir este objetivo foi precisamente o da Fundação das Nações Unidas.
Outra parte central da abordagem da nossa Rede Aga Khan para o Desenvolvimento é a que também partilhamos com a Fundação das Nações Unidas: uma preferência por aquilo a que chamamos “países de oportunidade”. A questão passa por fazer aquilo que pudermos para dar-lhes vida, através da criação e sustentação de um ambiente propício.
Para tudo isto, é obviamente fundamental um compromisso filosófico básico, o qual é expresso por uma outra palavra importante, e essa palavra é “pluralismo”. É um estado de espírito que tem em conta a diversidade, multiplicidade e a própria diferença - não como um fardo ou uma ameaça, mas como uma dádiva - uma Dádiva do divino - uma oportunidade para aprender e não um perigo a ser evitado.
Assim, é com todas estas ideias em mente que volto a afirmar como estou orgulhoso de estar aqui para aceitar este vosso prémio - reconhecendo a sua importância no reforço não apenas das “palavras” importantes, mas também dos conceitos úteis, e mesmo dos “valores centrais” que - todos nós - temos em comum.
Muito obrigado.